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Clipping Mercosul 05/04/10 www.camara.gov.br/mercosul

Jornal “Folha de S. Paulo”


Caderno: Mundo


Oposição mantém governos e evita a hegemonia de Evo
Segundo bocas de urna, rivais do presidente boliviano vencem em até 5 das 9 regiões
Mandatário, reeleito em dezembro passado com 64% dos votos, fracassa assim no objetivo de estender o seu domínio sobre o país
DA REDAÇÃO

Pesquisas de boca de urna revelam que a oposição ao presidente da Bolívia, Evo Morales, deve conseguir manter o domínio da chamada "meia-lua" nas eleições regionais realizadas ontem em todo o país.

Levantamentos de boca de urna de TVs e jornais bolivianos indicam que o partido de Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), ganhou as eleições para governador em La Paz, Cochabamba, Oruro e Potosí. Já a oposição venceu em Santa Cruz, Beni e Tarija, que, juntamente com Pando, onde as pesquisas mostram uma vantagem menos clara da oposição, formam a "meia-lua", região ocidental do país que se notabilizou por uma forte oposição a Morales em seu primeiro mandato.

O nono departamento do país, Chuquisaca, também não tinha um vencedor claro segundo as bocas de urna.

No pior dos cenários, o partido de Morales perderá apenas o controle de Pando -onde um aliado do governo assumiu o poder após conflitos que deixaram 18 mortos em 2008 e geraram a prisão do governador oposicionista Leopoldo Fernández-, já que os demais departamentos já são atualmente governados pela oposição.

Morales, que foi reeleito em dezembro do ano passado com pouco mais de 64% dos votos, tinha a intenção declarada de estender sua hegemonia para as áreas do país controladas pela oposição. Durante a campanha, o presidente chegou a prever o fim da "meia-lua".

Mãos estendidas

Vários líderes da oposição que, segundo as pesquisas, revalidaram seus mandatos nas eleições de ontem, ofereceram a Morales "união" e trabalho conjunto pelo futuro do país.

O governador de Santa Cruz, Rubén Costas, afirmou que chegou a hora "de construir e contribuir" para "construir o futuro" da Bolívia. No entanto, ele pediu para que não se confunda "nossa mão estendida com uma mão rendida". "Nossa mão está mais forte, em termos democráticos, do que antes", completou.

O também reeleito prefeito de Potosí, René Joaquino -que foi candidato à Presidência no ano passado-, seguiu a mesma linha. "As autoridades eleitas são autoridades de todos e temos o compromisso de coordenar e trabalhar em uma gestão conjunta [com o governo central] para Potosí", declarou após conhecer os primeiros resultados de boca de urnas.

Já Evo Morales declarou seu partido o vencedor das eleições e pediu à oposição para que evite a confrontação política até o fim de seu mandato, em 2015.

"Que os opositores entendam que esse processo de mudança [política, com o MAS] é irreversível, e que é melhor se eles puderem somar. Se não, que pelo menos contribuam com gestão para que o povo saia ganhando", assinalou.

Afora a dura disputa política, as eleições de ontem foram marcadas pela tranquilidade e pela alta participação, segundo a Corte Nacional Eleitoral (CNE) e a missão de observadores da OEA (Organização dos Estados Americanos).

Pouco mais de 5 milhões de eleitores estavam inscritos para eleger nove governadores, 337 prefeitos, 1.887 vereadores, 23 autoridades indígenas locais, além de subgovernadores, parlamentares departamentais (estaduais) e corregedores.

Segundo o Ministério de Governo, foram registrados apenas incidentes isolados, que não demandaram a intervenção das forças de segurança.

Com agências internacionais


Jornal “Valor Econômico”


Opinião


Projeção do Brasil no exterior deu nova força ao tema.
A encruzilhada da oposição no debate da política externa
Por Maria R. Soares de Lima e Fabiano Santos

Projeção do Brasil no exterior levará a política externa a ser debatida na campanha eleitoral

Até o momento pouco sabemos a respeito das políticas governamentais atualmente em curso que sofreriam inflexão no caso de vir a ser vitoriosa a oposição nas eleições de outubro. Se a contundência das críticas for uma medida dos alvos de possíveis mudanças, certamente a política externa seria um deles. Como amplamente divulgado, tema chave da linha seguida pelo governo enfatiza a integração latino-americana. Inovações importantes ocorridas nessa política podem assim ser resumidas: 1) adoção de uma concepção de integração que ultrapassa a dimensão comercial, incluindo-se em seu bojo as dimensões social produtiva, energética e de infraestrutura; 2) a construção de instituições regionais, tais como a Unasul e o Conselho de Defesa Sul-Americana cuja função seria a de ampliar a coordenação política entre os diversos governantes envolvidos, além de fomentar uma identidade latino-americana; e, 3) concessão de tratamento diferenciado aos países mais frágeis da região, no sentido de diminuir assimetrias estruturais, como o Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM).

A oposição tem desdobrado suas críticas em dois eixos: a) o Brasil cumpre o papel de sucker na região (termo sucker advém da teoria dos jogos aplicada a interações sociais. Designa o comportamento de um ator que coopera, mesmo diante da recusa por parte de seu oponente em fazê-lo). Vale dizer, o país coopera incondicionalmente, sem a necessária contrapartida no que tange o comportamento de seus parceiros nos esforços de cooperação regional; b) a agenda latino-americana é partidária, pois atende unicamente aos objetivos do PT, sendo prova disso o estreitamento das relações do governo Lula com presidentes "esquerdistas". (Nesse ponto, o argumento é menos convincente, já que o Brasil tem desenvolvido ótimas relações com governantes não esquerdistas, como Uribe, Alan Garcia e Felipe Calderon).

De todo modo, se a política externa continuar sendo ponto central de diferenciação entre as agendas do governo e da oposição, ao longo do período eleitoral, estamos diante de fato inédito e promissor. Inédito, pois tal política tradicionalmente não faz parte do debate político partidário no Brasil. Promissor porque, devido a vários motivos, em geral relacionados à complexidade de seu objeto, trata-se de área opaca para o eleitor médio, no Brasil e nas demais democracias mais ou menos desenvolvidas.

