10.09.2010
Jornal "Folha de S. Paulo"
Caderno: Mundo
Brasil banca obras energéticas em países vizinhos
Integração em infraestrutura é parte da estratégia do governo, que vê risco de isso ser visto como "intrusão"
Países como Venezuela, Argentina e Paraguai têm apresentado deficit quanto ao fornecimento pleno de eletricidade
SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA
O Brasil vai bancar nos próximos anos projetos de segurança e integração energética de países vizinhos, seguindo a tônica do governo Lula de que não é bom se desenvolver estando rodeado de problemas estruturais.
Alguns, como a Venezuela, Argentina e Paraguai enfrentam problemas sérios de geração de eletricidade.
Estão em pauta questões gerais de integração, empreendimentos bilaterais e a intenção de fortalecer a prática de fornecimento momentâneo de energia, a energia interruptível -comum com Argentina e Uruguai.
Para o governo, a integração energética é mais que natural e o Brasil, como uma potência regional, não pode perder a chance de conduzir esse processo.
Do ponto de vista político, há o cuidado para que o Brasil não seja interpretado como um intruso nas questões internas de seus vizinhos.
Entre os projetos bilaterais em análise o mais estratégico é a construção das hidrelétricas de Garabi e Panambi, fronteira com a Argentina.
O inventário do rio Uruguai foi concluído em julho, e os dois países já têm o embrião da empresa que construirá o empreendimento.
O projeto é da década de 80, mas há orientação do governo Lula de tocar com rapidez. A energia gerada será dividida pela metade entre os dois países.
"O governo se deu conta de que ali há um potencial que não pode ser mais desprezado", afirmou o diretor do Departamento de Energia do Itamaraty, André Corrêa do Lago.
Com o Peru, foi firmado um acordo que prevê a construção de hidrelétricas, com um total de até 6.000 MW de potência instalada.
MODELO CONFIÁVEL
O Brasil pretendia financiar essas obras para comprar 80% da produção, fatia que está sendo revista.
"Imagine se o Brasil fosse menor e estivesse construindo uma hidrelétrica para mandar energia a um vizinho, enquanto precisa dela", justifica o diplomata.
O governo estuda também exportar o modelo tido como "confiável" do setor, com leilões de energia e contratos de 30 anos, para seus vizinhos.
Peru, Bolívia e Uruguai mostraram interesse em incorporar o esquema energético brasileiro.
Um desses interessados, o Uruguai, receberá vários agrados do Brasil. Há o intuito de construir uma térmica a carvão em Candiota (RS) para fornecimento exclusivo ao país. O vizinho também deve receber um parque eólico.
O Brasil pensa em estender a influência para Bolívia, com construção de hidrelétricas, e Venezuela, que seria contemplada com linhas vindas de Boa Vista (RR).
Jornal do Brasil
Sociedade Aberta
Argentina repete os piores hábitos da Venezuela
O Ocidente se choca com as penas de apedrejamento no Irã e se irrita com as provocações de um inconsequente pastor americano ao islamismo. Mas isso só é possível nos países em que há uma imprensa livre para difundir essas tristes informações. A Venezuela de Hugo Chávez já foi tema deste Editorial pela truculência contra os meios de comunicação que não abaixam a cabeça às fanfarronices oficiais.
Também há algum tempo a Argentina de Cristina Kirchner revive o odor dos tempos da repressão militar a cada passo do governo no sentido de destruir ou domesticar os jornais Clarín e La nación. Agora, a presidente volta a atropelar a Justiça ao regulamentar dispositivos da Lei dos Meios de Comunicação, apesar de a mesma estar sub judice. São justamente os que mais diretamente se ligam à obrigatoriedade de o Clarín desfazer-se de canais de televisão, em nome da democratização do jornalismo.
A intenção de Cristina é tão clara que nem dá para acusá-la de querer enganar alguém e, nesse caso, surpreende como pode ela ainda ter apoio de qualquer setor que seja da valorosa sociedade argentina. Com a nova lei em vigor, estima-se que as empresas que hoje possuem canais de TV percam entre 50% e 60% de suas receitas com publicidade. Ou seja, inviabilizaria a manutenção da empresa, a menos que ela recorresse à torneira do governo e, com isso, parasse de tornar públicos os desmandos oficiais.
O que se espera é que a Justiça argentina seja firme como foi ao impedir a intervenção sombria do governo na empresa Papel Prensa, controlada pelos dois jornais argentinos. Assim como a população, que ainda lembra tristemente como é viver em silêncio.
