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Clipping Mercosul 07/04/10 www.camara.gov.br/mercosul

Jornal “Folha de S. Paulo”


Editorial


À mesa com os EUA

TÊM SE movido na direção desejável as tratativas com os Estados Unidos acerca do direito concedido ao Brasil, pela Organização Mundial do Comércio, de retaliar os subsídios a produtores de algodão norte-americanos.

Segundo o entendimento do órgão multilateral, enquanto continuarem a vigorar os incentivos agrícolas irregulares o Brasil terá direito a compensações -seja por meio da sobretaxação de bens importados dos EUA, seja pela suspensão da proteção a patentes de empresas do país.

Em 2010, o valor total das retaliações poderia ultrapassar o montante de US$ 800 milhões. Cabe à OMC, a cada ano, calcular o tamanho da infração americana e os novos valores de sanção.

O governo tem protelado a adoção de medidas, enquanto busca forçar os EUA a entrarem em acordo. A estratégia trouxe resultados anteontem, quando os negociadores americanos fizeram suas contrapropostas.

Está na mesa a oferta da criação de um fundo de US$ 147 milhões anuais para ser usado pelos produtores de algodão brasileiros, o congelamento de parte dos incentivos aos exportadores do produto nos EUA e a abertura parcial do mercado americano à carne bovina brasileira.

Tudo somado, o Brasil receberia menos do que aquilo a que tem direito. O Itamaraty pode pressionar por ganhos maiores, mas não deve se guiar apenas pelo valor financeiro das sanções. Sua aplicação também traz embutido o risco de prejuízos para o país, na forma de contrarretaliações, ainda que disfarçadas.

Os norte-americanos temem sobretudo a possibilidade da aplicação inédita de sanções contra suas patentes. Criaria um precedente que em nada interessa ao governo daquele país.

São incomuns, para dizer o mínimo, as atuais possibilidades de barganha do Brasil com a maior potência econômica do mundo. É hora de negociar.


Caderno: Dinheiro


Patentes aceleram acordo sobre algodão
Pressão de laboratórios, que se viram ameaçados por retaliação cruzada, levou governo dos EUA a buscar entendimento
Conselho Nacional do Algodão dos EUA divulga nota em que afirma que viu o acordo entre os países como "avanço significativo"
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Ao celebrar o que os negociadores mais céticos chamam de "pré-entendimento" com os EUA na contenda sobre os subsídios de Washington ao setor algodoeiro, a diplomacia brasileira festeja o sucesso de sua tática: forçar lobby contra lobby no Congresso americano.

O Itamaraty voltou sua mira para a propriedade intelectual -ponto dos mais sensíveis no comércio americano, sobretudo no que toca a patentes de remédios- desde que obteve da Organização Mundial do Comércio o direito de aplicar a "retaliação cruzada", que permite impor sanções contra outros setores que não o diretamente envolvido na disputa.

A ideia não era retaliar, coisa que o chanceler Celso Amorim sempre descreveu como última opção e que o Itamaraty admitia nos bastidores ser uma operação complexa e de benefício questionável em termos econômicos. Era neutralizar a poderosa bancada agrícola dos EUA com uma força equânime: o lobby farmacêutico.

Mas isso só daria certo quando a indústria de medicamentos passasse a crer no risco iminente. Como o direito obtido é inédito, a questão se tornou nevrálgica para Washington, temeroso de criar o precedente.

Foi só quando o Brasil publicou para consulta pública os itens que seriam alvo de uma retaliação cruzada que a Casa Branca sentiu a água bater e enviou ao Brasil a vice-representante de Comércio com as primeiras propostas a serem lidas como tais pelos brasileiros.

Antes de se sentir de fato na berlinda, os americanos tentaram implodir a ação por dentro, acenando a alguns setores da indústria brasileira envolvidos na elaboração da demanda com incentivos e propostas de maior abertura ou parceria e assustando outros com ameaças de "contrarretaliação".