É saudável, portanto, a introdução desse tema no debate eleitoral, o que de resto, acaba por fazer jus à crescente diversidade de áreas e agentes envolvidos na agenda internacional do país, consequência natural da projeção que o Brasil vem alcançando na cena internacional. Fazer parte da campanha eleitoral significa que os atores políticos vão se ver instados a esclarecer suas posições, a fornecer indicadores, formular cenários e gerar expectativas a partir das quais os eleitores poderão cobrar resultados. Enfim, teremos a chance de vivenciar uma fase de esclarecimento em torno de pontos que são cada vez mais relevantes para a sociedade.

Sabemos mais, contudo, sobre o que poderá vir a ser a política externa no caso de uma vitória das forças governistas do que no caso oposto. Afirmativa, de resto, verdadeira para diversas outras políticas governamentais, já que para o cidadão das ruas, o desempenho corrente é a medida mais próxima e eficiente do comportamento e decisões a serem tomadas no futuro. A oposição se encontra nesse caso em clara situação de desvantagem, pois não estando de posse dos meios de administração não tem como demonstrar qual será sua política caso vença as eleições. Existem maneiras, entretanto, de minimização dessa assimetria, a mais clássica e importante delas é a participação no debate parlamentar, mais especificamente nas comissões especializadas e pertinentes ao tema.

Qual tem sido no Congresso a contribuição dos partidos de oposição ao encaminhamento da agenda internacional? De um lado, temos visto a preocupação em se explicitar posições, esclarecer as várias dimensões das propostas eventualmente em tramitação, propiciar o debate pluralista em torno dos diversos setores nelas envolvidos. Esse certamente foi o caso quando da realização das inúmeras audiências públicas, no âmbito da Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre o Protocolo de Adesão da Venezuela ao Mercosul. De outro, constatamos orientação que pouco esclarece sobre as implicações substantivas dos cursos alternativos de ação no front externo. Exemplo dessa linha de comportamento consiste nas tentativas de obstruir processos corriqueiros de endosso legislativo às indicações feitas pelo Executivo para preenchimento de postos diplomáticos fundamentais, como é o caso do retardo de nomeação dos nossos embaixadores na Venezuela e no Equador.

Questões de política externa possuem dimensões claramente vinculadas ao interesse nacional, como são exemplo, a integridade política e territorial do país e a manutenção da estabilidade e segurança regionais. A delicadeza do problema enfrentado pela oposição no Congresso reside no fato de que ao inserir essa política no debate eleitoral corre-se o risco de forjar divisões naquilo que deve ser objeto de consenso suprapartidário. No caso da política de integração da América do Sul tal risco ainda é mais importante por conta da combinação de dois pontos cruciais a nosso ver: a) a relevância do continente para os interesses econômicos e político-estratégicos brasileiros; e b) a assimetria em termos do peso econômico e político do Brasil face às nações vizinhas.
Nesse contexto, a estratégia obstrucionista da oposição no Legislativo é equivocada. O ideal seria uma crítica propositiva, que insistisse na institucionalização de mecanismos regionais de coordenação da ação coletiva no continente. Instituições capazes de fazer convergir os interesses nacionais brasileiros com os interesses nacionais dos nossos vizinhos.

Maria Regina Soares de Lima,professora e pesquisadora do IUPERJ, é coordenadora do Observatório Político Sul-Americano (OPSA/IUPERJ);

Fabiano Santos, professor e pesquisador do IUPERJ, é coordenador do Núcleo de Estudos sobre o Congresso (NECON/IUPERJ).


Colunas


Comércio exterior em março preocupa
Sergio Leo

Um resultado notável passou praticamente despercebido na divulgação dos resultados do comércio exterior brasileiro de março: mesmo com o dólar situado em uma das mais baixas cotações da história, os exportadores de produtos manufaturados, como autopeças, automóveis e aços laminados planos, aumentaram em 10,3%, em média, o volume de suas venda ao exterior em relação a março do ano passado. No caso de veículos de carga, o aumento foi de 80%; no de laminados planos, passou de 60%. Um resultado que contraria a tese da "doença holandesa", de desindustrialização do parque exportador brasileiro.

À exceção de alguns produtos, como os laminados planos (queda de 15% no preço), o aumento no volume de exportações de manufaturados ocorre paralelamente ao crescimento nos preços dessas mercadorias, de 6,3% em média, e mostra que, embora os produtos básicos e commodities, como soja, minério de ferro e açúcar, ganhem fatia maior na pauta de exportações, a indústria ainda consegue ampliar as vendas, aproveitando a recuperação dos mercados internacionais.

Seria um cenário de festa para os responsáveis pela política comercial, afinal foi o aumento das importações, não a debilidade das exportações, o responsável pela queda brutal no saldo do comércio, de 70%, no primeiro trimestre do ano, comparado ao mesmo período do ano passado. Mas há preocupação na equipe econômica. As vendas estão apenas recuperando os patamares de antes da crise, e não em todos setores. As estatísticas escondem sintomas preocupantes de dificuldades no setor exportador, e os dados agregados de comércio podem gerar equívocos.

No caso das vendas de manufaturados, por exemplo, as estatísticas são influenciadas pela forte ampliação na venda de produtos industrializados de baixíssimo valor agregado, como os óleos combustíveis, em segundo lugar na pauta de exportações de manufaturados, encostados aos automóveis, com um aumento de 182% no primeiro bimestre, em comparação com janeiro e fevereiro do ano passado.

Embora as vendas de calçados e produtos do setor automotivo, especialmente veículos pesados, tenham se recuperado vigorosamente, a pauta de manufaturados ainda é enormemente influenciada por commodities, como açúcar refinado, polímeros e óxidos e hidróxidos de alumínio. As vendas à América Latina vão bem, mas as dirigidas á África, que cresciam em ritmo acelerado, sofreram um baque. Só no primeiro bimestre, a queda foi de 30% - as compras dos africanos, que caminhavam para absorver 10% das vendas de manufaturados brasileiros, caíram para pouco mais de 5% nesse período, comparadas às do mesmo período em 2009. Esse resultado indica perda de competitividade em mercados promissores.

