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O Mercosulino 21/05/2010 -www.camara.gov.br/representacaomercosul

21.05.2010 Jornal ‘Folha de S. Paulo" Caderno: Dinheiro A União Europeia cairá diante dos bárbaros? A zona do euro não pode se estabilizar sem uma estrutura sólida de solução de crises e a capacidade de enfrentar a moratória de um país-membro DANIEL GROS ESPECIAL PARA O PROJECT SYNDICATE A zona do euro está diante de uma crise fundamental, que ataques aos especuladores nada farão por resolver. O Conselho Europeu de ministros prometeu centenas de bilhões de euros aos países-membros que enfrentam perigos financeiros, ainda que a economia europeia como um todo não esteja realmente em crise. Pelo contrário: a maioria das pesquisas e indicadores econômicos mais sólidos aponta forte recuperação, e o país que enfrenta problemas de fato sérios, a Grécia, representa apenas 3% do PIB (Produto Interno Bruto) total da região. Mesmo assim, a crise impõe desafio quase fatal à União Europeia, porque envolve diretamente o principal princípio subjacente da governança europeia: a natureza do Estado. O caso da Grécia propõe uma questão simples, mas profunda: será possível permitir a quebra de um país-membro da UE? Uma das opiniões é a de que o Estado é sacrossanto: a UE precisa intervir e ajudar qualquer membro errante a recuperar o fôlego. Mas essa posição presume que todos os países-membros tenham aderido aos valores econômicos subjacentes da união: a prudência financeira e reformas pró-mercado. Problemas só poderiam surgir devido a choques inesperados, dificuldades políticas locais temporárias ou -o mais querido dos vilões- comportamento irracional de parte dos mercados. Exagero Aplicada à Grécia, essa visão indicaria que a crise fiscal do país resultou de reação exagerada dos mercados mundiais a dificuldades políticas locais (gastos excessivos pelo governo grego antes das eleições do país no ano passado). Além disso, indicaria que a crise está sob controle da Europa e que as autoridades do bloco elaboraram um plano que vai resolver todos os problemas fiscais e estruturais da Grécia. Daí o refrão oficial -ou ao menos meridional: "O plano da União Europeia e do FMI (Fundo Monetário Internacional) vai dar certo. O fracasso seria inadmissível". A opinião oposta é mais pragmática e leva em consideração as normas da união. Essa visão "setentrional" deriva da premissa de que os países-membros continuam a ser entidades soberanas e que é possível que um país-membro não venha a implementar um programa de ajuste necessário. A visão tem representação na cláusula do tratado do euro, que proíbe resgates e estipula que cada país é responsável isoladamente por sua dívida pública. Nesse caso, o fracasso passa a ser uma possibilidade, se o país tiver violado as normas básicas da moeda única. Os mercados não participam diretamente desse debate. Mas têm muito em jogo na situação. Qualquer detentor de títulos de dívida gregos precisa calcular a probabilidade de que o sistema político da Grécia seja forte para promover as reformas necessárias a manter em dia o serviço da dívida do país. A avaliação coletiva dos mercados sobre a política econômica e fiscal de qualquer governo se expressa no ágio por risco que aquele governo precisa pagar para colocar títulos de dívida. Dúvidas resultam em ágios mais altos, o que torna ainda mais difícil financiar um governo que já esteja enfrentando problemas financeiros. Erros de julgamento Os mercados muitas vezes erram nos julgamentos. Mas esses são um fato da vida; não há como eliminá-los por um ato de vontade ou regulamentação. Seria possível objetar que a distinção entre a posição meridional e a setentrional tem apenas interesse acadêmico, hoje, porque um fracasso é de fato inadmissível. Mas o Conselho Europeu de ministros também criou um grupo de trabalho, presidido por Hermann Van Rompuy, o presidente da União Europeia, a fim de elaborar propostas concretas de reforma da união monetária. A escolha essencial para esse grupo é simples: devem dirigir seus esforços só a impedir