Jornal “Valor Econômico”
Opinião
A longa disputa comercial do algodão na OMC
Nos sete anos do processo na OMC, os EUA não revisaram os incentivos concedidos ao algodão
Por Miguel Jorge
Hoje, disputas comerciais são fatos frequentes. A Organização Mundial do Comércio (OMC) registra 405 contenciosos nos seus 15 anos de existência, dos quais mais da metade teve como demandante ou demandado os países desenvolvidos. Os EUA recorreram 94 vezes ao Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) da OMC e foram questionados por outros países em outros 109 casos. A União Europeia pediu a abertura de 81 procedimentos e foi demandada em 67. O Brasil, questionado em 14 casos, recorreu 24 vezes ao OSC e sempre cumpriu com as determinações do órgão.
A maior parte das disputas comerciais se resolve antes de chegar às etapas da retaliação, se o país condenado por práticas ilegais fizer os ajustes necessários em sua legislação sem que a parte recorrente precise retaliar.
A retaliação é o último recurso para resolver controvérsias de cumprimento das regras multilaterais a que os países membros se obrigaram. Ao longo do processo - que comporta seis etapas de análise distintas antes da autorização de medidas de retaliação - há diversas oportunidades para que o país demandado reveja as práticas questionadas ou para que se construa solução mutuamente satisfatória entre os litigantes.
Exatamente por essa ampla oportunidade de se evitar retaliação comercial, ela é rara e muitos contenciosos se encerram ainda na fase de consultas ou ao longo do procedimento. Por isso, em apenas oito casos a OMC autorizou retaliações, e dessas, apenas quatro foram efetivamente aplicadas.
O Brasil pode se tornar o quinto país membro da OMC a retaliar um parceiro comercial, os Estados Unidos, condenados pelo órgão multilateral pelos subsídios dados a seus produtores de algodão e pela distorção que estes causam ao comércio.
A autorização para que o Brasil adote contramedidas resulta de longo processo, iniciado em setembro de 2002. Ressalte-se que a decisão final que considerou ilegais esses subsídios é de 2005. Houve painéis de implementação, painéis de apelação e recursos de arbitragem. O procedimento de arbitragem foi concluído e o Brasil foi formalmente autorizado a aplicar contramedidas aos EUA, em 19 de novembro de 2009.
Esse procedimento de mais de sete anos resultou na condenação dos EUA em todas as etapas. Durante esse período, não houve revisão satisfatória dos incentivos condenados da Lei Agrícola norte-americana .
Assim, no procedimento de arbitragem, definiu-se fórmula para calcular o total de retaliação anual a que o Brasil tem direito, a qual aplicada para o ano-base de 2008 resultou em US$ 829 milhões. Para aplicar a retaliação, os árbitros reconheceram que as circunstâncias são suficientemente sérias para justificar contramedidas em outras áreas, além da retaliação em bens.
Autorizaram a "retaliação cruzada" (em propriedade intelectual e serviços), desde que o Brasil ultrapassasse determinado valor (gatilho) na retaliação em bens, calculado em US$ 561 milhões. O valor da retaliação cruzada é, portanto, de US$ 268 milhões.
A retaliação é a última das opções consideradas pelo governo brasileiro para resolver o atual contencioso, pois seu primeiro objetivo é o de que os EUA retirem os incentivos conferidos aos seus produtores de algodão, pois causam prejuízos aos produtores brasileiros.
Esses subsídios ilegais deprimem os preços do produto no mercado internacional e causam enormes danos aos demais países produtores de algodão, a exemplo das economias de menor desenvolvimento da África.
A disposição do governo brasileiro para negociar e a busca de um acordo que também possa beneficiar outros países de menor desenvolvimento têm sido reiteradamente manifestada ao longo do processo.
Mas, sem um movimento dos EUA para atender às determinações da OMC, o governo brasileiro deliberou por iniciar o processo de retaliação. Buscando atuar em sintonia com os interesses do setor produtivo brasileiro, para reduzir eventuais impactos negativos do processo sobre o mercado doméstico, foram realizadas consultas públicas sobre lista de mercadorias norte-americanas sujeitas à aplicação de medidas. Com isso, se chegou a 102 mercadorias, divulgadas pela Resolução Camex nº 15, de 5 de março, que terão suas alíquotas do imposto de importação majoradas a partir de 7 de abril.
Também se editou a Medida Provisória nº 482, de 10 de fevereiro, que orientará a aplicação de contramedidas em propriedade intelectual, e publicou-se a Resolução Camex nº 16, de 12 de março, que iniciou procedimento de consulta pública para colher manifestações dos interessados sobre a lista de possíveis medidas de suspensão de concessões ou outras obrigações relativas aos direitos de propriedade intelectual a serem aplicadas pelo Brasil
O contencioso entre os dois países sobre os subsídios ao algodão é emblemático e, por isso, tem sido acompanhado com atenção pelos membros da OMC. Essa disputa comercial não é importante somente em termos de valor (é o segundo maior montante de retaliação já reconhecido), mas também porque o procedimento de retaliação cruzada autorizado pelo OSC pode inaugurar o uso desse tipo de medida e tornar-se importante precedente para levar ao cumprimento das normas de comércio pelos países membros da OMC.
Mais que tudo, o desfecho desse caso é importante porque revigora as decisões da OMC pelo fortalecimento institucional das disciplinas multilaterais de comércio entre seus 153 países membros.
Miguel Jorge é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Caderno: Brasil
Uruguai e Brasil nos limites do Mercosul
Sergio Leo
Um dos conflitos mais graves entre os sócios do Mercosul acabou discretamente neste ano, sem participação visível do Brasil, e será um trunfo importante na visita que o recém-eleito presidente uruguaio, José Mujica, inicia oficialmente hoje, em território brasileiro. O conflito foi efeito colateral da chamada briga das "papeleiras" - devida à instalação de fábricas de celulose no Uruguai, próximas à fronteira da Argentina, onde ecologistas bloqueram pontes, acusando as indústrias de poluidoras. Além do bloqueio de ponte, a Argentina vinha brecando a liberação de verbas reivindicadas pelo Uruguai.
Em represália pelas papeleiras, a Argentina havia escolhido como alvo justamente um dos poucos avanços registrados no Mercosul nos últimos anos, o Focem, fundo de "convergência estrutural", destinado a reduzir as assimetrias do bloco. Sem explicação, o governo argentino vetou a liberação de repasses do Focem ao Uruguai - que havia optado por concentrar o equivalente a três anos de verbas a que tinha direito, cerca de US$ 83 milhões, na construção de uma linha de transmissão entre a fronteira com o Brasil (de onde parte uma linha para a usina de Candiota no Rio Grande do Sul) até próximo a Montevidéu.