Na descrição de um diplomata à Folha, para reverter esse espírito, era preciso que o Congresso americano começasse a ser cobrado por outro setor poderoso. Se as propostas vão virar acordo de fato, ainda é algo vago no horizonte, mas o Itamaraty mostra mais otimismo.

Nos EUA, a negociação foi recebida com bons olhos. O Conselho Nacional do Algodão dos EUA, que representa sete setores algodoeiros de 17 Estados e vinha criticando a atitude do Brasil, divulgou nota em que afirma que viu o acordo como "avanço significativo".

"O acordo é um desdobramento positivo nessa longa disputa e sinaliza um avanço para EUA e Brasil", afirmou o presidente da entidade, Eddie Smith. "Ele impede efeitos imediatos prejudiciais à economia no caso de uma retaliação e coloca a discussão sobre mudanças no programa algodoeiro americano no Congresso."

Mesmo o deputado Frank Lucas, líder dos republicanos na Comissão de Agricultura da Câmara e que questionara a suspensão da retaliação, mostrou-se otimista. "É o primeiro passo no processo de criação de resolução de longo prazo e reconhece que mudanças nesses programas [de subsídios ao algodão] só podem ser consideradas na próxima autorização do Orçamento [em 2012]."


É melhor negociar que retaliar
RUBENS RICUPERO
COLUNISTA DA FOLHA

Fez bem o governo norte-americano em apresentar proposta séria para resolver o contencioso do algodão e fez melhor o Brasil em aceitar adiar a retaliação. O ocorrido confirma o acerto da posição brasileira: preparar-se para ir às últimas consequências com esperança de que bastaria a ameaça para romper a paralisia.

A oferta dos EUA é interessante porque dois de seus elementos -o fundo para ajudar a competitividade do algodão brasileiro e a limitação da mais danosa modalidade de subsídios, as garantias dos créditos de exportação- se referem diretamente à questão central em disputa. No primeiro caso, recompensam a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), que arcou com os gastos do processo ganho pelo Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio).

O terceiro componente é a promessa de reconhecer Santa Catarina como livre de aftosa sem vacinação, o que possibilitaria a exportação de carne suína aos EUA. É uma primeira brecha na muralha que até hoje impede o Brasil de vender carnes ao mercado americano. Se fizermos nossa parte na melhora sanitária dos rebanhos, pode representar ampliação do acesso a outros países, sobretudo asiáticos, sensíveis ao valor da chancela americana.

A solução final pode demorar, pois a abolição total dos subsídios ao algodão depende da mudança da lei agrícola que vigorará depois de 2012. Trata-se, porém, de indício animador de que o governo Obama está disposto a usar contra o protecionismo do Congresso o capital de influência que acaba de ganhar com a aprovação da reforma da saúde. De qualquer forma, é difícil imaginar que os americanos voltem atrás nos três elementos já prometidos.

Se o avanço se confirmar no Congresso, todos sairão ganhando. Os EUA, em credibilidade para exigir dos parceiros as concessões de que precisam para dobrar as exportações em cinco anos. O Brasil, por ver recompensada com ganhos concretos sua luta solitária para pôr os subsídios agrícolas fora da lei. Aliás, luta limpa, já que jamais usamos retaliação ilegal e unilateral como os americanos fizeram conosco em 1988/ 89. A OMC, atolada no pântano da Rodada Doha, cobrará ânimo novo devido à valorização do seu sistema de solução de litígios.

Iniciado no governo anterior, esse é um processo que demonstra a vantagem de uma diplomacia de continuidade, objetiva e pragmática, voltada à solução séria de problemas concretos, em contraste com tantas iniciativas de fogo de artifício ideológico e protagonismo propagandístico que não levam a nada.

RUBENS RICUPERO , 73, diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, foi secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e ministro da Fazenda (governo Itamar Franco).


Empresários veem 1º passo, mas cobram ações
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

A demonstração de boa vontade que os EUA deram fazendo ofertas palpáveis para evitar uma retaliação por causa dos subsídios concedidos aos seus produtores de algodão significa um bom primeiro passo, dizem empresários e especialistas brasileiros.