A perda de mercado, relacionada à valorização do real em relação ao dólar, é o que mais preocupa as autoridades da área econômica, pois tende a se agravar. Segundo um graduado integrante do governo, embora continuem crescendo, as exportações de produtos industriais aumentam em ritmo menor que o da recuperação do mercado externo, e isso reduz a fatia de mercado do Brasil no exterior, dando vantagens de escala de produção para os concorrentes estrangeiros em terceiros mercados.

Um dado importante da balança comercial aponta outra fragilidade da indústria exportadora, na avaliação de economistas: o grande motor das importações são as compras de matérias-primas e bens intermediários, que deram um salto de US$ 5,4 bilhões, ou quase 42% no primeiro trimestre (quase US$ 3 bilhões só em março, um aumento de 56%). Esses valores não são um mal em si, mas refletem uma tendência progressiva de troca de fornecedores nacionais por estrangeiros; as empresas exportadoras incorporam cada vez mais componentes importados nos produtos que vendem aos mercados interno e externo.

A opção por fornecedores do exterior reduz a capacidade de setores, como o automotivo e o de eletrodomésticos, como impulsionadores do restante da indústria. "As cadeias produtivas no país se tornaram menos intensas, o país vem perdendo densidade industrial", diz o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio de Almeida. A distribuição da cadeia de fornecimento para outros países, especialmente os vizinhos, também acontece em outras regiões, como na Ásia, mas o Brasil depende cada vez mais de fornecedores da própria Ásia e de outros mercados de fora da vizinhança.

Os exportadores brasileiros que surfam na onda favorável do mercado mundial estão mais vulneráveis a mudanças de maré, inclusive dentro do Brasil. Uma eventual correção do dólar terá impacto imediato sobre custos dos exportadores, sem lhes dar condições imediatas de recuperar o espaço perdido no mercado externo. Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se diz incapaz de reduzir a cobrança indevida de impostos dos exportadores, porque a medida ameaçaria as contas fiscais.

Sergio Leo é repórter especial e escreve às segundas-feiras


Caderno: Brasil


EUA pedem ao Brasil para adiar até junho início de medidas de retaliação comercial
Assis Moreira e Viviane Monteiro, de Genebra e de Brasília

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) antecipou para hoje a reunião de ministros que decidirá sobre a retaliação aos produtos americanos, como retaliação aos subsídios ilegais concedidos aos produtores de algodão dos Estados Unidos. Na semana passada, uma missão negociadora americana pediu ao Brasil adiar para junho o início da retaliação, marcado para a quarta-feira, e prometeu entregar, até hoje, propostas concretas de negociação. O governo espera essas propostas para avaliar se a Camex aceitará ou não o adiamento. A reunião da Camex estava marcada originalmente para amanhã, mas foi antecipada para conciliar agendas dos ministros.

O pedido de suspensão das medidas retaliatórias foi formalizado por uma missão dos EUA, na quinta-feira, chefiada pela vice-representante de Comércio, Miriam Sapiro, e pelo subsecretário de Agricultura, James Miller, em reunião no Itamaraty. O governo brasileiro cobrou respostas concretas, como o compromisso em eliminar os benefícios ilegais aos produtores, condenados pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Os americanos informaram que consultariam o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, poderiam trocar informações com autoridades brasileiras no fim de semana e dariam a resposta ao Brasil nesta segunda-feira. Como a reunião da Camex estava prevista para as 16h30 de amanhã, os americanos teriam até as 12h30 do mesmo dia para dar a resposta, disse um negociador brasileiro. Com a antecipação, o prazo para os americanos ficou mais curto.

Oficialmente, o Itamaraty informou que houve um "diálogo construtivo" entre as partes sobre uma "gama de produtos", inclusive o algodão, e que as conversas seriam mantidas. A resposta brasileira foi, porém, de que se Washington quiser evitar a sanção, precisaria apresentar, por escrito, um compromisso de ajuste nos programas de crédito à exportação e uma compensação financeira para o setor de algodão.

"Parece ter saído uma perspectiva positiva de que a negociação se dirige para ajuste de programas (americanos) e compensação para desenvolvimento na área agrícola", disse o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha.

"Percebemos uma mudança de postura do lado americano, que veio disposto à negociação concreta para uma solução amigável", afirmou o embaixador na OMC, Roberto Azevedo, que negociou em Brasília com o subsecretário americano de Agricultura, James Miller, os detalhes envolvendo a sanção, compensação e implementação da decisão da OMC para os EUA acabarem os subsídios aos produtores de algodão. Azevedo avisou, porém: "Se não surgir algo concreto até esta segunda-feira, a retaliação seguirá seu curso a partir da quarta-feira." A primeira parte da sanção, sobre bens, será complementada depois por retaliação também em serviços e patentes.

Até recentemente, os EUA se limitavam a acenar com "promessa de bom relacionamento" que poderia dar frutos mais tarde, caso o Brasil não aplicasse a retaliação. Somente na quinta-feira é que a delegação americana que foi a Brasília parece ter compreendido que o governo Lula não tinha como voltar atrás na sanção e não aceitaria só promessas. Uma fonte próxima dos americanos disse que os EUA "estão dispostos a negociar tudo" com o Brasil, desde que a sanção não seja acionada. Topariam até um prazo mais curto que os 60 dias pedidos, para definir um cronograma para o acordo.

Os americanos deixaram claro seus limites. Não podem, por exemplo, se comprometer com a eliminação dos subsídios até que o Congresso volte a discutir uma nova Lei Agrícola, em 2012. De outro lado, a Casa Branca tem margem para agir na área de créditos à exportação agrícola, que passa subsídios ilegais e turbina vendas americanas. Ou seja, a administração Barack Obama não pode mudar o formato do programa, mas pode mudar prazos, prêmio de seguro e cronograma de reembolso dos créditos à exportação, o que atende parcialmente os brasileiros.