Mas também não seria nada demais que outros governos, especialmente os vizinhos, manifestassem seu repúdio se é que ele existe à truculência da presidente, que se insurgissem contra quem pretende calar o jornalismo, ou torná-lo subserviente aos interesses dos que têm o poder nas mãos de ferro. Com a palavra, depois dos pitacos que deu na política de Cuba, Honduras e Irã, o presidente Lula.
Jornal "Valor Econômico"
Opinião
As rachaduras no G-20
Ante os desafios globais, a única resposta possível tem de ser mundial.
Javier Solana
A crise financeira mundial tem servido de catalisador rápido e eficiente para o G-20. As três primeiras cúpulas do G-20 reunindo chefes de Estado em Washington, Londres e Pittsburgh serão lembradas por terem feito avançar o multilateralismo e ações coordenadas em nível mundial. Mas o G-20 continua a ser muito mais uma obra em progresso - e uma iniciativa que precisa trabalhar muito para ter sucesso, conforme demonstrado em sua cúpula em Toronto.
O encontro em Washington, em 2008, foi o primeiro em que os chefes de Estado dos países membros reuniram-se desde a criação do grupo em 1997. O G-8 já não era um veículo adequado à governança econômica mundial, dada a necessidade de estabilizar os mercados financeiros em todo o mundo. As vozes de países como a China, Índia e Brasil tiveram que ser ouvidas, para que uma resposta coordenada à crise pudesse ser encontrada. Com o agravamento da crise financeira, a cúpula de Londres em 2009 concordou com um estímulo fiscal e monetário sem precedentes e apoiou um referencial regulamentar e de supervisão mais forte e mais coerente em nível mundial. Em vista do êxito do G-20, a cúpula de Pittsburgh considerou-o como principal fórum de cooperação econômica internacional.
Esse reconhecimento aumentou as expectativas em relação ao G-20 e atribuiu-lhe o prestígio que merecia: é o único fórum onde as potências mundiais e os países emergentes sentam-se em torno de uma mesma mesa como iguais. A premissa é clara: a crise tornou evidente que a interdependência entre os países é inevitável. Diante dos desafios no mundo de hoje, a única resposta possível tem de ser mundial. Não há alternativa possível. Mas a imprecisão dos acordos alcançados na Cúpula de Toronto em junho deixou os líderes políticos com um gosto amargo na boca.
Duas lacunas claramente definidas destacam-se como causas de discórdia. A primeira é a divergência transatlântica sobre o melhor modo de assegurar um retorno a sólido crescimento. Os EUA continuam favoráveis a estímulo econômico, enquanto a União Europeia prefere consolidação orçamentária. A outra fonte de dissensão é a falta de acordo sobre um imposto para o setor bancário. Os EUA, a UE e o Japão são a favor, ao passo que os países emergentes, assim como o Canadá e a Austrália, se opõem.
Embora tenha sido alcançado um acordo (2013 foi definido como o ano quando os déficits orçamentários terão sido reduzidos à metade; e 2016 para estabilização da dívida soberana), o consenso não está indo na direção certa. Não é uma questão de estímulo versus déficit. Ambos são necessários. Mesmo respeitando as particularidades de cada contexto, existe ainda terreno comum suficiente para maior precisão nos acordos. O mesmo pode ser dito sobre a questão da transparência, prestação de contas e regulamentação do imposto bancário. Sei muito bem que essa não é uma tarefa fácil, mas é essencial para os líderes mundiais - e não para os mercados - liderarem o esforço por reformas.
Além disso, há um costume que tem se repetido e que precisa ser mudado. Obviamente, realizar uma cúpula do G-8 antes de uma cúpula do G-20, como aconteceu no Canadá em junho deste ano, serve apenas para prolongar a manutenção de clubes distintos, o que é insustentável. O papel do G-20 deveria crescer ainda mais em importância, devido à participação dos países emergentes no PIB mundial - cujas projeções apontam para 60% em 2030 - e para a natureza mundial dos desafios do século XXI. Se quisermos progredir no enfrentamento dos problemas de governança mundial, teremos de trabalhar juntos para superar essa crise econômica e outras questões essenciais, como a não proliferação nuclear.
O problema é que apesar da evidente necessidade de multilateralismo há um risco de recaída no bilateralismo, devido à falta de liderança mundial. A atenção do presidente americano Barack Obama está centrada em questões de grande importância, como o Oriente Médio, sua nova estratégia para o Afeganistão e a cambaleante economia americana. O mesmo vale para a UE, onde a atenção - e as ações - têm-se concentrado, nos últimos meses, na defesa do euro e na resolução das dificuldades econômicas na periferia da União Europeia.
Por seu turno, as potências emergentes continuam inclinadas para o bilateralismo e a alinhar-se com outros países. A inexistência de acordo em torno da resolução do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã também não contribui para coordenação e cooperação no âmbito do G-20.