fracasso (o que incluiria apoio fiscal irrestrito) ou será necessário também tomar providências para a possibilidade de quebra de um país-membro, a fim de mitigar as consequências se isso ocorrer? A primeira escolha envolveria medidas complicadas cujo objetivo seria agir da mesma maneira, mas com mais vigor -um reforço do Pacto de Estabilidade e Crescimento, por exemplo, com cláusulas adicionais de vigilância e cooperação na política econômica. No entanto, essa abordagem não oferece resposta a uma questão fundamental: por que a estrutura básica não funciona? Enquanto os líderes da UE não forem capazes de responder a essa pergunta, os mercados continuarão a abrigar dúvidas sobre a estabilidade do euro em longo prazo. Estrutura sólida A zona do euro não pode se estabilizar em termos políticos e econômicos sem uma estrutura sólida de solução de crises e a capacidade de enfrentar a moratória de um país-membro. A posição de que não se deve permitir a quebra de um país-membro implica, logicamente, que será necessário sustentar o euro por meio de uma união política ou ao menos fiscal. É essa a escolha que os líderes europeus terão de encarar: um passo adiante radical rumo à integração política ou econômica ou uma estrutura clara para lidar com as consequências do fracasso de um país-membro no que tange a respeitar as regras fundamentais da união monetária. Não há dinheiro que permita aos líderes europeus fugir a essa escolha. DANIEL GROS é diretor do Centro de Estudos Políticos Europeus. Tradução de PAULO MIGLIACCI Jornal "Valor Econômico" Caderno: Brasil Brasil lucra pouco com consumismo argentino País perde liderança para chineses no segmento de eletrodomésticos importados pelo vizinho Daniel Rittner, de Buenos Aires Para fugir da inflação alta, que deve chegar a 25% neste ano e não encontra nenhuma aplicação financeira capaz de preservar o poder aquisitivo, a classe média argentina resolveu investir em bens duráveis. Mas os fabricantes brasileiros estão tirando pouco proveito da recente onda de consumo, que já fez as importações de eletrodomésticos crescer 27% no primeiro trimestre. O Brasil não só perdeu a liderança de mercado para os chineses, mas aumenta a venda de equipamentos como geladeiras, congeladores e lava-roupas em velocidade bem menor do que outros fornecedores, como os países asiáticos e o México. De janeiro a março, as importações de eletrodomésticos pela Argentina alcançaram US$ 129,8 milhões. Lideraram o crescimento, em relação a igual período de 2009, aparelhos de DVD (71%), lava-roupas (52%) e geladeiras (16%). Outros equipamentos, como televisores (-30%) e fogões (-17%), tiveram queda porque o país expandiu a produção local. A indústria brasileira está vendendo mais à Argentina do que em 2009, como era de se esperar. Na comparação anual, houve crescimento de 23,2%, segundo levantamento da consultoria Investigações Econômicas Setoriais (IES). Já a China aumentou em 32% suas exportações de eletrodomésticos à Argentina, concentradas em geladeiras e lava-roupas, e se distanciou como principal fornecedora do país. Um importador em Buenos Aires comentou que fabricantes chineses têm oferecido preços em dólar de 20% a 25% inferiores aos do Brasil, no caso das geladeiras. "Se o motor quebra em três anos ou menos, é outra coisa", afirmou. Nem toda a diferença, porém, pode ser atribuída ao câmbio, acredita Alejandro Ovando, diretor-geral da IES. Multinacionais com presença no Brasil e no México começaram a atender parte da demanda argentina por meio da filial mexicana, diz o economista. Isso fez as importações provenientes do México aumentarem 59% no primeiro trimestre de 2010 e consolidarem o país como terceiro maior fornecedor de eletrodomésticos da Argentina. Os asiáticos souberam aproveitar ainda melhor a recuperação do consumo local e têm dobrado, em média, suas vendas ao principal sócio do Brasil no Mercosul. Houve aumento de 345% das importações de eletrodomésticos das Filipinas, de 125% da Coreia do Sul e de 95% da Malásia. Isoladamente, são países que detêm fatia pouco inexpressiva