"Mas para evitar a retaliação é preciso detalhes por parte dos americanos do que vamos receber, porque isso não está claro", disse Haroldo Cunha, da Abrapa. A compensação é para o período em que os Estados Unidos não desmontarem os subsídios. Um fundo para pesquisa na agricultura brasileira, com recursos americanos, sempre esteve na ordem do dia. Como sempre, o problema está nos detalhes, ou na falta deles.


Caderno: Internacional


Varejo: Pequenos comerciantes já detêm 37% do varejo do país e forçam multinacionais a mudar estratégias
Supermercadinho chinês domina Argentina
Daniel Rittner, de Buenos Aires

O chinês Yan Sheng Long atravessou o mundo há pouco mais de uma década para reencontrar a família, que havia chegado à Argentina e encontrara no varejo o sustento no novo país de residência. Hoje Sheng, seus irmãos e primos têm cerca de 100 supermercados na Grande Buenos Aires. "Não penso mais em voltar para a China. Minha vida está aqui", afirma o comerciante, esforçando-se para falar em espanhol, até desistir e recorrer ao auxílio de uma intérprete.

É gente como Sheng e sua família que mudou a estratégia de grandes multinacionais, como Walmart e Carrefour, para crescer na Argentina. Um estudo da NCC Consultoria indica que os supermercados chineses faturam 6 bilhões de pesos por ano (R$ 3 bilhões) e detêm 37% do varejo no país. Basta caminhar algumas quadras em qualquer bairro portenho para comprovar a veracidade da estimativa: com cerca de 8 mil pontos de venda espalhados pela Argentina, sobretudo em Buenos Aires e imediações, a presença chinesa é mais visível do que qualquer grande marca global do setor.

Tudo começou, na realidade, com a chegada de imigrantes de Taiwan e de Hong Kong, nos anos 60 e 70. Foram eles que se iniciaram no varejo e transferiram know-how da operação de supermercados aos chineses, cuja chegada faz parte de um movimento mais recente, das décadas de 80 e 90. É uma imigração proveniente, sobretudo, da Província de Fujian, no sudeste da China, com tradição comercial.

Estima-se que haja uns 70 mil chineses vivendo hoje na Argentina, além de uma crescente comunidade constituída pela segunda geração. É o suficiente para deixar marcas importantes, como um recém-nascido Bairro Chinês, encravado em Belgrano, uma zona de classe média no norte da capital, com o típico arco oriental de boas-vindas.

Mas nada, por aqui, está tão associado aos chineses como a sua maciça participação no varejo. "Eles aprendem a tarefa no próprio trabalho, com seus sócios ou parentes. Trabalham todo o dia e a maioria só vê TV ao terminar a jornada de trabalho, depois das 22h. Praticamente não leem jornais argentinos, mas acessam habitualmente a internet", descreve o estudo da consultoria NCC. De acordo com o relatório, são 14 novos supermercados por mês de origem chinesa. Desde a crise de 2001, com a desvalorização do peso, as redes de médio e grande porte diminuíram sua fatia no segmento de 47% para 33%. Vários fatores colaboraram para essa mudança, nota a consultoria.

Por um lado, os chineses reuniram três características apreciadas pelos clientes: boa oferta de produtos, preços competitivos e proximidade de casa - o estudo aponta distância média de nove quarteirões entre um supermercado e outro. Enquanto isso, as redes maiores passaram a sofrer de um efeito social negativo: o consumidor, acostumado a ir aos hipermercados para a compra do mês, não podia mais encher o carrinho e se sentia excluído, diz a NCC. A crise passou, os costumes ficaram.

"Tem espaço para todo mundo", afirma Yolanda Durán, presidente da Cedeapsa, associação que reúne os supermercados chineses, negando o surgimento de uma guerra comercial com as grandes redes. Mas as multinacionais estão se armando para enfrentar a surpreendente concorrência. O Carrefour inaugurou duas pequenas unidades de bairro, em dezembro, e pretende gastar parte dos 250 milhões de pesos (R$ 125 milhões) em investimentos neste ano para abrir mais dez lojas nesse formato. A Walmart também faz essa aposta e já tem 19 unidades da marca Changomás, para compras menores e mais rápidas.

Yolanda descreve as "vantagens" dos supermercados chineses na disputa pela preferência dos consumidores: são geralmente negócios familiares, com redução dos custos trabalhistas, há mais liberdade para fazer promoções, menos filas e "atenção personalizada". "Quando começam a se formar filas, abre-se um novo caixa. A eficiência do serviço interessa ao próprio dono, que está ali. Nas grandes redes, só falta pedirmos por favor para comprar", ironiza Yolanda.

Para negociar melhor com os fornecedores e conseguir baratear as mercadorias, muitos supermercados se organizaram em "pools" para arrancar preços melhores - principalmente em produtos da cesta básica - de fabricantes e distribuidores. Yolanda diz que a inexistência de máquinas para pagamento com cartões de débito e de crédito transforma-se em um benefício nas negociações com fornecedores. "Temos a vantagem de que entra dinheiro todos os dias."

Em um sinal de que os chineses já se tornaram protagonistas no comércio varejista, a Cedeapsa tem conversado com bancos para criar um sistema de cartões pré-pagos, com 500 pesos de limite, que poderão ser carregados em qualquer supermercado e evitar o transtorno causado pela falta de moedas para troco.


Jornais “O Estado de S. Paulo”


Opinião


Política externa desastrada
Marcelo de Paiva Abreu

É difícil discordar da avaliação de que a política externa brasileira, desde 2003, tem sido pródiga em efeitos especiais e avara na obtenção de resultados efetivos.

Muita criação de novos foros e embaixadas, poucas negociações econômicas com benefícios tangíveis permanentes. Agora, de forma ainda mais preocupante, aumenta o risco de que a política externa "altiva e ativa" defendida pelo Itamaraty resulte em sérios danos aos interesses concretos brasileiros.