Ótimo mesmo será se, ao cabo da negociação, o problema do favorecimento indevido aos cotonicultores americanos ganhar uma solução de fato. "O gesto sem dúvida é muito importante e positivo. Agora, vamos ver como as intenções se concretizam", afirma José Mário Schreiner, presidente da Faeg (Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás).

"Acho que foi uma saída honrosa, um final feliz. Vai favorecer as exportações como um todo", comenta Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína) e iniciador do contencioso quando ocupava a secretaria de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura.

A criação de um fundo de US$ 147 milhões anuais para buscar o aprimoramento do cultivo e o combate às doenças do algodão foi muito bem recebida -embora haja instituições como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e companhias privadas nesse trabalho, o montante agora disponível vai possibilitar um grande avanço na área, de acordo com os empresários.

Para José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), os valores envolvidos, substanciais, mostram até que há uma percepção da importância do Brasil. "Entretanto, o que temos até o momento é uma carta de intenções. Precisamos esperar para que se transforme em negócios."

Na opinião de Mario Marconini, diretor de negociações internacionais da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o ponto mais difícil nas negociações a partir de agora será obter um acordo concreto sobre a revisão da legislação agrícola americana em 2010. Por enquanto, a proposta do EUA menciona ajustes que podem ser realizados sem mexer nas leis específicas que determinam os subsídios, as quais só devem ser discutidas daqui a dois anos. "A conversa a respeito dessa questão vai continuar, considerando a possibilidade de retaliação e as compensações que foram colocadas na mesa. Até o dia 22 tem que sair uma definição", diz.

Até agora, na sua avaliação, o processo seguiu a cartilha tradicional: houve uma ameaça de retaliação e, até o final da semana passada, os EUA não haviam se manifestado. Mas, finalmente, apresentaram uma proposta. "Os americanos perceberam que não é bom entrar em uma guerra comercial com o país."


Jornal do Senado


Caderno: Agenda


Mercosul
Dois requerimentos em discussão

A reunião da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul analisa dois requerimentos: o que pede um debate sobre o reconhecimento no Brasil de títulos acadêmicos oriundos dos demais países do bloco; e o que propõe seminário com a participação de representantes de jardins botânicos dos países que integram o Mercosul, em parceria com o Jardim Botânico de Brasília.


Caderno: Relações Exteriores


Representação analisa acordo com Paraguai sobre Itaipu

O acordo político firmado com o Paraguai em julho do ano passado, que triplica o pagamento feito pelo governo brasileiro pela utilização da energia da usina hidrelétrica binacional de Itaipu, passa hoje pelo seu primeiro teste no Congresso Nacional. A mensagem que submete ao Legislativo as "notas reversais" mediante as quais se autoriza o aumento do pagamento será analisada, a partir das 14h30, pela Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul.

Atualmente, o Paraguai recebe US$ 120 milhões por ano pela cessão ao Brasil da energia de Itaipu que não utiliza para seu próprio consumo. Com o acordo, o país vizinho terá direito a mais US$ 240 milhões a cada ano, por meio da ampliação do chamado "fator de multiplicação" utilizado para o cálculo do valor a ser pago, de 5,1 para 15,3.

O relator, deputado Dr. Rosinha (PT-PR), ex-presidente do Parlasul, recorda que a elevação do pagamento vem acompanhada de importantes concessões do lado paraguaio: a regularização fundiária de agricultores de origem brasileira no Paraguai e a regularização migratória de brasileiros que vivem naquele país. Caso seja aprovada, a mensagem passará a tramitar na Câmara dos Deputados. A aprovação do acordo é tão importante para o Paraguai que uma delegação do país vizinho já visitou a Câmara no início deste ano.


Mesquita Júnior sugere comissão sobre migrantes no Parlasul

Milhões de brasileiros, paraguaios, uruguaios e argentinos moram fora de seus países de origem, grande parte como clandestinos. Por isso, Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) vai propor ao Parlamento do Mercosul a criação da Comissão para Assuntos dos Migrantes do Mercosul.