As cúpulas devem ser bem preparados e constituir um fórum de debate para as grandes questões mundiais atuais. Propostas concretas coerentes e bem definidas produziriam resultados mais aceitáveis para todos. Mas tão importante como a tomada de decisões é explicá-las bem. A cúpula do G-20 não é algo que acontece todos os dias. É um evento mundial. Especialmente em um momento de crise que tem causado tanto sofrimento, as decisões do G-20 devem ser explicadas ao público de forma clara e sem cacofonia. A angústia das pessoas exige esse esforço, e ele esteve ausente em Toronto.
O mundo permanece em uma fase de transição muito delicada, e ainda não está claro para qual direção o G-20 se inclinará. O principal desafio agora é continuar utilizando "a geometria dos 20" para construir instrumentos de governança mundial. Embora a tempestade econômica tenha ficado menos intensa, ainda não amainou. Por isso, ainda há muito a fazer. Estando os países a caminho do crescimento em diferentes velocidades, a estratégia mundial precisa continuar sendo uma prioridade.
O grau de interdependência dos países está crescendo e a natureza mundial dos nossos problemas é intrínseca. No âmbito do multilateralismo, os países devem fazer um esforço para amenizar as suas diferenças e aprofundar seus relacionamentos: temos de vencer a inércia que nos faz tender para velhas maneiras de pensar - e para velhas alianças.
Javier Solana ex-alto representante para Política Externa e de Segurança da União Europeia, e ex-secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), é presidente do ESADE Center for Global Economy and Geopolitics.
Caderno: Brasil
Ministros do Brasil e da Argentina não chegam a um acordo sobre autopeças
Sergio Leo | De Brasília
Decididos a aumentar a integração de suas indústrias e estimular a instalação de fábricas de autopeças nos dois países, os governos do Brasil e da Argentina não chegaram, ainda, a um acordo sobre como atingir esses objetivos. Em visita a Brasília, para um seminário sobre integração produtiva entre Brasil e Argentina, a ministra da Indústria argentina, Débora Giorgi, manteve, em reuniões fechadas, sua confiança em medidas fortes, como licenças não automáticas de importação, para levar as montadoras a optarem por peças fabricadas nos países do Mercosul. O governo brasileiro rejeita a ideia.
"Existem várias possibilidades: podemos incentivar a criação de joint ventures , trazer empresas para cá ou levarmos as nossas para lá", comentou o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Ele defendeu ênfase nas medidas de incentivo como a recém-anunciada linha de financiamento de US$ 200 milhões a ser criada pelo BNDES, Banco do Brasil e Banco de la Nación argentino, para atrair investimentos na fabricação de autopeças nos dois países.
O ministro brasileiro informou que Brasil e Argentina discutem uma lista de exceções que manterá tarifas reduzidas na importação de peças de automóveis em que a escala de produção torna inviável sua fabricação no Mercosul. "Podemos fabricar um Rolls Royce no Brasil, mas a um custo absurdo que, na prática, faria impossível fabricar esse carro", exemplificou.
Os fabricantes de automóveis e autopeças ainda discutem com o governo como adaptar a medida que eliminou o redutor antes aplicado na tarifa de importação de autopeças. A tarifa, de 35%, era reduzida em 40% até este ano, quando entrou em vigor a decisão do governo brasileiro, que elevará gradualmente o tributo até eliminar o redutor, no ano que vem.
Peças como bobinas e limpadores de para-brisas terão tarifa integral, avisou o ministro. A criação de medidas para aumentar o conteúdo local na produção de automóveis no Mercosul foi um dos principais temas abordados por Débora nas conversas mantidas ontem com autoridades brasileiras, que, no entanto, rejeitaram medidas de imposição de barreiras não tarifárias ou imposição de novas regras sobre as montadoras.
O clima das conversas, que incluíram um jantar das duas equipes, na noite de quarta-feira, foi cordial, porém. Ontem, os dois ministros fizeram questão de comemorar, em entrevista à imprensa, o aumento recorde de comércio entre Brasil e Argentina, puxado principalmente pelo setor automotivo. A soma de importações e exportações entre os dois países deverá superar o nível alcançado em 2008 e chegar a US$ 33 bilhões ou US$ 34 bilhões neste ano, anunciaram. O total já ultrapassou US$ 20 bilhões até julho.
O esforço de integração das indústrias nos dois países não se limita ao setor de automóveis, segundo relatou ontem o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Reginaldo Arcuri. O governo já começou a identificar empresas no programa de incentivo a fornecedores para as cadeias de petróleo e gás, que receberá recursos de US$ 3,7 milhões, na maior parte de um fundo comum do Mercosul. O programa de incentivo à integração na indústria automotiva tem previstos US$ 3,9 milhões, para identificação de problemas e projetos de capacitação de empresas.