do mercado argentino. Somados, eles já atendem cerca de 10% das importações, ajudando a roubar espaço da indústria brasileira. Esses países têm concentrado suas vendas em pequenos equipamentos, como DVDs, secadores de cabelo, liquidificadores e aspiradores de pó. "Por causa das travas à China, estão crescendo essas importações de outros fornecedores asiáticos, o que na verdade é uma triangulação de mercadorias chinesas para evitar as barreiras", suspeita o economista da consultoria. A produção local também cresceu (112%) na Argentina, que tenta substituir a importação de alguns produtos acabados, como televisores. Em abril, foram vendidos quase 90 mil aparelhos no mercado interno - praticamente o dobro do que se verificava em dezembro, em plena véspera de Natal. A Eletros, associação dos fabricantes brasileiros, não atendeu aos pedidos de entrevista do Valor. Exportador já busca alternativa à zona do euro Marta Watanabe, de São Paulo Enquanto embarcam para a União Europeia as mercadorias cujas compras foram fechadas há alguns meses, exportadores brasileiros já se preparam para uma possível queda de demanda da zona do euro no segundo semestre, em razão da crise no bloco. Para cumprir as metas de vendas ao exterior, as empresas tentam deslocar para outros destinos embarques antes planejados para países europeus. No ano passado, a Europa concentrou 40% das 842 feiras e eventos apoiados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Em 2010, o número de eventos deve subir para cerca de mil, mas a previsão é que a fatia da Europa vai cair para 22%. A diferença foi distribuída em outros países e blocos. Segundo o presidente da agência, Alessandro Teixeira, a tendência de reduzir o número de eventos na Europa já é um reflexo do receio em relação à demanda dos países da União Europeia. "Há uma preocupação e uma tentativa de migração de exportações para outros destinos, como África, Ásia e Estados Unidos. " Teixeira lembra que a União Europeia é grande consumidora de commodities agrícolas brasileiras, mas os países do euro também são importantes compradores de produtos manufaturados e semimanufaturados. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), esses segmento industrializados representaram no ano passado 51,5% das exportações brasileiras para o bloco. "São os fabricantes de manufaturados e semimanufaturados que têm mostrado maior preocupação com o impacto da crise nas vendas." A West Coast, da área de calçados, e a fabricante de cosméticos Cless, são exemplos de empresas que têm nos países europeus destinos importantes de seus embarques. Com estratégias diferentes, as duas já pensam em manter suas previsões iniciais de exportações, muito embora considerem provável a redução de compras pelos europeus. A expectativa é compensar com mercados como Oriente Médio e América Latina. Heitor Klein, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), setor que tem na Europa cerca de um terço do destino das exportações, diz que o efeito da crise "certamente" será sentido a partir de julho, quando começam os contratos da coleção primavera/verão. Para ele, a tarefa de migrar as exportações para outros locais não poderá ser feita de forma instantânea e será difícil, porque a Europa é consumidora de produtos de maior valor agregado. A expectativa geral, diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), é de que os países europeus terão uma recuperação mais lenta com a nova crise e, por isso, cada exportador procura mercados alternativos. "O problema é que os exportadores do mundo inteiro estão tentando fazer isso, tornando o mercado competitivo, o que pode causar redução de preços", diz. Para ele, a queda de demanda europeia deve começar a fazer diferença na balança com o bloco a partir de julho e agosto. Caderno: Finanças Reestruturação da dívida argentina tem baixa adesão Daniel Rittner, de Buenos Aires Ficou abaixo do esperado, por enquanto, a adesão de credores internacionais à reestruturação da dívida argentina que ainda está em situação de moratória. Decidiram aceitar a oferta, até