A eleição do novo presidente levou o governo de Cristina Kirchner a lançar um gesto de boa vontade e retirar os obstáculos no Focem ao Uruguai. A confirmação da sonhada interconexão elétrica (com obras já autorizadas do lado brasileiro) será um dos pontos altos da visita de Mujica, que também anunciará com Lula projetos de conexão ferroviária entre os dois países. Ambos falarão de comércio, mas tentarão manter o tema longe das atenções, porque a agenda, nesse caso, é negativa: o Uruguai se recusa a abrir o mercado ao frango fresco brasileiro e, em represália, o Ministério da Agricultura brasileiro vem dificultando as vendas de leite, carne, pescados e animais vivos.
"Vamos estar, no Brasil, lutando pelo frango de Canelones", adiantou Mujica na sexta-feira, no Uruguai, mencionando a região onde se concentram os produtores uruguaios temerosos da concorrência brasileira.
A encrenca com os argentinos e essa tentativa de equilíbrio uruguaio entre o protecionismo e o impulso à integração física é um bom resumo dos impasses que paralisaram o Mercosul nos últimos anos, e que põem a utilidade do bloco em questão em momentos como o atual, quando volta à mesa a negociação entre o bloco e a União Europeia para um acordo de livre comércio. Os europeus já enfatizaram, no passado, a importância de um acordo interregional, entre dois blocos. Hoje, diplomatas do continente confessam reservadamente que prefeririam negociar exclusivamente com o Brasil, de mercado mais promissor e governo mais previsível.
Em resposta aos ataques ao Mercosul, o governo costuma lembrar a vantagem brasileira, com sucessivos superávits nas relações comerciais com os sócios. Essa "vantagem" é apontada como, na verdade, uma das deficiências do Mercosul, em um recém-concluído estudo do Ipea, "Integrando desiguais: assimetrias estruturais e políticas de integração no Mercosul", de André de Mello e Souza, Ivan Tiago Machado Oliveira e Samo Sérgio Gonçalves. Era de se esperar que, como maior economia, o Brasil funcionasse como dínamo comercial, absorvendo produtos dos parceiros e estimulando a produção local, mas são os sócios que compram, em maior quantidade do que vendem, os produtos brasileiros, notam os técnicos do Ipea.
Como fizeram em reunião na semana passada com autoridades argentinas, os brasileiros irão conversar com os uruguaios sobre possíveis projetos de "integração produtiva", destinados a permitir maior ligação entre os parque industriais do Brasil e dos vizinhos. Esse projeto é sabotado pelas dificuldades para lidar com as chamadas "assimetrias" dentro do bloco, desde as diferenças de políticas macroeconômicas às condições de trânsito de mercadorias.
Como apontam os autores do estudo do Ipea - encontrado na página de internet do instituto sob o nome de "texto para discussão 1477" - o problema de assimetrias entre as economias no Mercosul é mais complexo do que parece pelo discurso oficial. Afinal, também há fortes assimetrias dentro dos próprios países. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Maranhão e do Piauí é inferior ao do Paraguai, e o Uruguai tem um PIB per capita superior a 23 das 27 unidades federativas do Brasil (só é superado por São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal).
No Mercosul, o Índice de Desenvolvimento Humano uruguaio é menor apenas que o do Distrito Federal brasileiro. Essas diferenças levam os autores a sugerir mudanças no Focem, para permitir seu uso por empresas privadas (aumentando a eficiência na destinação de recursos) e aumentar a aplicação em áreas de baixo desenvolvimento no Brasil, ampliando geograficamente o alcance dos programas do Mercosul.
O Brasil é, porém, o principal beneficiário da integração comercial proporcionada pelo Mercosul. O bloco "tem produzido maior concentração econômica", acusa o Ipea, e os ganhos para Uruguai e Paraguai são "pequenos ou inexistentes", embora seja grande sua dependência em relação aos sócios maiores. Os sócios do bloco já foram responsáveis pela absorção de 50% das exportações uruguaias no início dos anos 2000, e hoje absorvem 30%. O Paraguai depende do Mercosul para 50% das exportações.
No caso do Uruguai, o país reverteu, nos últimos meses, o resultado comercial, e acumulou superávits nas transações com o Brasil, graças às exportações de trigo, autopeças, leite e outros produtos de peso no comércio bilateral. A visita de Mujica, com uma agenda de investimentos, é uma tentativa de sair desse terreno oscilante das relações comerciais e avançar na integração real entre os mercados. Os temores e barreiras ainda existentes no comércio, porém, não estimulam otimismo para os que ainda acreditam no progresso do Mercosul.
Sergio Leo é repórter especial em Brasília e escreve às segundas-feiras - E-mail: sergio.leo@valor.com.br
Demandas dos EUA inviabilizam negociação de Doha
Assis Moreira, de Genebra
Depois de encontro bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, em Genebra, na semana passada, o sentimento que ficou entre negociadores foi de que não dá para fechar a Rodada Doha nem em 2012, 2013 ou mesmo 2020.
É que Washington cobra abertura tão "indiscriminada e profunda" de setores sensíveis da economia brasileira, como químicos e eletrônicos, que implicaria um choque de liberalização da noite para o dia, segundo negociadores.
Os EUA querem abertura indiscriminada, que ignora uma oferta de liberalização seletiva de subsetores. E profunda, que significa um corte logo de tarifa de importação em nível que eles levaram décadas para fazer.
"Se não houver um mínimo de razoabilidade nas discussões, e se não for respeitado o grau de ambição acertado antes, não vemos perspectivas de negociar Doha em nenhum futuro previsível", afirmou o embaixador brasileiro na Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo.
As posições "maximalistas" dos EUA não são em todos os setores sensíveis. No automotivo nem é tanto, porque os fabricantes estão bem instalados no país e uma liberalização maior traria competição dos chineses, por exemplo.
A semana de avaliação da Rodada Doha, entre os 153 países membros, inventou um mecanismo que visa forçar os EUA a voltar à mesa de negociações com disposição de fazer barganhas e não apenas bloquear o processo. Mas o máximo que pode acontecer nos próximos meses na OMC é os países decidirem entre dois cenários: desmontar tudo o que foi negociado em oito anos e retomar tudo de novo, ou suspender Doha formalmente.