Embora Brasília se esfalfe em afirmar o contrário, as relações bilaterais do Brasil com os Estados Unidos passam por um momento difícil. Para os que duvidem disso, basta uma visita a Washington e conversas francas com os membros da administração do presidente Barack Obama ou políticos de qualquer partido.

É difícil debitar integralmente ao unilateralismo norte-americano o visível mal-estar em relação ao Brasil.

Um país que se preze deve zelar por sua soberania e assegurar que suas posições internacionais sejam dignas, independentes e respeitadas.

Poucas coisas são mais desprezíveis do que uma política externa subserviente. E, no entanto, em vários momentos da história republicana ocorreram episódios de acomodação à posição dos Estados Unidos, cuja rememoração é penosa.

A ruptura das relações diplomáticas com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1947, no afã de mostrar serviço a Washington, em meio a um surto de macarthismo tropical que levou à decisão sobre a ilegalidade do Partido Comunista do Brasil. O envio de tropas no episódio de intervenção na República Dominicana, em 1965. As reações às pressões do governo Carter quanto à violação de direitos humanos no Brasil, em meio a um delírio de Brasil Grande nuclear que beirou o ridículo.

Em contraposição, muitos dos momentos memoráveis da história diplomática brasileira têm a ver com oposição aos Estados Unidos.

O lançamento das bases de uma política externa independente no início da década de 60, incluindo a posição independente mantida em Punta Del Este quanto a Cuba, e o reatamento de relações com a União Soviética. A política africana, especialmente a angolana, no governo Ernesto Geisel. A reiterada resistência ao unilateralismo da política comercial norte-americana: denúncias do uso ilegal de retaliações relacionadas à propriedade intelectual na década de 80, panels vitoriosos na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre subsídios ao algodão e ação em Cancún do G-20, que afundaria a proposta protecionista agrícola dos Estados Unidos e da União Europeia, mais recentemente.

Uma coisa é resistir com dignidade ao unilateralismo dos Estados Unidos. Outra é engajar-se em hostilidade gratuita que redunda em deterioração das relações com os Estados Unidos, sem que haja benefício para o Brasil e, no limite, com custos inequívocos para interesses brasileiros. É a situação que hoje se configura com longa lista de problemas bilaterais.

A postura de endosso automático dos líderes populistas vizinhos, em especial do mussolinismo mal disfarçado em neobolivarianismo de Hugo Chávez, em suas provocações reiteradas dos Estados Unidos. As trapalhadas no episódio hondurenho com a diplomacia brasileira, ao final, contentando-se com o papel de estalajadeiro silencioso. Os lamentáveis comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto aos opositores do regime cubano, que se somaram à recusa de concessão de asilo aos boxeadores cubanos.

No caso extremo, complacência com o Irã, ao arrepio da posição relativa a sanções, não apenas dos Estados Unidos, mas também de "parceiros estratégicos" como a França. As trapalhadas com Israel, como se não fosse possível adotar posição decente no Oriente Médio, apoiando as aspirações palestinas e contendo os notórios excessos do governo israelense, sem trocar ternuras com Teerã.

Agora, com a convergência das posições dos membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre sanções ao Irã, há o risco palpável, não apenas de perda de face, mas de prejuízos concretos de empresas brasileiras com interesses na região.

Tornaram-se cada vez mais controvertidas as razões que poderiam justificar as posições adotadas por Brasília.

Alguns pensam em perniciosa combinação de altivez, na acepção de arrogância e antiamericanismo visceral. Outros pensam em paralisia analítica exacerbada por excesso de oportunismo. Pobre Barão.

DOUTOR EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE DE CAMBRIDGE, É PROFESSOR TITULAR NO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA PUC-RIO


Jornais dos Países Membros do Mercosul


Argentina “La Nacion”


Opinión


Kirchner, réquiem para la Unasur
El ex presidente carece de méritos suficientes para ocupar la titularidad de la Unión de Naciones Suramericanas

Pocos ex presidentes han hecho menos méritos para ser honrados con un cargo en un organismo internacional que Néstor Kirchner. Sin embargo, a pesar de haber sido tan renuente a salir del país como a recibir a mandatarios extranjeros mientras ejercía la primera magistratura, ha sido promovido nuevamente para conducir los destinos de la Unión de Naciones Suramericanas (Unasur). Esta vez, tras un espaldarazo de Evo Morales en una reunión con Cristina Kirchner, el nuevo presidente de Uruguay, José Mujica, le quitó el veto que le había puesto su antecesor, Tabaré Vázquez, preocupado por el conflicto de las pasteras que su par rioplatense no sólo no quiso resolver, sino que fomentó.

Ese solo antecedente, la nula voluntad de Kirchner para acercar posiciones con Uruguay, bastaría para no recomendarlo para un cargo que, por nuevo que sea, requiere la mesura de un conciliador y el temple de un experimentado para evitar que las eventuales crisis que surjan en la región pasen a mayores. No parece ser el más adecuado aquel que rompió con la tradición diplomática del Río de la Plata y llevó el diferendo con Uruguay a La Haya, el máximo tribunal de las Naciones Unidas, mientras rompía lanzas con Chile, por la provisión de gas, y en forma periódica con Brasil.

Kirchner siempre menospreció la política exterior y, sobre todo, la de carácter multilateral. Cabe recordar que cuando se fundó la Unasur, en la cumbre presidencial realizada en Cuzco en diciembre de 2004, Kirchner faltó a la cita y se hizo representar por Daniel Scioli, entonces vicepresidente de la Nación. Todos, inclusive Lula, entendieron tal inasistencia como un desaire.

La postulación de Néstor Kirchner como secretario general de la Unasur fue promovida en agosto de 2008 por el presidente de Ecuador, Rafael Correa. En ese momento, Tabaré Vázquez decidió vetarla, así como los presidentes de Perú, Alan García, y de Colombia, Alvaro Uribe. Ahora, con el afán de recomponer la relación bilateral, Mujica pretende empezar "desde cero" y tratar con mano de seda al matrimonio presidencial argentino.