agora, detentores de títulos que somam US$ 8,543 bilhões. Isso representa 45% dos US$ 18,7 bilhões dos títulos em moratória nas mãos de credores externos. O governo relacionou os problemas à crise grega e adiou a emissão de novos títulos, que marcariam o retorno da Argentina ao mercado internacional de crédito. A oferta, lançada no início do mês, vale até 7 de junho e prevê deságio de 66,3% sobre o valor de face dos papéis. No entanto, a proposta também envolve o pagamento dos juros não desembolsados pela Argentina desde a moratória de 2002 e um título com variação conforme o crescimento da economia do país. Com isso, o valor de mercado da proposta alcançava cerca de US$ 53 para cada US$ 100 de dívida em calote. A previsão do Ministério da Economia era de uma aceitação mínima de 60% dos credores. Os três bancos que assessoram o governo na operação - Citibank, Deutsche e Barclays - falavam em adesão maior, entre 70% e 75% do total. Na avaliação do governo, esse nível de adesão permitiria praticamente isolar os credores que ainda tentam reaver o valor integral de seus investimentos, em tribunais americanos. É o caso do NML Elliot e do EM, dois dos chamados fundos "abutres", que já conseguiram, diversas vezes, embargar ativos da Argentina e até contas do Banco Central nos Estados Unidos. Mas o percentual de adesão obtido até agora lança dúvidas sobre o sucesso da operação. O ministro da Economia, Amado Boudou, admitiu o efeito negativo da crise grega sobre a reestruturação. "Em um período de alta volatilidade, todas as operações de dívida se freiam", comentou Boudou. Mesmo assim, o ministro qualificou como "muito satisfatório" o grau de adesão obtido até o momento. Ainda é possível, tecnicamente, atingir a adesão de 60% - e mesmo superar 70% - prevista pelo governo. Mas os bancos davam como certo, a esta altura, que teria chegado a US$ 10 bilhões a aceitação no processo de reestruturação. A atenção agora se volta aos credores minoritários, com títulos que totalizam menos de US$ 50 mil - ou o equivalente em euros, pesos e ienes. São, principalmente, credores italianos, alemães e japoneses. O porta-voz dos minoritários italianos, Nicola Stock, recomendou que seus compatriotas não aceitem a proposta argentina. Paralelamente, Boudou deixou de lado, por enquanto, a emissão de US$ 1 bilhão em novos títulos. Esse lançamento marcaria a volta da Argentina ao mercado de crédito internacional. "Não é o momento, nem estão dadas as condições para emitir, porque hoje teríamos que pagar uma taxa de 10,75% e nós buscamos uma taxa menor de dois dígitos", afirmou. Ele negou, porém, a necessidade de captação para financiar os gastos públicos em 2010. "O governo não precisa desse dinheiro." Jornal "O Globo" Opinião Pé torto que dói CLAUDIO SALM Osenador Aloizio Mercadante tem compulsão a falar, sempre de forma afobada e aparentemente irrevogável, sobre o que não fez e o que não sabe, e este é o caso, entre outros, do Mercosul. Ao se precipitar em um artigo no GLOBO ("Tiro no pé", em 2/5) sobre esse tema, mostrou que tem pé torto e chutou para fora. Para começar, o senador petista não tem noção sobre a diferença entre uma Zona de Livre Comércio e uma União Aduaneira, o que resulta em grande confusão. Livre Comércio supõe a plena isenção de tarifas e taxas entre os países integrantes, além da eliminação de barreiras não alfandegárias e de subsídios que afetem o comércio entre eles. É um processo que toma tempo. No Nafta (Canadá, Estados Unidos e México) essa transição se estendeu do início dos anos 90 e ainda não está consolidada. O Mercado Comum Europeu, que começou a engatinhar depois da Segunda Guerra, pelo aço e pelo carvão, e tornou-se Comunidade Europeia nos anos 60, só virou União Europeia em 1992, em Maastricht, 30 anos depois. A União Aduaneira incorpora a Zona de Livre Comércio e vai mais longe: implica tarifa externa comum para todo o fluxo de comércio dos países-membros com terceiros países, bem como a impossibilidade de que um deles firme, isoladamente, acordos de livre comércio com países de fora do bloco. Acordos, só