Por seu lado, a União Europeia (UE), que quer completar Doha, negocia nas bases acertadas. Já na negociação com o Mercosul para um acordo de livre comércio birregional, a situação tampouco parece favorável. O Mercosul se preparou para negociar, na última reunião de Buenos Aires, há duas semanas, mas seus negociadores saíram frustrados.
A UE não apresentou nada de concreto e agiu como se estivesse submetendo um exame ao Mercosul, no sentimento de certos negociadores. "Os europeus só indagavam o que vocês vão fazer nessa área, naquela área, sempre reclamando", contou um deles.
A industria europeia insiste que o Mercosul é de seu maior interesse, ainda mais no estado combalido da economia europeia, mas é também o setor que motiva posições maximalistas.
A nova reunião entre os dois blocos, em abril, em Bruxelas, é vista como a última oportunidade de desbloquear a negociação do acordo de livre comércio. A outra opção é deixá-la em paralisia por mais um bom tempo, o que não é do interesse de boa parte do empresariado.
De um lado, os europeus precisam desesperadamente exportar mais. A Alemanha perdeu o posto de maior exportador mundial, o comércio dentro do bloco continuará baixo. Já os países em desenvolvimento continuam elevando suas importações, impulsionadas pela expansão econômica.
Caderno: Internacional
Depois da Argentina, Uruguai quer usar recursos do Tesouro
Presidente Mujica cogita recorrer à poupança do BC; Bolívia também defende fórmula
Daniel Rittner, de Buenos Aires
Após meses de polêmica na Argentina, a discussão sobre o uso das reservas internacionais cruzou o Rio da Prata: agora é o Uruguai que avança sobre a poupança administrada pelo Banco Central. O presidente José Mujica lançou a ideia, na semana passada, no programa que mantém há anos em uma rádio de Montevidéu. Mujica, que assumiu o cargo em 1º de março, disse que "seria notável se pudermos dispor de algum recurso para incrementar um investimento forte no sistema ferroviário". Depois acrescentou outro possível destino: a construção de escolas de período integral.
Tido como um ex-guerrilheiro já convertido à moderação, Mujica, porém, ponderou: "Tudo está condicionado a que o BC, em definitivo, não se descapitalize e tenha uma margem de solvência, segurança e estabilidade".
Ao contrário do que houve na Argentina, com forte resistência dos partidos de oposição e rechaço do então presidente do BC em cumprir com a transferência de recursos ao Tesouro, a sugestão não provocou nenhuma crise política no país vizinho. A autoridade monetária se comprometeu a fazer estudos sobre o "nível ótimo" das reservas. Para acalmar investidores, o vice-presidente Danilo Astori, que chefia informalmente a equipe econômica, avisou que o assunto será discutido com "cautela".
De qualquer forma, parece dar sequência a uma nova tendência sul-americana, que começou com a Venezuela. Por determinação do presidente Hugo Chávez, o BC libera recursos para financiar os programas sociais do governo desde 2006, mantendo as reservas em torno de US$ 28 bilhões a US$ 30 bilhões. O excedente costuma ser transferido para o Fundo de Desenvolvimento Nacional (Fonden), de aplicação discricionária.
Em janeiro, a Bolívia havia anunciado o uso dos rendimentos das reservas para financiar um programa que atende a cerca de 250 mil gestantes pobres e visa diminuir a mortalidade infantil. Cerca de US$ 70 milhões anuais, fruto de aplicações das reservas, bancarão o investimento. O presidente do BC local, Gabriel Loza, afirmou que a instituição ajudaria com o "desenvolvimento social" do país.
O Uruguai, que caminha para o oitavo ano seguido de crescimento e registrou expansão de 2,9% do PIB em 2009, tem US$ 8,1 bilhões em reservas - nível recorde para o país. Os preços estão relativamente sob controle, com alta de 6,93% no acumulado dos últimos 12 meses.
Mas o economista Jorge Caumont, diretor de uma das consultorias mais prestigiadas de Montevidéu, observa que só uma parte das reservas - estimadas em cerca de US$ 3 bilhões - estão realmente disponíveis. O resto é formado por recursos, por exemplo, do depósito compulsório dos bancos.
Segundo o economista, o Uruguai não terá grandes problemas com vencimentos da dívida antes de 2013. Antes disso, a situação é tranquila, diz. "As dívidas são facilmente renováveis porque estão em moeda local e nas mãos de bancos uruguaios", diz Caumont.
Na Argentina, onde o governo justifica o uso das reservas com o pagamento de títulos da dívida que vencem neste ano, economistas e oposição têm apontado que a verdadeira intenção é liberar recursos do orçamento para sustentar o ritmo de crescimento dos gastos públicos. Caumont rejeita comparações. Ele lembra que o Uruguai deverá fazer um superávit primário de 3% do PIB em 2010 e o déficit nominal (após o pagamento de juros e amortizações da dívida), de 1,7% do PIB nos últimos 12 meses, é "plenamente financiável".
Ao contrário do que ocorreu na Argentina, a oposição uruguaia se diz disposta a debater a ideia de usar os recursos do Tesouro. "Desde que seja pouco (o dinheiro a ser usado das reservas), é importante fazer uma discussão política", afirmou ao Valor o senador Sergio Abreu, uma das principais lideranças do Partido Nacional (branco).
Para o senador, ex-ministro da Indústria e de Energia, a oposição deve estar aberta a debater o uso de reservas em infraestrutura, como na construção de um porto com maior calado, em ferrovias e no reforço da segurança energética. "Nosso grande calcanhar de aquiles é a infraestrutura."
Abreu, no entanto, faz críticas à política fiscal. Ele destaca o alto gasto público do governo, hoje em 27% do PIB, e rejeita o uso das reservas apenas para manter o ritmo de expansão das despesas. "Temos um dos Impostos de Valor Agregado (IVA) mais elevados do mundo", diz ele, referindo-se à alíquota de 22%, e lembrando a criação do Imposto de Renda a Pessoas Físicas pelo primeiro governo da coalizão esquerdista Frente Ampla.
O senador elogia a queda do desemprego e o crescimento da economia no governo do ex-presidente Tabaré Vázquez, mas se preocupa com a supervalorização do peso e com a "necessidade de maior equilíbrio fiscal". Ainda assim, diz não ser avesso à discussão sobre as reservas e não espera crises em torno do assunto, como do lado oposto do Rio da Prata. "Graças a Deus, isto não é a Argentina", ironiza.