El cambio de posición de Uruguay, coincidente con la asunción del nuevo gobierno, no está sujeto al bloqueo de los puentes por la instalación de la compañía Botnia en la margen oriental del río Uruguay ni al fallo de la Corte Internacional de La Haya, previsto para fines de abril. Lo dejó en claro Mujica tras reunirse con su par de Brasil. Se trató, en realidad, de un mensaje que espera reciprocidad, así como su renovada apuesta al Mercosur. En el caso de la Unasur, de asumir Néstor Kirchner, sería el primer secretario general de su breve historia.

La posición de Mujica no es compartida por todo el Frente Amplio ni por los partidos de la oposición uruguaya. Le reprochan a Néstor Kirchner no haber cumplido con los compromisos asumidos con Uruguay y haber tenido actitudes hostiles contra su país. Lo cual es cierto. En el caso de Perú y Colombia, su excesiva sintonía con un presidente controvertido como Hugo Chávez ha creado muchas dudas sobre la imparcialidad con la que podría ejercer un cargo de esa envergadura.

Será el 4 de mayo, en Buenos Aires, cuando se defina, si hay consenso, la posible designación de Néstor Kirchner. La Unasur tuvo un papel relevante en la posición que tomaron los gobiernos de América del Sur frente a la decisión de Colombia de permitir que soldados norteamericanos se instalen en sus bases militares y en el rechazo al derrocamiento del ex presidente de Honduras, Manuel Zelaya. En ambos casos hubo acaloradas reuniones y fuertes pronunciamientos. Más atribuciones no tiene.

El mecanismo de designación del secretario general es por consenso. No debe ser unánime. Si ningún candidato obtiene los 12 votos habilitados, se impone quien cosecha más adhesiones. El único impedimento es un veto, como el levantado ahora por Uruguay. No llegaron a tanto Perú y Colombia; sólo objetaron la designación de Néstor Kirchner. Su mera candidatura, de todos modos, parece ser demasiado premio para alguien que, en su gobierno, ha subordinado la política exterior a la doméstica y no se ha caracterizado por propiciar la concordia entre la Argentina y otros países, empezando por el vecindario.


Sección: Política


El Gobierno pedirá a China que evite las trabas a la soja
El canciller Taiana se reúne con el embajador Gang Zeng; planteo por normas fitosanitarias
Lucas Colonna
LA

El gobierno de Cristina Kirchner reclamará hoy a la administración china la suspensión de las restricciones dispuestas a las importaciones de aceite de soja argentino con un argumento de corte científico. Fuentes diplomáticas confiaron a LA NACION que se sostendrá que la disposición adoptada, que implicaría un incremento en los estándares que se exigen a los productos para su ingreso al mercado asiático, no se atiene a las normas fitosanitarias dispuestas por la Organización Mundial de Comercio (OMC).

El planteo lo llevarán adelante hoy, a las 15, el canciller Jorge Taiana y el secretario de Comercio Internacional, Alfredo Chiaradía, ante el embajador de ese país en la Argentina, Gang Zeng.

La diplomacia esbozará, además, una defensa de las medidas antidumping aplicadas por la Argentina sobre el calzado y los textiles chinos, que fueron señaladas por los empresarios de la industria sojera como los principales desencadenantes de las trabas aplicadas por China a los productos derivados de la oleaginosa.

Existe una fuerte inquietud política y económica, pues el conflicto comercial con China le puede generar al país una pérdida de más de 1600 millones de dólares en la balanza comercial y otros 620 millones de dólares menos de ingresos fiscales por retenciones.

Pero el Gobierno sostiene que la restricción no perdurará en el tiempo, pues más del 50 por ciento de las importaciones de aceite de soja de China provienen de la Argentina y reemplazar ese volumen de insumos no resultará fácil en el mercado mundial.

"Va a haber una manifestación de reclamo y una demanda de eliminación porque la medida no tiene base científica, porque las normas en esa materia, que son las normas del acuerdo fitosanitario de la OMC, no indican que deba tener una exigencia tan grande la comercialización de aceite de soja crudo", dijo a LA NACION un alto funcionario oficial que participa de las negociaciones.

Regulaciones

"En principio, parecería que las demandas de China son demandas para que el producto tenga una fineza y sofisticación, y para que se produzca la eliminación de ciertos solventes que naturalmente están presentes en el aceite de soja crudo y no en el aceite que es finalmente refinado para consumo humano", agregó.

Si bien no fue comunicado formalmente, China hizo saber que podría modificar las regulaciones técnicas para el ingreso de los productos a su país. La disposición de las autoridades sanitarias chinas que podría afectar las exportaciones locales establecería un límite máximo de 100 partes por millón de residuos de hexano -solvente usado en la extracción de los aceites de semillas oleaginosas- en los embarques de aceite de soja crudo. El Senasa y la Cancillería estaban al tanto de la restricción y trabajaban para evitar su instrumentación.

Cerca del canciller Taiana, procuraban ayer restar trascendencia a eventuales motivaciones políticas en la decisión del gobierno de Hu Jintao. Las medidas, según interpretaron los empresarios del sector, podrían haber estado suscitadas en parte por la decisión de la presidenta Kirchner de cancelar sobre la hora la visita de Estado que tenía previsto hacer al gigante asiático en enero último. Pero a criterio del Gobierno, no existe relación alguna entre los sucesos.

"¿Cómo alguien puede pensar que un país tan importante como China puede tomar una decisión comercial trascendente por una cuestión tan ínfima como la que impidió circunstancialmente el viaje? Descartamos que una manifestación nuestra de una circunstancia interna pueda tener incidencia en una cuestión económica de esta trascendencia", dijo una alta fuente diplomática.

Los empresarios, en tanto, manifestaron expectativas ante la negociación de hoy. "Yo creo que siempre se espera encontrar una solución; si no, no se iría a negociar o a plantear", manifestó el vicepresidente de la Asociación de la Cadena de la Soja Argentina Miguel Calvo. En declaraciones a Radio 10, el empresario desechó, además, la posibilidad de que China deje de comprar totalmente aceite de soja.