com a aval de todos. Uma União Aduaneira implica renúncia da soberania comercial de cada um dos seus integrantes. No caso do Mercosul, qualquer membro pode implodir um acordo que o Brasil deseje negociar com a Rússia, a Índia ou a China, por exemplo. Foi por inércia, mas também por causa disso, que durante os oito anos do governo Lula o Brasil assinou apenas um acordo de livre comércio, com Israel, ainda pendente de ratificação, e o fez no âmbito do Mercosul, enquanto no mundo foram firmados cem acordos dessa natureza. O comércio exterior brasileiro cresceu muito nos últimos anos, é verdade, mas até um vestibulando sabe, ao contrário de Mercadante, que esse crescimento não foi fruto de nenhuma política de comércio exterior, mas simplesmente da subida dos preços de nossas commodities e do crescimento da demanda internacional: no governo FH, entre 1994 e 2002, o preço médio das exportações caiu 12%, enquanto no governo petista, entre 2002 e 2008, aumentou 60%! Sem informações e conhecimento mínimos sobre o assunto, o senador Mercadante considerou que a tese de que o Mercosul deveria rever e flexibilizar o acordo em relação à União Aduaneira - para concentrar-se no livre comércio e fortalecer-se - equivaleria a extingui-lo! Ele nem mesmo sabe que o Brasil, 15 anos depois do Tratado, ainda não pode vender açúcar livremente para a Argentina; ignora que ainda não há livre comércio para automóveis; nunca ouviu falar nem sabe o que são as "perfurações" em matéria de Tarifa Externa Comum: trata-se de mudanças unilaterais de tarifas que ultrapassam o teto comum da TEC, como fez a Argentina durante sua última crise, nunca mais corrigiu, e continua fazendo. Aliás, a participação dos países do Mercosul no comércio brasileiro vem decaindo nos últimos anos, enquanto países como a China - apesar de tão distante - ou como o Chile (que acabou não ingressando no Mercosul por recusar a Tarifa Externa Comum) têm conosco um comércio mais dinâmico. O ponto máximo da erudição do senador dos "aloprados" é exibido quando ele faz, sem saber, sociologia do conhecimento: segundo ele, os que defendem a extinção (sic) do Mercosul são "conservadores". Mal sabe que, antes da criação do Mercosul, os primeiros a defender que suas primeiras etapas se desenvolvessem como Zona de Livre Comércio, além de José Serra, provinham de horizontes ideológicos opostos, como o embaixador Roberto Campos, ícone da direita, e Paulo Nogueira Batista, outro diplomata competente e, na sua época, mais à esquerda do que quase todo o Itamaraty. Já os governos Itamar Franco, FHC e Lula, aos quais não se pode acusar de serem mais conservadores do que Sarney e Collor, endossaram a União Aduaneira total. Esse fino raciocínio do senador atinge seu ponto mais sofisticado quando identifica, por trás da preferência pela Zona de Livre Comércio, um viés pela natimorta Alca. Como e por quê, ele não revela. E ignora, como nenhum economista sério deveria ignorar, que o primeiro artigo crítico sobre a Alca, abrangente e de corte acadêmico, foi publicado pelo então senador Serra na revista "Política Externa" (1997). Muito mais grave do que cometer um erro, o que é humano, é sem dúvida persistir nele, o que chega a ser desumano. Pé que nasce torto fica torto a vida inteira. E dói. CLAUDIO SALM é professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Jornais dos Países Membros do Mercosul Paraguay "ABC" Sección: Política Brasil defiende el ingreso Brasilia (ANSA). El senador brasileño Geraldo Mezquita Junior, vicepresidente de la Comisión de Relaciones Exteriores de la Cámara Alta, abogó por el ingreso de Venezuela al Mercosur, durante la sesión en que fue aprobada la designación del nuevo embajador en ese país. El congresista, del Partido Movimiento Democrático Brasileño (PMDB) e integrante d el bloque oficialista, dijo que la inclusión de Venezuela en el Mercosur lo "tornará más representativo". En diciembre pasado, y luego de dos años de debates, el Congreso respaldó el ingreso venezolano al Mercosur, que ya cuenta con el aval de Argentina y Uruguay, pero