Mujica agora é elogiado pela oposição
De Buenos Aires
Se durante a campanha havia quem suspeitasse de uma guinada ao radicalismo após a posse, o presidente do Uruguai, José Mujica, precisou de apenas quatro semanas de governo para afastar as dúvidas.
Pepe, como é chamado pelos correligionários, escolheu um ex-guerrilheiro tupamaro, como ele, para o Ministério da Defesa, mas o empossou com um discurso conciliador. "Não há vencedores nem vencidos", disse aos militares presentes no ato de posse, em referência à luta armada das décadas de 60 e 70.
Dias mais tarde, fez uma proposta de anistia aos presos com mais de 70 anos, incluindo os militares detidos por violações aos direitos humanos, como é o caso do ex-ditador Juan María Bordaberry - pai de Pedro Bordaberry, do Partido Colorado e adversário do próprio Mujica nas eleições presidenciais. Mujica provocou polêmica ao propor a internação compulsória de viciados em drogas.
O novo presidente, que inicia hoje sua primeira visita oficial ao Brasil, defende vigorosamente o Mercosul, mas já deixou claro que analisará, "sem preconceitos", uma aproximação comercial com os Estados Unidos. "Não te parece, Pepe, que a direita está te aplaudindo muito?", questionou a revista esquerdista "Caras e Caretas", dias atrás, com as primeiras críticas à moderação de Mujica.
O senador Sergio Abreu, do oposicionista Partido Nacional, elogia a postura. "Ele privilegia a abertura competitiva da economia, apesar dos monopólios públicos, com um modelo liberal. Manifesta profundo respeito pela diversidade. E, na questão política, assistimos à conversão de um ex-guerrilheiro às virtudes republicanas", diz.
Jornal “O Estado de S.Paulo”
Notas & Informações
A China e a crise no Mercosul
O governo argentino conseguiu mais uma vez impor ao governo brasileiro sua política protecionista, recusando-se a eliminar as licenças não automáticas para importação de produtos fabricados no Brasil. As licenças para pneus foram abandonadas há pouco tempo, mas permanecem as barreiras a muitos produtos, como têxteis, confecções, calçados, brinquedos e equipamentos domésticos. Numa reunião em Brasília, autoridades comerciais dos dois países concordaram em concentrar a atenção num concorrente de fora do Mercosul, a China.
Combinaram organizar missões comerciais e outras ações promocionais conjuntas para aumentar a presença de produtos argentinos e brasileiros no mercado chinês. A região exporta para a China principalmente produtos básicos, como mercadorias agrícolas e minérios. Os dois governos, segundo se anunciou, tentarão elevar as vendas de produtos mais elaborados. Com essa decisão, mais uma vez se deixou em segundo plano o problema das barreiras entre os sócios do Mercosul.
O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, tentou discutir as licenças não automáticas de importação, segundo se informou em Brasília. Mas o assunto foi descartado pelo subsecretário de Política e Gestão Comercial do Ministério da Produção da Argentina, Eduardo Bianchi. Autoridades argentinas têm conseguido evitar essa discussão incômoda em todos os encontros com representantes do Brasil. O subsecretário Bianchi não realizou uma façanha excepcional. Notável, mesmo, foi a declaração dos dois funcionários: não há problemas setoriais de comércio entre os dois países, mas apenas "questões pontuais".
As "questões pontuais" são barreiras inaceitáveis numa união aduaneira. O governo argentino ampliou as medidas protecionistas a partir do início da crise mundial, no segundo semestre de 2008.
O governo brasileiro foi tolerante, como se esse tipo de complacência fosse saudável para o Mercosul, e o abuso aumentou. As autoridades argentinas passaram a demorar mais de 60 dias para conceder as licenças, ultrapassando o prazo admitido pelas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Empresários de vários setores se queixaram e o governo brasileiro foi forçado a dar alguma atenção ao problema. Não o resolveu, naturalmente. Forçado a tomar uma atitude, ensaiou a imposição de barreiras semelhantes a produtos argentinos, mas acabou recuando. Barreiras não são desejáveis, especialmente no interior de um bloco, mas a passividade brasileira, mantida por muito tempo, contribuiu para a desmoralização das normas comerciais no Mercosul.
Com o tempo, e sem demonstrar a mínima pressa, as autoridades argentinas acabaram reduzindo o prazo para concessão de licenças. De fato, apenas se enquadraram numa regra internacional. A notícia foi comemorada, em Brasília, como se o comércio bilateral tivesse voltado à normalidade institucional. Não voltou até hoje, e o Mercosul continua sendo uma paródia de união aduaneira.
Ações conjuntas para conquistar fatias do mercado chinês e para enfrentar a concorrência da China podem ter sentido, se os empresários e os governos do Brasil e da Argentina forem capazes de cooperar seriamente. Até agora, a cooperação tem sido muito menor do que poderia ser, se houvesse políticas efetivas de integração e de complementação produtiva.
Uma das provas mais claras desse fracasso é a permanência, há muitos anos, de um comércio "administrado" no setor de veículos e peças. Essa "administração" - de fato, normas limitadoras das exportações brasileiras - está muito longe de uma integração industrial.
Barral e Bianchi examinaram os desvios de comércio relacionados com a presença chinesa no Mercosul. Produtores brasileiros perderam participação no mercado argentino para os chineses. Produtores argentinos perderam fatias do mercado brasileiro para os exportadores da China. Há um problema comum e vale a pena buscar soluções conjuntas. Mas há uma diferença: na Argentina, os produtores brasileiros enfrentaram barreiras nos últimos anos e isso facilitou o avanço chinês. Brasília não deveria menosprezar esse dado.
Jornais dos Países Membros do Mercosul
Paraguay: “ABC”
Sección: Economía
Acuerdo Lugo-Lula sobre Itaipú es tema de debate
La conveniencia –o no– del Acuerdo Lugo-Lula del 25 de julio de 2009 sobre los reclamos paraguayos al Brasil en Itaipú es el tema que será sometido esta noche, desde las 20:00, en el salón auditorio de Radio Cáritas (ex Seminario Metropolitano), a la consideración de un panel de expertos y público asistente
La actividad es organizada por la revista especializada Mundo de la Electricidad. De acuerdo con las explicaciones del director de la publicación especializada, el Ing. Ramón Montanía, los expertos que compondrán la mesa de panelistas son el abogado Gustavo De Gásperi (ex consejero de Yacyretá) y los ingenieros Guillermo López Flores (consultor privado), Ernesto Samaniego (ex gerente de planificación de ANDE y ex consejero de Itaipú), Germán Escauriza (jefe del equipo técnico de apoyo del capítulo deuda a los negociadores de Itaipú), Nelson Cristaldo (asesor de Carlos Mateo Balmelli, ex director general paraguayo de Itaipú) y Ernesto Ayala Báez (secretario de Relaciones del Sindicato de Ingenieros de Centrales Hidroeléctricas del Alto Paraná. Sichap). Agregó que la moderación estará a cargo del Ing. Orlando Valdez.