O senador disse ter "assistido emocionado" a depoimentos gravados de pessoas que estão morando fora de seu país de origem, em reunião da Comissão de Direitos Humanos do Parlasul.

– Na Itália, por exemplo, a situação complicou-se depois que o governo propôs, e o Parlamento aprovou, medidas severíssimas contra pessoas de outros países que lá se encontram buscando a sobrevivência, após deixarem seus países por não encontrarem condições satisfatórias de vida – disse .

A comissão proposta por Mesquita Júnior trataria exclusivamente de questões de interesse dos migrantes, como a remoção dos obstáculos que impedem sua regularização nos países que escolheram para viver e trabalhar.

O senador destacou que os migrantes, incluindo os clandestinos, são responsáveis pela remessa de bilhões de dólares para seus respectivos países de origem. Mas esses trabalhadores, muitas vezes, enfrentam sérios problemas até para efetuar esses repasses.

Jornal do Brasil


Caderno: Economia


Missão brasileira discute cooperação com Bolívia
Agência AFP

Uma missão de funcionários e empresários brasileiros, liderada por Marco Aurélio Garcia, assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, discutirá com as autoridades bolivianas em La Paz programas de investimento em mineração e hidrocarbonetos, e cooperação na luta contra o narcotráfico.

Um funcionário da embaixada do Brasil na Bolívia disse à AFP que Marco Aurélio Garcia chegaria à La Paz na tarde de ontem e se reunirá hoje com o presidente Evo Morales. As equipes técnicas do governo e empresários brasileiros também devem se reunir com outras autoridades bolivianas.

Os temas que serão discutidos são de natureza energética, de integração de hidrelétricas, construção de um polo químico de gás (na fronteira binacional), combate ao narcotráfico e industrialização do lítio boliviano, afirmou a fonte da embaixada, que não quis se identificar.

La Paz e Brasília têm um acordo como ponto principal de sua relação bilateral, assinado em 1999, que permite a venda até 2010 de cerca de 30 milhões de metros cúbicos diários de gás natural, principalmente para o estado de São Paulo.

O Brasil também aprovou nos últimos anos vários créditos para o asfaltamento de estradas, como um de US$ 230 milhões para o corredor bioceânico entre as cidades de La Paz e Riberalta, no extremo norte do país, vizinho do estado brasileiro de Rondônia.

Entretanto, os principais temas do diálogo boliviano-brasileiro que será realizado em La Paz serão o energético e o minerador.

A Bolívia deseja que o Brasil, com a tecnologia e os recursos que possui, a ajude a construir um polo de desenvolvimento para industrializar seus campos de gás natural no povoado boliviano de Puerto Suárez, no extremo leste e vizinho do estado de Mato Grosso do Sul.


Jornal “Valor Econômico”


Caderno: Brasil


Compensação ao Brasil não precisará passar pelo Congresso americano
Recursos para cotonicultores virão do Departamento de Agricultura
Assis Moreira, de Genebra

Os Estados Unidos vão pagar ao Brasil a compensação de US$ 147 milhões anuais, para um fundo destinado aos cotonicultores, usando recursos do Departamento de Agricultura e sem precisar de aprovação do Congresso, revelou ontem ao Valor o USTR, a agência de representação comercial americana. A origem dos recursos é importante quando se leva em conta que uma compensação de apenas US$ 3,3 milhões que os EUA prometeram pagar para a União Europeia (UE) ficou bloqueada anos no Congresso.

A informação dada pelo USTR, após consultas com o Departamento de Agricultura, significa que os produtores brasileiros poderão ter acesso mais rápido à compensação financeira por causa da manutenção pelos EUA de subsídios condenados pela Organização Mundial do Comércio (OMC). E isso pode ajudar a concretizar o acordo para engavetar a retaliação contra produtos americanos.