Caderno: Agronegócios
IFC faz acordo "verde" na Argentina
De São Paulo
A CompartilharImprimirEnviar por e-mail O International Finance Corporation (IFC), o braço para investimento no setor privado do Banco Mundial, anunciou ontem o primeiro acordo com o Banco de Galicia y Buenos Aires com a finalidade de diminuir o impacto ambiental do setor agrícola da Argentina. O "empréstimo verde", que totaliza US$ 40 milhões, será destinado a produtores e empresas de médio porte.
De acordo com o comunicado divulgado ontem, o investimento será dividido em uma linha de cinco anos do próprio IFC, no valor de US$ 20 milhões, para projetos sustentáveis que melhorem a eficiência no uso de recursos limitados como água e energia, e em outra linha de crédito de três anos, de US$ 20 milhões, que o IFC desembolsará como garantidor dos montantes previstos pelo Fundo de Desenvolvimento Internacional da Opep (Ofid, na sigla em inglês). Essa operação é a primeira da segunda fase do Programa de Liquidez para o Comércio Mundial do IFC, do qual o Ofid é importante contribuinte.
"Este novo investimento contribuirá para consolidar nossa posição de liderança no sistema financeiro argentino, sobretudo no setor agrícola - um motor essencial ao crescimento econômico e à criação de emprego na Argentina", disse Daniel Llambías, gerente-geral do Banco Galicia.
Segundo Salem Rohana, gerente do IFC na Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, a instituição "tem interesse em aumentar o seu apoio ao Banco Galicia através deste novo veículo no momento em que o banco intensifica os seus esforços para prestar serviços a setores econômicos-chaves que têm acesso limitado ao financiamento". Ele, lembra que, além de gerar benefícios ambientais, "este investimento inovador aumentará a disponibilidade de financiamento a médio e longo prazo para os produtores locais e as empresas da agroindústria da Argentina".
O Programa de Liquidez para o Comércio Mundial do IFC teve início em 2009 como resposta à crise financeira mundial e se tem como principal alvo as associações público-privadas e o aumento do crédito destinado ao comércio. Segundo o IFC, o programa viabilizou o financiamento de um volume comercial de mais de US$ 6 bilhões através de quatro mil empresas de 40 países.
Mais no www.ifc.org
Jornal dos Países Membros do Mercosul
Uruguay "El Pais"
Sección: Política Nacional
Veterinaria recibe aval del Mercosur.
La carrera fue evaluada por Chile, Argentina y Brasil
La carrera de Doctor en Ciencias Veterinarias (Plan 1998) de la Facultad de Veterinaria de la Universidad de la República acaba de completar el proceso de Acreditación Regional de Carreras Universitarias del Mercosur. La carrera agronómica -la otra componente del área Ciencias Agrarias-, concluyó este procedimiento por segunda vez en noviembre de 2009.
En lo previo, la Facultad de Veterinaria participó en la autoevaluación institucional promovida por la Universidad de la República entre los años 2005 y 2006, recibiendo la visita y el juicio de evaluadores externos que valoraron el desarrollo de sus funciones prioritarias.
La visita del Comité de Pares Evaluadores tuvo lugar entre los días 26 y 28 de mayo de este año. Participaron técnicos de la Universidad Nacional de Rosario, Argentina; Universidad de Concepción, Chile); y Universidad Nacional de Vicosa, Brasil. El 13 de agosto la Comisión ad hoc de Acreditación resolvió avalar la carrera de Veterinaria.
La acreditación deja paso a la etapa de cumplimiento de planes de mejora de la calidad, tanto del proyecto académico, como de los factores relacionados con la gestión.
Jornal “Folha de São Paulo” Caderno: Mundo Crise reduz fluxo de imigrantes ilegais para EUA Entrada de indocumentados caiu quase dois terços em 2007-2009 em comparação ao período entre 2000-2005 É a primeira inversão no crescimento da população ilegal nos EUA em duas décadas, aponta instituto Pew A crise econômica que estourou nos EUA em 2008 teve como consequência uma redução na entrada de imigrantes ilegais no país. Segundo estudo do Pew Hispanic Center, braço do renomado Pew Research Center, o fluxo anual de indocumentados foi quase dois terços menor de março de 2007 a março de 2009, na comparação com a primeira metade da década. O declínio contribuiu para a queda total da população de ilegais vivendo nos EUA -8% menos em 2009, em relação a 2007. "Essa diminuição representa a primeira inversão significativa no crescimento dessa população nas últimas duas décadas", afirma o estudo, baseado em dados do governo americano. Além da crise, da qual o país ainda não se recuperou,
Comentários
Postar um comentário