El abogado De Gásperi, en entrevista con ABC Color, así como en las columnas que publicó en el mismo diario, advertía, por ejemplo, que en el documento del 25 de julio del año pasado: ”Paraguay renunció a su 50% en Itaipú”, porque en el documento en cuestión “no se hizo ninguna referencia a que Paraguay es uno de los propietarios condóminos de la hidroeléctrica”. Insistía en que solo un reclamo internacional podría zanjar “este abuso”.
El Ing. Escauriza, en los momentos más difíciles de la negociación con Brasil, cuya mesa se instaló en el Edificio de la Producción de Itaipú el 29 de septiembre de 2008, también en entrevista con nuestro diario, señaló que si en Itaipú se aplicaba el Tratado, la deuda de la entidad binacional con Eletrobrás y el Tesoro brasileño sería “0”.
El Ing. Nelson Cristaldo, a su turno, también a través de sus columnas en ABC Color, al referirse a la promesa brasileña de donación a nuestro país de una línea de 500 kV entre el complejo Itaipú y la ciudad de Villa Hayes, que figura en el documento del 25 de julio, sostenía que el gobierno de Lugo (Fernando) actuó con negligencia al cancelar las líneas de créditos, “dejando al país en condiciones sumamente vulnerables y a expensas de la buena voluntad del Congreso brasileño“.
El 1 de agosto de 2008, 15 días antes de que asumiera el nuevo Gobierno, en Asunción, entregaban a Marcos Aurelio García, asesor del presidente brasileño en asuntos concernientes a Relaciones Exteriores, un pliego con los siguientes reclamos: precio justo, libre disponibilidad de la energía, revisión de la deuda. paridad administrativa, control de las auditorías y terminación de las obras pendientes.
Los puntos más relevantes, desde la perspectiva de los intereses nacionales, del documento del 2009, son: la triplicación de la exigua compensación que nos paga Brasil por la cesión de nuestro excedente energético y la construcción de la línea de transmisión de 500 kV entre Itaipú y Villa Hayes, Ocho meses después, ambos “logros” siguen sin concretarse.
El primer parecer favorable
La nota reversal del 1 de setiembre de 2009, firmada entre el canciller Héctor Lacognata y el embajador del Gobierno brasileño en Asunción, Eduardo Dos Santos, sobre la triplicación del factor multiplicador de la fórmula con la que se calcula la compensación paraguaya en Itaipú por la cesión de energía, logró el primer parecer favorable en el ámbito legislativo, consigna CanalEnergía, una publicación brasileña.
Se trata de la posición del relator de la representación brasileña en el Parlasur. Florisvaldo Fier (Dr. Rosinha), diputado por el PT PR. Añade que de aprobarse, en plenarias, permitirá que el ingreso nacional por ese concepto suba de US$ 120 a US$ 360 millones.
Sección: Internacionales
Encuentro entre Lula y Mujica
SAO PAULO (EFE). La intensificación del comercio y la integración bilateral y regional dominan la agenda del encuentro que tendrán hoy en Brasilia los presidentes de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, y de Uruguay, José Mujica, informó ayer una fuente oficial. “Los presidentes discutirán la profundización de la amplia agenda bilateral, con énfasis en la intensificación del comercio y de las inversiones, en la integración productiva y en las medidas necesarias para garantizar la ejecución de obras prioritarias de infraestructura”, apuntó en un comunicado la cancillería brasileña.
El encuentro de trabajo, según indica el texto, marca la primera visita a Brasil en calidad de jefe de Estado de parte de Mujica, quien asumió el poder el pasado 1 de marzo.
Los gobernantes tratarán también “temas como interconexión eléctrica, integración de mallas ferroviarias, construcción de un nuevo puente en la frontera y conexión fluvial”, agrega el comunicado del Ministerio de Relaciones Exteriores.
Con motivo de la visita, será creada una Comisión Bilateral con el objetivo de coordinar acciones en el campo de la integración productiva y bajo la coordinación de ambas cancillerías.
En la comisión intervendrán también los ministerios y órganos públicos encargados de los temas de industria, energía, comercio exterior, agricultura y pecuaria, ciencia y tecnología, obras públicas y transportes.
Sobre la agenda regional, señala la nota, Lula y Mujica conversarán sobre el fortalecimiento del bloque del Mercosur –que ambos países comparten con Argentina y Paraguay–, la cooperación en el ámbito de la Unión de Naciones Suramericanas (Unasur), el intercambio de opiniones sobre el contexto político y económico en la región y la cooperación de los dos países en los foros multilaterales y en la misión de paz en Haití.
En 2009, el intercambio comercial, según cifras oficiales brasileñas, alcanzó 2.600 millones de dólares, con 1.360 millones de dólares de exportaciones de Brasil. Mujica tiene amistad desde hace varios años con Lula, desde que ambos eran líderes sindicales en sus países. La reunión entre los mandatarios se celebrará esta noche en el Palacio Itamaraty, sede de la cancillería brasileña.
Mujica es acompañado por sus ministros de Relaciones Exteriores, el de Industria, Energía y Minería y el de Ganadería, Agricultura y Pesca.
“La Nación”
Sección: Negócios
Brasil ofreció crédito hasta US$ 1.500 millones
Préstamo atado y a través del Banco Nacional de Desarrollo Económico y Social del (BNDES)
Germán Fatecha, titular de la Administración Nacional de Electricidad (Ande), aseguró que los representantes del Banco Nacional de Desarrollo del Brasil (BNDES) ofrecieron créditos hasta 1.500 millones de dólares para la financiación de los distintos proyectos del ente.
El pasado miércoles, autoridades del Ministerio de Industria y Comercio (MIC), de la Ande y el Ministerio de Hacienda se reunieron con los técnicos de este banco brasileño donde se plantearon los diferentes proyectos que tiene la Ande para superar la crisis energética actual y los planes para una solución definitiva al problema de distribución eléctrica que tiene el país.