Um dia depois do anúncio de suspensão da entrada em vigor da sanção, negociadores tratavam de dizer que nada está concretizado e tudo dependerá da negociação bilateral nos próximos dias. "Até o dia 21 vamos negociar os passos iniciais nessas três áreas", disse o embaixador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo, que negociou com os americanos em Brasília. "Se até lá não houver entendimento, não passaremos para a segunda etapa dos 60 dias de negociações e a retaliação entrará em vigor."

Em Washington, o principal negociador comercial americano, Ron Kirk, se declarou satisfeito com "os termos do acordo" que poderá evitar sanção que os americanos calcularam em US$ 820 milhões e afetaria suas exportações de automóveis, remédios, equipamentos médicos, eletrônicos, têxteis, trigo, frutas e nozes, algodão, além de serviços e patentes.

O USTR e o Departamento de Agricultura informaram que os EUA concordaram em fazer "algumas modificações de curto prazo nas operações" do programa de garantia de crédito à exportação e se engajar com o Brasil em "discussões técnicas" sobre futuras operações do programa. Também concordaram em publicar portaria até o dia 16 reconhecendo Santa Catarina como livre de febre aftosa e outras doenças, e em completar a avaliação de risco e identificar "medidas apropriadas de mitigação" para determinar se a carne bovina fresca pode ser importada do Brasil evitando ao mesmo tempo a entrada de febre aftosa nos EUA.

Sobre o fundo de compensação, apenas disse que terá requerimentos de "transparência e auditoria". E quanto ao financiamento, a informação é de que os congressistas podem ser evitados e "o Departamento de Agricultura pode contribuir para esse fundo com as dotações existentes".

Os americanos até cumprem seus compromissos - mas demoram e é preciso paciência quando envolve o Congresso. Basta ver outro caso de compensação. Em fins de 2000, a OMC decidiu que os EUA violavam as regras ao isentar bares, lojas e restaurantes de pagar taxas pela difusão de música irlandesa. Em novembro de 2001, um comitê de arbitragem da OMC deu à UE o direito de impor retaliação anual de US$ 1,2 milhão sobre produtos americanos se os EUA não alterassem sua legislação condenada.

Um mês depois o então negociador comercial dos EUA, Robert Zoellick, e o comissário europeu do Comércio, Pascal Lamy, alcançaram um princípio de acordo de compensação de US$ 3,3 milhões, divididos em três anos, para um fundo de apoio à música irlandesa. Ocorre que o Congresso americano nunca alocava o dinheiro para o fundo especial. Somente em junho de 2003 é que os congressistas finalmente aprovaram uma dotação orçamentária para pagar a mísera compensação aos europeus.

A UE se saiu mal no contencioso, porque em dezembro de 2004 o acordo expirou, não foi renovado, nenhum pagamento adicional foi pago por Washington, e até hoje os EUA não modificaram sua legislação condenada pela OMC.

Um representante da UE contou que contatos bilaterais continuam ocorrendo para encontrar uma solução nessa disputa. Desde 2004 os EUA são obrigados a dar conta periodicamente na OMC se implementaram a decisão dos juízes. E a explicação é a mesma, com idênticas palavras, nos últimos sete anos: a Casa Branca continua discutindo com o Congresso.

No caso do Brasil, mais problemática será a mudança no funcionamento do programa de garantias de crédito à exportação, que alcançou US$ 5,4 bilhões para uma variedade de exportações de commodities no ano fiscal de 2009, encerrado em setembro. Pedro de Camargo Neto, na origem da disputa do algodão, sugere firmeza: "Está na hora de os EUA respeitarem as regras da OMC", disse.

Conforme diversos relatos, na negociação na quinta-feira, em Brasília, os americanos não apareceram com proposta nenhuma. O que fizeram sobretudo foi pedir adiamento por 60 dias da entrada em vigor da sanção. Quando isso foi recusado, eles perguntaram o que o país queria para não retaliar. A cada demanda brasileira, a resposta era de que Washington não podia atendê-la. E sempre vinha a ameaça de que se o Brasil retaliasse, a situação bilateral ia "ficar feia".