LAS CIFRAS: US$ 620 son los millones en riesgo

La Argentina tendría menos ingresos fiscales por retenciones a las exportaciones.

50% se compra a la Argentina

China recibe de la Argentina esa proporción de aceite de soja para destinar a su mercado interno.

LA DISPUTA -JORGE TAINA-Canciller argentino

Restricción . Si bien no fue comunicado formalmente, China hizo saber que, además de las restricciones, podría modificar las regulaciones técnicas para el ingreso de los productos a su país.

Nuevas condiciones . Las autoridades sanitarias chinas establecerían un límite máximo de 100 partes por millón de residuos de hexano -un solvente usado en la extracción de los aceites de semillas oleaginosas- en los embarques de aceite de soja crudo.

Planteo local. El Gobierno sostiene que esa disposición no cumple estándares científicos requeridos por la OMC.


Paraguay “ABC”


Sección: Economía


Técnicos dudan del acuerdo Lugo-Lula

Referentes del sector energético expresaron de forma coincidente sus dudas sobre el cumplimiento de los compromisos asumidos por el presidente brasileño, Lula Da Silva, el pasado 25 de julio de 2009. Fue en el marco de un panel debate organizado por la revista especializada Mundo de la Electricidad, llevado a cabo la semana pasada en el salón auditorio de Radio Cáritas. Por ejemplo, el Ing. Oscar Gómez Varela señaló que hoy la situación está peor que antes. “Itaipú sigue debiendo más de 20.000 millones de dólares. Es una ofensa a la inteligencia. Se está perdiendo el tiempo. Tengan la certeza de que la línea de 500 kV no va ser construida con apoyo del Brasil”, aseveró.

El Ing. Walter Bogarín manifestó que “cantaba victoria el Gobierno paraguayo, pero que consideraba que se estaba frente una derrota más”. A su turno, el Abog. Guillermo Trovato dijo que el acuerdo del 25 de julio fue una mera expresión de deseos, pues nada tiene en concreto. “La supuesta donación de la línea de 500 kV es una farsa”, dijo.

El Ing. Alexandre Riline, por su lado, manifestó que la citada línea no va entrar en funcionamiento en el 2013 y que la situación del sistema eléctrico va a empeorar. “Se debe crear el Ministerio de Energía. El Paraguay debe buscar mejores hombres para negociar con el Brasil”, dijo.

Por su lado, el Ing. Mario Tomasi señaló que la revisión de la deuda fue resignada, que es el “punto clave”, porque influye en la tarifa de la energía eléctrica. Por su parte, el Ing. Carlos Buttner sostuvo que “la prioridad debe ser disponer de nuestra energía de Itaipú para el desarrollo del país, considerando que el país hoy ya requiere de esa energía.


Uruguay “El Pais”


Sección: Marítima


Rigby: prudencia en tarifas portuarias. Conclusión.
Montevideo ya es un puerto caro comparado con cinco del Brasil y Bs As.
EMILIO CAZALÁ

De acuerdo con el volumen de contenedores que mueve el puerto de Montevideo, según voceros navieros, de incrementarse las tarifas portuarias y las de los Prácticos, pondría a nuestro puerto en desventaja frente a los del Brasil haciéndolo aun más caro.

"Los armadores y quienes integramos el Centro de Navegación, estamos preocupados ante un eventual incremento de los costos portuarios empujados por la ANP y por los Prácticos de Puerto. De aplicarse ambas reclamaciones ello traería como consecuencia que el Puerto de Montevideo se desubicaría competitivamente con los puertos de la región, generando situaciones logísticas adversas para los armadores y consecuentemente para el Comercio Exterior uruguayo. Según lo trascendido, el ente portuario proyecta aumentar la tarifa del atraque a los muelles públicos, creemos para solventar los costos de dragado y a su vez los Prácticos solicitan la actualización de sus actuales tarifas dolarizadas". Estas fueron expresiones de Jimmy Rigby, gerente general de Hamburg Sud sucursal Uruguay, a lo largo de una entrevista con EL PAÍS donde el tema principal fueron las tarifas portuarias y sus consecuencias. Quizá valga la pena recordar que los costos de muellaje ya fueron aumentados el año pasado en un 400% por parte de TCP y es el caso ahora que la ANP quiere acompañar con los incrementos proyectados para acercarse a dicha cifra.

"De todo este asunto -dice nuestro entrevistado- dispongo de datos completos y confirmados que debilitarían la estratégica posición portuaria regional de Montevideo si se concretan los aumentos proyectados. Cuando hablo de los gastos de escala incluyo faros y balizamiento, uso de puerto y muellaje, amarre y desamarre, remolque, Prácticos, lancha de prácticos y todos los extras que contiene la tarifa de practicaje. Todo esto está contenido en un reciente estudio que compara las tarifas de 5 puertos de la región (Sepetiba, Rio Grande, Santos, Buenos Aires y Montevideo) del cual surge que con excepción de Buenos Aires que aplica un colosal recargo de peaje, el costo actual de una escala en Montevideo (sin los aumentos a estudio) ya es el más caro. Si además prorrateamos esos costos de escala por el promedio de contenedores movilizados en 13 puertos de la costa Este (desde Manaos hasta Montevideo) también notaremos que Montevideo es el más caro. Más aun, el puerto de Rio Grande do Sul, es 50% más barato y Navegantes que nos maneja un volumen similar al de Montevideo, un 20% más barato que Montevideo.

Este análisis -dice Rigby- pulveriza el largamente acuñado pero nunca fundamentado mito que Montevideo es el puerto más barato de la región y de aplicarse las nuevas tarifas de muellaje y de practicaje, será un hecho irreversible que el puerto de Montevideo se va a descolocar en la región al perder su capacidad de competir con los puertos vecinos y los que ya están en construcción, prontos a ser inaugurados.