La condición que plantearon los representantes del vecino país es que todas las compras que se realicen para el financiamiento de los proyectos se hagan de empresas brasileñas. “Por ejemplo, si vos querés comprar para un proyecto, todo lo que necesites para una obra, pero deben ser productos brasileños”, explicó Fatecha.
“Si una línea sale 50 millones de dólares, y dentro de ese monto hay materiales que fueran de origen brasileño, vos hacés la licitación, pero para empresas brasileñas”, dijo. En cuanto a los créditos, explicó que son con intereses bajos, aunque aún no hay definición al respecto.
Para continuar con las negociaciones, autoridades paraguayas viajarán a Brasilia (Brasil) para reunirse el día 8 de abril con el objetivo de avanzar con los créditos.
También participaron en la reunión el embajador de Brasil, Eduardo dos Santos, y técnicos del Banco Central del Paraguay, de la Administración Nacional de Electricidad (Ande), y del Ministerio de Relaciones Exteriores del Brasil.
LT 500 KV ITAIPÚ VILLA-HAYES
Entre los grandes proyectos de la Ande para superar la crisis energética es la construcción de la primera línea de transmisión de 500 kV que irá de Itaipú a Villa Hayes. Para este proyecto concreto, el presidente brasilero Luis Inácio “Lula” da Silva se comprometió el 25 de julio del 2009 a financiar la totalidad de las obras, unos 450 millones de dólares, lo que para este gobierno ya queda “descontado”.
Uruguay “El Pais”
Sección: Política Nacional
Mujica visita a su aliado ideológico en la región. Integración.
Algunos temas delicados están en la agenda de la reunión presidencial
EDUARDO DELGADO | EN BRASILIA
La interconexión eléctrica y ferroviaria, las consecuencias del ingreso de pollos brasileños al mercado uruguayo y la adopción de la norma de TV digital japonesa que promueve el país norteño serán los temas que abordarán hoy José Mujica y Lula.
El Presidente de Uruguay fue recibido anoche en el aeropuerto de Brasilia por el embajador uruguayo, Carlos Amorín, y su par brasileño, José Martins Felicio. Luego partió con los ministros que lo acompañan -Luis Almagro, de Relaciones Exteriores; Tabaré Aguerre, de Ganadería, y Roberto Kreimerman, de Industria y Energía- hacia la residencia del diplomático uruguayo, donde fue agasajado con una cena. Hubo un importante despliegue de seguridad en el traslado de José Mujica hasta la residencia de Amorín, que incluyó una caravana de 10 vehículos.
Varios aspectos de las relaciones binacionales están previstos en la agenda de las reuniones que mantendrá la delegación uruguaya. Además de temas de infraestructura, energía y comercio, los presidentes dialogarán sobre seguridad y prevención de delitos, cooperación en salud, educación y medio ambiente, según comunicó el canciller, Luis Almagro.
Los presidentes también tratarán sobre la apertura de una licitación para la construcción de un segundo puente sobre el río Yaguarón y la reparación del viejo puente Mauá, en el departamento de Cerro Largo.
Se trata del segundo viaje oficial que realiza Mujica al exterior desde que asumió la Presidencia. El primero, de carácter protocolar, tuvo como destino Chile, en ocasión de la toma de posesión del presidente Sebastián Piñera.
Esta salida tiene un ingrediente especial ya que Mujica visualiza en Lula da Silva su modelo de referencia entre los mandatarios de América.
Lula dejará la presidencia después de las elecciones de octubre y no es seguro que el Partido de los Trabajadores vaya a mantener el gobierno.
Comercio. Además de la reunión con Lula, Mujica prevé contactos con otros miembros del gobierno y con dirigentes políticos brasileños.
Almagro informó a la prensa que, de acuerdo con cifras brasileñas, en este momento Uruguay por primera vez tiene superávit comercial con Brasil, y es factible que ese dato se maneje uno de los temas más delicados de la agenda: el ingreso de pollos brasileños al mercado uruguayo.
Fuentes de la delegación confiaron a El País que se buscará que ese ingreso "sea gradual", muy posiblemente cuotificado, y esté acompasado con medidas internas que intentarán impedir que los productores locales pierdan mercado.
El viernes, Mujica hizo una breve referencia a este asunto, cuando afirmó que en Brasil va a estar "peleando por los pollos de Canelones. Así como suena. Hoy, con el régimen de competencia con Brasil, adiós Canelones, adiós agricultores".
Otro de los temas delicados es la propuesta de Brasil para que Uruguay opte por la norma japonesa de TV digital, que Brasil promueve, y no por la europea, que eligió el gobierno de Tabaré Vázquez.
Uruguay tiene compromisos con la Unión Europea que debe respetar, debe saber si hay manera legal para revertir esa posición para luego definirse sobre la propuesta brasilera. Pero por ahora no se lo planteó y en las condiciones actuales se mantiene el compromiso con Europa, dijo una fuente del Poder Ejecutivo que estudia el tema.
Región. Entre los temas regionales, además de la participación conjunta de militares brasileños y uruguayos en la misión de paz de Naciones Unidas en Haití (donde hay desplegados importantes contingentes de ambos países), está previsto que los mandatarios dialoguen sobre la Unasur.
Para Uruguay es decisivo el papel de Brasil, ya que por su peso continental, si se desentiende de esta organización instituida en 2008, o no la prioriza, no tendrá andamiento.
En otro orden, Uruguay está en sintonía con Brasil respecto a las negociaciones para lograr un acuerdo de libre comercio entre el Mercosur y la Unión Europea.
Ambos países aguardan una señal del bloque europeo ante los reclamos sudamericanos de reducir las trabas para el ingreso de productos agrícolas al viejo continente.
En mayo habrá una cumbre Europa-América Latina en Madrid, a la que ambas partes buscarán llegar con sustanciales avances en las negociaciones.
Pollos: Se buscará que sea gradual el ingreso de pollos brasileños al mercado uruguayo.
Agenda de reuniones en Brasil
Hora 12.30 horas. Entrevista del ministro de Industria, Energía y Minería, Roberto Kreimerman, con el ministro de
Comunicaciones brasileño, Hélio Costa.
Hora 13.00. Almuerzo ofrecido por el embajador de Uruguay, Carlos Amorín, al Presidente José Mujica y la comitiva oficial, en la residencia del embajador.
Hora 15.00. Entrevista del ministro Roberto Kreimerman con el ministro de Desarrollo, Industria y Comercio Exterior brasileño, Miguel Jorge.