Os brasileiros retrucaram que já estavam habituados com isso. E que a retaliação seria aplicada. Os americanos mudaram então de atitude e passaram da ameaça ao exame do cardápio apresentado pelos negociadores brasileiros. Anotaram tudo, comentando que achavam difícil que fossem atendidas e retornaram a Washington. Na segunda-feira, enviaram por escrito a promessa em três pontos, que agora será negociada para se transformar em realidade. "Eles não ofereceram nada, nós é que arrancamos (promessas de concessões)", disse uma fonte de Brasília.


Lamy vem ao país para discutir a Rodada Doha
De Genebra

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, estará nos dias 17 e 18 em Brasília para discutir os rumos da combalida Rodada Doha de liberalização global. O encontro de Lamy com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ocorrerá no rastro da recente avaliação dos 153 países membros da OMC sobre Doha, que mostrou um único país, os Estados Unidos, sem disposição de negociar.

Os EUA praticamente vetaram discutir as divergências comerciais de maneira mais aprofundada no encontro de presidentes e chefes de governo do G-20 marcado para junho em Toronto, no Canadá. Os canadenses, aliados incondicionais dos americanos, não querem causar embaraços a Barack Obama e estão "engavetando" a tentativa brasileira de levar os líderes a dar mais uma vez o já famigerado e sem credibilidade 'impulso político' na negociação global.

"Falar em Doha hoje é um embaraço para os EUA", diz um negociador em Genebra, refletindo a que ponto Washington bloqueou a rodada visando liberalizar as trocas mundiais. Uma dificuldade na retomada de Doha é a demanda considerada excessiva dos EUA pela abertura dos mercados do Brasil, China e Índia sem querer pagar a contrapartida com abertura do próprio mercado. O impasse de Doha, entretanto, não reflete problemas específicos da OMC, mas falhas na governança global. Nesse cenário, Lamy vem provocando o debate sobre o que deveria ser uma governança global eficaz.

De Brasília, Lamy vai ao Uruguai participar da reunião do Grupo de Cairns, de produtores agrícolas, que já foi importante nas negociações, mas perdeu peso desde que o Brasil criou o G-20 agrícola. (AM)


Jornal “O Estado de S.Paulo”


Notas & Informações


Trégua na guerra do algodão

A disputa entre Brasil e Estados Unidos por causa dos subsídios ao algodão americano poderá, afinal, desembocar num acordo razoável. Depois de receber uma proposta concreta para novas negociações, o governo brasileiro decidiu adiar até o dia 21 a aplicação das sanções autorizadas pela OMC. As subvenções pagas pelo Tesouro americano foram consideradas incompatíveis com as normas internacionais e condenadas depois de longo processo. Como Washington decidiu, apesar disso, continuar subsidiando os exportadores, restou ao Brasil o recurso à retaliação, procedimento agora adiado.

O governo dos EUA demorou a reagir, embora as autoridades brasileiras tenham sempre deixado clara sua preferência por uma solução negociada. Enquanto não surgiu a alternativa de novas conversações, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) preparou duas ações complementares de retaliação.

Em primeiro lugar, foi elaborada uma lista de produtos americanos sujeitos a taxas punitivas de importação. Para a segunda parte da sanção, foi selecionado um conjunto de setores ? incluídos o farmacêutico e o cinematográfico ? para a suspensão de direitos de propriedade intelectual. O governo americano só deu sinais claros de reação quando se anunciou a manobra contra patentes e direitos autorais.

As autoridades americanas tentaram inicialmente conseguir o adiantamento da retaliação sem apresentar uma proposta bem definida de compensação. O governo brasileiro continuou preparando a lista de sanções, que deveriam entrar em vigor hoje.

Enviados de Washington apresentaram três propostas: 1) criação de um fundo de R$ 147,3 milhões anuais para projetos de interesse da cotonicultura brasileira; 2) negociação de novos termos para um programa americano de garantias de crédito à exportação de produtos agrícolas; e 3) reconhecimento de Santa Catarina como área livre de aftosa sem vacinação.