Esto nos recuerda conceptos del Ingeniero Puntigliano cuando dijo que las obras de infraestructura hay que realizarlas anticíclicamente de tal forma que cuando entremos en tiempos de bonanza y vuelvan los negocios y los volúmenes de contenedores, estemos debidamente preparados para enfrentar ese desafío". A esta verdad, Jimmy Rigby agrega que "las que nunca pueden comportarse anticíclicamente son las tarifas, más ahora que debido a la larga crisis que enfrenta el comercio globalizado se están dando a la baja mientras que el Puerto de Montevideo erróneamente interpreta que se da una ventana de oportunidad para subirlas, debido mayormente a sus necesidades recaudatorias. Me parece valioso recordar que los puertos están permanentemente compitiendo entre sí porque en todos ellos se realizan actividades similares con equipos similares y rendimientos parecidos, teniendo como valor central comparativo el volumen de contenedores que maneja cada puerto y lógicamente sus tarifas.

Por ejemplo el puerto de Hamburgo, donde se han bajado recientemente las tarifas de practicaje y de muellaje para ser más competitivo frente a sus vecinos de Rotterdam, Amberes y Bremerhaven.

En relación al aumento que proponen los Prácticos, tenemos un estudio hecho por nuestra casa central en San Pablo donde se compara -entre otros puertos- el gasto de practicaje de Buenos Aires con Montevideo. Es un minucioso estudio que analiza los tiempos del practicaje o sea la cantidad de horas de servicio del práctico en el puente del barco y la distancia de ese servicio, es decir la cantidad de millas de navegación realizadas por el Práctico a bordo de un buque ejemplo de 40/50.000 toneladas de registro bruto. En este caso se compara el practicaje de puerto de Bs.As. Que va desde Zona Común a Dock Sud (60 millas con 6 horas de servicio de practicaje) contra el del puerto de Montevideo (aprox. 9 millas con 1,5 horas de servicio) y arribamos a la matemática conclusión que el precio del servicio en Montevideo es en términos de tiempo de servicio seis veces y media más caro y en términos de distancia once veces más caro que el de Buenos Aires. Cabe acotar que el servicio de Practicaje representa entre un 25 y 40% del gasto total del barco en cada escala".

Para concluir, Jimmy Rigby subraya la imperiosa necesidad de que la comisión multisectorial recientemente creada con el fin de revisar el pretendido aumento de las tarifas portuarias se ubique en el contexto regional y actúe precisa, honesta y ejecutivamente como lo requiere la dinámica actividad del comercio exterior y su logística.


“La Republica”


Sección: Agro


La integración regional supone duros aprendizajes. Pollo. Brasil obtiene el 4% de un mercado en expansión
El gobierno uruguayo generará mecanismos compensatorios.
Gonzalo Riet

Tanto el Presidente de la República como el ministro de Ganadería, Agricultura y Pesca, desautorizaron las declaraciones de los criadores de pollos que se oponen a la entrada de una partida de animales de Brasil postulando que sería el fin de sus fuentes de trabajo, al tiempo que las autoridades anunciaron que les explicarán el contenido del acuerdo.

El presidente José Mujica fue muy terminante: "No saben de lo que están hablando, esperen a ser informados", sostuvo en su lenguaje claro y directo. Por su parte, el ministro Aguerre informó que este lunes se reunirá con los productores para informarles del acuerdo alcanzado con Brasil. Al retornar de Brasil, Aguerre fue muy claro al señalar que esta apertura parcial del mercado uruguayo a la producción brasileña acelerará el comercio bilateral, que ha encontrado en los últimos tiempos varios obstáculos con nuestro principal socio comercial.

Es más, el ministro comenzó afirmando que la prohibición uruguaya de importar pollos de Brasil "era insostenible". El jerarca adelantó que se autorizará el ingreso de 120 toneladas mensuales de pollos, un 4% de las 75.000 toneladas que representan la producción nacional. Según la información oficial de INAC, que lamentablemente a comienzos de abril no ha proporcionado las cifras de vente de carne en diciembre en Montevideo (parecería que se ignora la importancia que tiene el mercado interno en el consumo de carne), en 2007 se vendieron ­solamente en Montevideo, porque aún no existen cifras de INAC de todo el país­ 14.366 toneladas de carne de pollo; en 2008 fueron 16.579 toneladas y todo hace prever que en 2009 fueron más de 20.000 toneladas. A ello deben sumarse las exportaciones y el consumo del interior del país, que es ampliamente superior al capitalino en todos los rubros de la carne.

El grupo empresarial aviar equivocó el camino para realizar un lobby victorioso. En primer lugar, antes de conocer las características del acuerdo alcanzado con Brasil y la fundamentación del gobierno; seguidamente, aun conociendo generalidades sostuvieron que sería el fin de la industria nacional, lo que parece que está muy lejos de ser una realidad. Probablemente, sí, deberán invertir para poder competir en mejores condiciones, pero eso forma parte del quehacer empresarial en todo el mundo.

David ayuda a Goliat

Por otro lado ni se han enterado de que hoy Uruguay está mucho mejor posicionado que Brasil en materia de confiabilidad y calidad en sus carnes, por lo que Brasil "necesita" que Uruguay, su pequeño y humilde vecino y socio del Mercosur, concrete una compra aunque sea simbólica para afirmar sus ventas. También desconocen que EEUU, que es el principal productor avícola mundial, también viene bregando hace muchos años para poder vendernos pollos con un producto altamente subsidiado, a lo cual nuestro gobierno se ha negado a acceder ( imagínense los productores su situación si tuviéramos firmado un TLC con EEUU). En síntesis, ¿qué es lo que ha hecho el gobierno? El ministro Aguerre señaló: "Esto permitió acelerar el comercio con Brasil", es decir que negociamos 4 % de entrada de pollos para conseguir exportar leche líquida y en polvo, que implican unos 30 millones de dólares, al igual que una serie de productos uruguayos que eran demorados en la frontera brasileña sin justificación alguna. Y si con ello no basta, el presidente Mujica al tiempo de solicitarles que no se apresuraran en sus juicios hasta conocer lo sucedido, aclaró que se actuó en función de los intereses generales de la nación y no de un grupo de productores en particular.

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