Hora 15.00. Entrevista del ministro de Ganadería, Agricultura y Pesca, Tabaré Aguerre, con el secretario ejecutivo del Ministerio de Agricultura, Pecuaria y Abastecimiento, Don José Gerardo Fontelles.
Hora 19.00. Audiencia del Presidente José Mujica con su par brasileño, Luiz Inácio Lula da Silva.
Hora 20.00. Cena Oficial ofrecida por el Presidente de la República Federativa del Brasil en honor del Presidente de la República Oriental del Uruguay.
Sección: Portada
DEFINEN FUTURO DE INTEGRACIÓN. Encuentro.
Abordan energía, comercio, interconexión binacional, y norma de TV digital
El futuro de la integración entre Uruguay y Brasil será definido por los presidentes José Mujica y Luiz Inácio Lula da Silva, en un encuentro que tendrán hoy, en Brasilia. Varios temas de principal importancia para los dos países serán abordados en la reunión, así como en las conversaciones que sos-tendrán ministros uruguayos con sus pares brasileños.
Entre los temas que discutirán, aparecen la interconexión energética, la apertura de una licitación para construir un segundo puente sobre el río Yaguarón y la reparación del antiguo puente Mauá, aspectos del comercio, como es el caso puntual del" ingreso de pollos brasileños al mercado uruguayo que ha suscitado resistencia de criadores y engordado/es, y la norma de TV digital que adoptará Uruguay. Brasil hizo una propuesta para que se aplique la norma japonesa y no la europea, como fue la opción hecha por el gobierno del presidente Tabaré Vázquez.
Asimismo, Lula y Mujica analizarán la situación regional.
Mujica viajó acompañado de los ministros de Relaciones Exteriores, Ganadería e Industria y Energía.
“La Republica”
Sección: Política
Mujica se entrevista con Lula en Itamaraty.
Agenda. Interconexión y comercio
Comisión binacional analizará integración
El presidente de la República, José Mujica, llegó anoche a Brasilia y hoy mantendrá un encuentro con el presidente de ese país Luiz Inácio Lula da Silva en la sede presidencial de Itamaraty.
Varios temas bilaterales están en agenda como el acceso de los productos uruguayos al país norteño. No faltarán tampoco los asuntos que involucran al Mercosur y su futuro energético.
El objetivo principal del viaje a Brasil es encontrarse con Lula Da Silva, con quien mantiene una excelente relación personal, en lo que será la segunda salida del país del mandatario en este primer mes de gobierno. El encuentro con Lula hoy sobre las 19 horas en el Palacio Itamaraty. Si bien Mujica declinó dar declaraciones en la Base Aérea Nº 1, sí lo hizo el canciller Luis Almagro, quien participará del viaje, y que detalló los objetivos. Almagro definió a la agenda bilateral como la más rica e importante que actualmente cuenta Uruguay en el concierto internacional. Tres objetivos fundamentales tendrá la visita de Mujica a su colega Lula Da Silva a partir de este lunes.
Por un lado, Almagro dijo que se ahondará en aspectos institucionales de la relación entre los dos países.
"Temas vinculados al estatuto de frontera, a la cooperación en materia consular, de seguridad, en materia de prevención de delitos, de utilización de cuerpos de Bomberos y de los sistemas judiciales de los dos países, a fin de garantizar medidas de seguridad en la zona de fronteras para delitos de contrabando y abigeato", afirmó Almagro.
Otro de los objetivos tiene que ver con aspectos comerciales y de infraestructura.
"Habilitaciones pendientes de uno y otro país y con las licencias de importación que maneja Brasil. Procuramos, a través de estos contactos, soluciones para temas que llevan algún tiempo pendientes. En materia de obras de infraestructura abordaremos la licitación del segundo puente sobre el Río Yaguarón, la reparación del Puente Maguá ya existente, la interconexión ferroviaria y los temas de interconexión energética", sostuvo Almagro. También se tratarán aspectos culturales ya que se procurará fomentar la cooperación cultural entre los dos países, principalmente en la frontera. También se buscará la posibilidad de insertar artistas y cultura uruguaya en las ciudades del interior brasileño.
Está previsto que a partir de esta jornada entre en funcionamiento una comisión binacional que tendrá como cometido coordinar acciones en el campo de estos temas de integración.
La agenda regional también estará presente en el encuentro entre los dos mandatarios, principalmente en lo que tiene que ver con la situación actual del Mercosur. La próxima Cumbre de la Unasur se celebrará en Buenos Aires donde se definirá la presidencia de este organismo.
Por otra parte, ahondarán los dos mandatarios en las acciones que se están llevando a cabo en la llamada Misión de Estabilización que funciona bajo la órbita de Naciones Unidas en Haití devastada hace unos meses por un terremoto.
Otro tema es el de la norma de televisión digital que finalmente decidirá adoptar Uruguay. Desde los últimos días se confirmó que Uruguay optará por la norma europea de TV digital a contrapelo a la decisión de la mayoría de los países de la región que se han decidido por la tecnología japonesa con apoyo de Brasil.
Se prevé que Lula proponga este tema para que Uruguay cambie de opinión y adopte esta norma. Además de Almagro, acompañan al presidente los ministros de Industria Roberto Kreimerman y de Ganadería Tabaré Aguerre.
“El Observador’
Sección: Actualidad
Mujica busca aprovechar el tiempo de Lula en el gobierno.
LOS TEMAS COMERCIALES DOMINARÁN LA AGENDA BILATERAL
Brasil le propondrá hoy a Uruguay elegir la norma japonesa para la televisión digital
POR GONZALO FERREIRA ENVIADO A BRASILIA
Es su "viejo amigo". Lula Da Silva es de quien José Mujica tomó más consejos políticos en su camino a la Presidencia y a quién considera un ejemplo para gobernar. Le recomendó en la campaña electoral que se pusiera traje para ganar la elección y él lo hizo. De hecho, ahora se lo ve siempre de saco. Lula pregona el "dialogar con todos y de todo", y el presidente uruguayo también lo está practicando al pie de la letra al gobernar en la interna.
Pero la visita oficial que José Mujica inició ayer, y que incluirá un intenso día de trabajo hoy en Brasilia, tiene un fuerte contenido comercial. Mujica quiere aprovechar que a Lula le queda poco tiempo en el gobierno para obtener la mayor cantidad de beneficios posibles fruto de esa relación. El gobierno uruguayo llega a Brasil para escuchar formalmente la oferta realizada por la administración de Lula para cambiar la tecnología elegida para la televisión digital. Además negociará el ingreso de pollos brasileños (algo que los avicultores uruguayos rechazan de plano) a cambio de destrabar la entrada a Brasil de otros productos nacionales como la leche y cereales.