As ofertas serão discutidas até o dia 21 e, se o resultado for satisfatório, a retaliação será suspensa por mais 60 dias, para uma tentativa de acordo final. O interesse maior do governo brasileiro ainda é, oficialmente, a eliminação total dos subsídios ilegais concedidos ao algodão americano. Mas o novo passo do governo dos EUA pode abrir caminho para uma solução de compromisso aceitável, se não for apenas uma tentativa de ganhar tempo.

A mera imposição de barreiras à importação resultaria em pouca ou nenhuma vantagem para o Brasil. Seria aumentada a tributação de 102 produtos, na maior parte de pouca importância no comércio bilateral.

A sanção seria pulverizada e os efeitos seriam menores para os produtores americanos. Além disso, os produtores e exportadores brasileiros de algodão nada ganhariam com isso. A retaliação cruzada ? com suspensão de direitos de propriedade intelectual ? seria mais dolorosa para os americanos, mas também não contribuiria para melhorar o comércio bilateral nem para fortalecer a economia algodoeira do Brasil.

O governo brasileiro não poderia simplesmente renunciar à retaliação, depois de um longo processo da OMC, o que significaria transformar, na prática, uma vitória em uma derrota. E isso seria desmoralizante para o sistema internacional de comércio. O custo maior dessa desmoralização caberia aos países em desenvolvimento e às economias desenvolvidas, mas de pequeno porte, sem peso para incomodar as maiores potências. A escolha da retaliação cruzada, com suspensão de direitos de propriedade intelectual, deu alguma eficácia à ação brasileira.

Se Brasília aceitar as compensações propostas por Washington e suspender a aplicação das sanções, terá havido na prática pelo menos uma vitória parcial. A vitória completa e mais compatível com as normas internacionais de comércio seria a suspensão das políticas americanas condenadas como ilegais. Mas o presidente Barack Obama dificilmente conseguirá apoio político, a curto prazo, para uma mudança tão ampla. E as autoridades brasileiras dificilmente largarão essa bandeira sem pelo menos encenar uma luta mais prolongada.


Caderno: Economia & Negócios


Congresso dos EUA só muda subsídio em 2012
Senadores americanos apoiam acordo com Brasil, mas deixam claro que cabe ao Congresso mudar as leis agrícolas do país e isso só ocorrerá em 2012

Senadores dos Estados Unidos deixaram claro ontem que a última palavra sobre os subsídios aos produtores de algodão é do Congresso e qualquer mudança significativa só ocorrerá em 2012. Os agricultores americanos também comemoraram o compromisso selado entre Brasil e Estados Unidos. No governo brasileiro, a expectativa é de alterações concretas até 20 de junho.

Na segunda-feira, negociadores americanos enviaram ao Brasil uma oferta para resolver a disputa sobre os subsídios aos produtores de algodão, após um processo vencido pelo País na Organização Mundial do Comércio. Em contrapartida, o Brasil adiou a retaliação contra os produtos americanos até 22 de abril.

A oferta americana inclui um fundo de US$ 147,3 milhões por ano para os produtores de algodão, a reforma do programa de garantia de crédito à exportação, e a liberação da importação de carne de Santa Catarina.

Ontem, a presidente do Comitê de Agricultura do Senado, a democrata Blanche Lincoln, e o vice-presidente, o republicano Saxby Chambliss, divulgaram um comunicado em que consideram "apropriado" um acordo para suspender as sanções.

Mas afirmaram que, "no fim das contas, o Congresso é o responsável por mudanças nos programas". E ressaltaram que vão trabalhar com o Executivo "para explorar mudanças no processo de reforma da Farm Bill (Lei Agrícola) em 2012".

Segundo relato feito ontem pelo chanceler Celso Amorim na Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro, a expectativa do governo americano é de obter até 20 de junho o aval do seu Congresso para firmar um acordo mais amplo com o Brasil, que envolverá a redução substancial dos subsídios. "Pela primeira vez, os EUA fizeram uma proposta que nos pareceu verdadeiramente séria", disse Amorim.