no tiene la aceptación de Paraguay. En ese sentido, el senador Eduardo Azeredo, titular de la Comisión de Exteriores, comentó que se reunió recientemente con congresistas paraguayos y aseguró que "no hay perspectivas de aprobación de Venezuela" en la legislatura de Asunción. Hace un mes, el senador Romero Jucá, del PMDB, y jefe de la bancada oficialista, declaró que tratará de persuadir a sus colegas paraguayos, gesto que le valió un agradecimiento del presidente Hugo Chávez. En tanto, senadores opositores manifestaron críticas al gobierno de Chávez. En ese orden, Arthur Virgilio, del Partido de la Socialdemocracia (PSDB), dijo que en Venezuela "no se respeta la libertad de prensa y se montan procesos por corrupción a los adversarios políticos del gobierno autoritario del coronel Chávez". Comparó a Venezuela con la "dictadura" que, según opinó, impera en Cuba. Sección: Economía Técnicos pisotean acuerdo Lugo-Lula La contrapropuesta del estamento técnico del equipo negociador brasileño sobre Itaipú, además de violar el Tratado, pisotea la Declaración Presidencial del 25 de julio de 2009, firmada en Asunción por los presidentes Fernando Lugo De acuerdo con el documento presidencial de referencia, los equipos de trabajo conformados con especialistas de la ANDE, Eletrobrás, Itaipú y de los ministerios de Relaciones Exteriores, en un plazo que tampoco fue respetado, debían canjear propuestas técnicas sobre: a).- La comercialización de la energía paraguaya de Itaipú en el mercado eléctrico del vecino país. b).- La contratación de la totalidad de la potencia instalada en la usina binacional (18 unidades productoras). c.- Comercialización de lo producido por otras fuentes de energía eléctrica de nuestro país en el Brasil. Hubo una propuesta de los técnicos paraguayos -guardada en nuestro país- y hoy, diez meses después, y no tres, como estipulaba la Declaración, sus pares brasileños remiten su contrapropuesta, que felizmente traspuso la vieja práctica stronista de la diplomacia entre cuatro paredes, en la que se comprueba que la política colonialista brasileña sigue inalterable. Debe aclararse empero que la misma aún no cumple los requisitos para que sea considerada como un documento oficial. Lo que realmente interesa al Brasil De los tres items puntualizados más arriba, debe admitirse, hasta el sentido común lo confirma, que el único que realmente importa e interesa a nuestros socios en Itaipú es el "b", o sea la contratación de la totalidad de la potencia instalada en la usina binacional (18 unidades productoras) y que los otros no pasan la categoría de la "fórmula diplomática", luego el espíritu de la Declaración Presidencial -el de la integración energética y la cooperación bilateral- , tiene para los negociadores y técnicos brasileños, pese a la firma de su presidente, el mismo valor. Violación del Tratado Las fórmulas "diplomáticas", no obstante, no resisten la prueba de fuego de la realidad. En efecto, basta que llegue el tiempo de las concreciones para que las máscaras se caigan. Avanzando incluso sobre los derechos que consagra el Tratado. Por ejemplo, el punto 1,4 (ver copia facsimilar) del documento técnico brasileño, se infiere que pretenden modificar el Tratado, documento que en su momento calificaron como una "maquinaria perfecta". El punto mencionado injerta una nueva exigencia, evidentemente dirigida al Paraguay, en este caso a la ANDE, al pretender que la empresa eléctrica estatal paraguaya aporte una garantía financiera por los contratos que firme con Itaipú. Desconocen o no les importa la crítica situación que atraviesa la estatal paraguaya y, por ende, todo el sistema eléctrico paraguayo, que hace mucho tiempo trastrabilla peligrosamente al borde del abismo del apagón. Luego, con esta propuesta, parece que quieren se le dé el tiro de gracia. Nos subestiman En el capítulo 2 de la contrapropuesta brasileña -Comercialización en el Brasil de la potencia contratada por la ANDE con la Itaipú y no utilizada para consumo en el Paraguay- nos encontramos con planteamientos que contornean la