Digital. Uruguay optó, durante el gobierno de Tabaré Vázquez, por la norma europea para la televisión digital. Fue uno de los pocos países de la región que se inclinó por ese sistema.
Brasil, primero de los latinoamericanos en elegir la norma japonesa, propone grandes inversiones tecnológicas como contrapartida de un cambio en la elección uruguaya.
Pretende que el gobierno de Mujica también elija la norma japonesa y así lograr acuerdos de complementación tecnológica en la fabricación de aparatos conversores de televisión analógica a digital.
La decisión tiene mucho de técnico (porque con una norma se tienen más canales y con otra se prioriza la calidad) pero también de político. Mujica repite una y otra vez que Brasil tiene que liderar en la región y eso se lo volverá a plantear hoy a Lula. Conforme con ese criterio, debería ceder ante un planteo de este tipo.
Como contracara, cambiar de caballo puede ser una mala señal hacia los inversores y sobre todo los europeos.
Eso es algo que al gobierno le preocupa mucho. De hecho, cuando para la asunción de Mujica estuvo en Uruguay el príncipe de Asturias, ambos hablaron del tema. Allí España, en nombre de toda la Unión Europea, agradeció la preferencia uruguaya. Mujica trató el punto con Tabaré Vázquez la semana pasada.
El ministro de Industria, Roberto Kreimerman, considerará formalmente el tema esta mañana con el ministro de las Comunicaciones, Hélio Costa. Además se reunirá con el ministro de Desarrollo y Comercio Exterior, Miguel Jorge, con quien buscará agilizar el comercio bilateral.
El plato fuerte de la jornada será a la tardecita. A las 19 horas Mujica y Lula tienen su reunión privada y allí esperan sellar varios acuerdos. Poco más tarde ambos cenarán juntos.
Negocian por pollos
Uruguay tiene trancados varios productos en Brasil. Y el gobierno norteño le reclama al uruguayo por prohibir el ingreso de pollos. Eso es porque Brasil vacuna contra la enfermedad de Newcastle y Uruguay no. Brasil no quiere llegar a Uruguay por la importancia del mercado, sino para mostrarlo como una credencial para entrar a EEUU. Los avicultores uruguayos se oponen porque les perjudicaría. El gobierno está dispuesto a negociar el ingreso de pollos hasta el 10% del consumo local a cambio de lograr la apertura de Brasil para otros productos.
Sección: Agro
Mercosur será el mayor polo productivo forestal.
CLIMA, CARACTERÍSTICAS DEL SUELO Y DESARROLLO GENÉTICO E INDUSTRIAL BENEFICIAN A URUGUAY Y PAÍSES VECINOS
Experto afirmó que esta región será el gran abastecedor mundial de estos productos
POR JUAN SAMUELLE DE LA REDACCIÓN DE EL OBSERVADOR
El Mercosur será a corto plazo el gran abastecedor de productos forestales en el mercado internacional, según afirmó a El Observador el empresario brasileño Roque Justen, organizador de Feira da Floresta, una megaexposición del sector que se desarrollará del 14 al 16 de abril en Gramado, Brasil.
"Sinceramente, por todo lo que tengo vivido como productor y empresario, creo que la región del Mercosur está teniendo un gran desarrollo en la producción forestal, que es ordenado e inteligente, y gracias a eso en el futuro será el gran abastecedor mundial de productos forestales", opinó.
Justen expresó esto la semana pasada en el auditorio de la Cámara Mercantil de Productos del País, en el marco del lanzamiento de un acuerdo que realizó con la organización de Maderexpo, la feria uruguaya del sector forestal (ver recuadro).
Diez veces más rápido. Remarcó que en estos países, y especialmente en Uruguay, se percibe la existencia de una capacidad productiva "fantástica", considerando las características de los suelos y del clima, más la moderna tecnología disponible y la buena capacitación de la mano de obra, "que nos permite obtener árboles aserrables en siete años, algo para lo cual otros países productores, como los nórdicos, precisan 70 años".
Al respecto, puso de ejemplo un predio productivo que recientemente visitó en Austria, donde se logran 18 centímetros de diámetro en los árboles recién a los 90 años de efectuada la plantación, cuando acá se llega a ese crecimiento de la madera en nueve o 10 años y con la debida calidad en todos los procesos productivos.
"Tenemos acá, entonces, una capacidad competitiva que es muy grande", subrayó, a la vez que precisó que eso no se basa en algo que pueda suponerse desde otros ámbitos, como el tener una mano de obra mal remunerada: "No, no es por eso, nuestro poder competitivo no está en pagar mal a las personas, por lo contrario, hay que seguir calificando cada vez más y mejor a la mano de obra, para obtener productos de calidad gracias a ese aporte".
Justen elogió la aptitud de las empresas forestales de la región de "producir cada vez más pero en menos área, lo cual es posible por la investigación de universidades, instituciones y empresas, lo que ha permitido avances tecnológicos y genéticos".
Al mismo tiempo, "vemos que por suerte la industrialización es cada vez más tecnificada y va de la mano del desarrollo a nivel productivo", indicó el empresario.
"Todo productor forestal tiene naturalmente una visión de mediano y largo plazo, se acostumbró a mirar hacia adelante, más allá del horizonte, de lo contrario no podría entrar en este negocio, por eso hemos tenido crisis y con esfuerzos las hemos superado, como la de 1994 que en el caso de Brasil y para este sector fue más importante que esta última que hemos vivido", comentó.
En tanto, Hermes Sauleda, el director de Maderexpo, dijo a El Observador que "en el sector por suerte hoy existen muchos signos positivos, tras una crisis que sin duda fue complicada, pero que se va superando, algo que nos permitirá avizorar una gran Maderexpo donde se verán productos y servicios relacionados con la primera, la segunda y la tercera transformación de la madera".
También añadió que "ahora hay síntomas excelentes, tenemos un fuerte respaldo institucional del sector público y privado, de aquí y del exterior, con confirmación de mucha gente que vendrá desde diversos países a la Maderexpo".
Finalmente, Sauleda opinó que el sector forestal en Uruguay "está saliendo de la crisis, la producción se mantiene, las plantaciones también han seguido, la importación de equipos y maquinaria es normal, la tecnología sigue llegando, el empleo también es una realidad y hay gente que vende todo lo que tiene para vender, es un momento de recuperación firme y eso es incuestionable".
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