ofensa. Los puntos 2,1; 2.2; 2,3; 2,4 y, especialmente el 2,5 (ver copia 1) enmarcan o, mejor, meten en un verdadero brete la ilusión paraguaya de vender en el mercado brasileño nuestros excedentes energéticos. De la lectura de estos puntos se colige que la estatal paraguaya contratará con Itaipú su potencia, e "innovadoramente" debe entregarle una garantía financiera. Luego traspasará a Eletrobrás esa potencia y la energía asociada, así como sigue ocurriendo, incluso hoy. La historia no termina ahí, a continuación, el buque insignia del sector eléctrico brasileño le paga a la ANDE, a su vez ANDE paga a Itaipú y la posibilidad del lucro, que como copropietario de Itaipú le corresponde, queda en eso, en una simple posibilidad. Cronograma de utilización En los puntos comprendidos entre el 2,6 y 2,13 (copia 2), los técnicos brasileños reflotan la exigencia antiparaguaya del cronograma de utilización, previsto por cierto en el Anexo (de 20 años), atenuado en 1974 mediante la Nota Reversal Nº 1, que divide ese interminable plazo de dos períodos de 10 años, que nunca estuvieron vigentes. Si bien en este caso se habla del "quinto año" del lapso de contratación, debe la ANDE la decida luego de un cuidadoso examen de su capacidad. Recordemos que hoy el colapso castiga al sistema paraguayo porque sus "visionarios", por corruptos o miopes, no pudieron ver ni presentir la llegada de toda una división de tanques rusos, que es el colapso en el que hoy tambalea. Entre los puntos 2,14 y 2,18 (copia 3) los técnicos brasileños abordan otro asunto que también preocupa a nuestro país, el uso extraordinario del agua del embalse (deplecionamiento) en épocas de sequía, operativos que hasta ahora solo beneficiaron al Brasil, a pesar de que esas aguas pertenecen en condominio a ambos países. Uruguay "El Pais’ Sección: Economia Los arroceros de Mercosur piden más arancel externo. Acordaron en Rivera pedir que se eleve de 12% a 30%. Las principales gremiales arroceras del Mercosur concretaron esta semana un acuerdo para solicitar a sus respectivos gobiernos elevar el Arancel Externo Común (AEC) del bloque de 12% a 30% para el arroz que ingrese de fuera de la región, confirmó a El País el presidente de la Asociación de Cultivadores de Arroz (ACA) de Uruguay, Ernesto Stirling. El titular de la ACA dijo que el acuerdo se concretó el pasado martes en una reunión celebrada en Rivera entre las principales gremiales de Uruguay, Brasil, Argentina y Paraguay. La decisión fue la de trasladar este pedido a los respectivos gobiernos a través de los mecanismos pertinentes en cada caso. Stirling dijo que la ACA ya está en proceso de informar de la decisión a los ministerios de Economía, Ganadería y Relaciones Exteriores. Esta decisión adoptada en Rivera culmina un proceso de varias semanas de consultas entre las diferentes gremiales en procura de buscar un mecanismo de defensa para el ingreso de arroz subsidiado desde fuera del bloque. Sin embargo, y según recoge el diario brasileño Zero Hora, a nivel de la industria brasileña la medida no es vista con buenos ojos. El presidente del sindicato de la Industria del Arroz de Rio Grande Do Sul, Elio Coradini, consideró en declaraciones reproducidas por el periódico gaúcho, que la intención de las organizaciones de productores es un "retroceso". Coradini recordó que, a la vez que se adopte una medida de esta naturaleza, Brasil debe seguir intentando abrir nuevos mercados, pero puede enfrentarse a respuestas negativas ante la interpretación de esta decisión como una medida proteccionista. Stirling, por su parte, dijo que la postura de la industria brasileña es lógica ya que la medida solicitada por los productores afectaría las posibilidades de la industria de importar la materia prima de fuera del bloque, en función de sus necesidades y de la coyuntura de mercado. En esta campaña, Brasil será deficitario para abastecer sus necesidades internas del grano, por lo que los arroceros uruguayos esperan un fluido comercio con el socio del norte.

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