O Conselho Nacional de Algodão dos Estados Unidos, que reúne os produtores americanos, também afirmou que mudanças significativas nos programas de apoio ficarão para 2012. A entidade diz que uma alteração nos créditos à exportação poderia ser compensada por apoio em outras áreas e que o importante é que o dinheiro não desapareça.

"Os programas são como vasos comunicantes", disse uma fonte. Para o presidente da entidade, Eddie Smith, "o acordo evita efeitos danosos que viriam de retaliação e coloca a discussão séria sobre mudanças nos programas de algodão para 2012 no Congresso, que é onde o discussão deve ocorrer".

Decisão histórica. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou "muito satisfeito" e considerou "ótima" a decisão dos EUA de negociar a retirada dos subsídios à produção de algodão. Lula, segundo assessores, considerou a decisão "histórica" e demonstra uma "mudança de comportamento dos americanos". / RAQUEL LANDIM, JAMIL CHADE, DENISE CHRISPIM MARIN, TÂNIA MONTEIRO


Os dois mundos de Lula
Rolf Kuntz

O presidente Lula ouviu ontem o relato de mais um fracasso. Nenhuma das grandes metas fixadas para 2010 na impropriamente chamada Política de Desenvolvimento Produtivo será alcançada: o investimento não chegará a 21% do PIB; o Brasil não aumentará sua participação no comércio internacional; o gasto privado com inovação tecnológica ficará abaixo do projetado em 2008; não haverá, na exportação, o desejado aumento da presença das pequenas empresas. O quadro foi a atração principal de um almoço no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio. Um dia antes, ele havia cobrado, em reunião ministerial, medidas urgentes para expansão do financiamento às exportações. Segundo ele, os chineses vêm conquistando mercados nas barbas dos brasileiros e é preciso reagir.

Se o presidente precisasse de números para reforçar a cobrança, poderia ter citado um relatório divulgado no mesmo dia pela Cepal, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe. O documento contém um balanço da competição entre China e Brasil em 11 mercados ou blocos. Na disputa pela venda de produtos similares, o Brasil teve um ganho de US$ 13,6 bilhões entre 1995 e 2008. A China, um aumento de US$ 512,5 bilhões.

O presidente Lula exigiu financiamentos. Isso é pouco. Os países mais eficientes no comércio têm políticas de competitividade. O Brasil tem um arremedo de política industrial. Nos últimos dez anos a maior taxa de investimento em máquinas, equipamentos e construções ocorreu em 2008: 18,7% do Produto Interno Bruto. Todos os competidores importantes investem mais de 30% em capital físico. Os chineses, mais de 40%. Os brasileiros poderiam ser bem mais competitivos do que hoje mesmo sem chegar perto desse nível.

Mas o investimento físico é só uma parte da diferença. Os países mais dinâmicos no comércio têm políticas educacionais muito mais sérias e produtivas. No Brasil, os números mais animadores indicam o esforço de universalização. Houve um empenho, acentuado a partir dos anos 90, para eliminar o analfabetismo. Mas a baixa eficiência do sistema é evidenciada por fatos bem conhecidos.

Cerca de 20% dos brasileiros com idade igual ou superior a 15 anos são analfabetos funcionais. Empresários de vários setores queixam-se da escassez de mão de obra. Há muita gente em busca de trabalho, mas falta pessoal com um mínimo de qualificação. É desastrosa a formação básica em linguagem, matemática e ciências. No Brasil, o governo tem cuidado principalmente da multiplicação de vagas e de jovens diplomados, mesmo que os diplomas sejam obtidos em cursos de baixo nível e não abram perspectivas profissionais. Nos países com políticas sérias, procurou-se, nos últimos 30 anos, formar pessoal para participar efetivamente da produção e do crescimento econômico.

Na semana passada, o presidente disse ter feito uma revolução na educação. Deve ter sido um revolução com resultados comparáveis aos do PAC, o emperrado Programa de Aceleração do Crescimento. Essa é uma das características interessantes do presidente Lula: ele cobra resultados concretos de seus auxiliares, mas seu discurso político trata quase sempre de um mundo de fantasia. Tem sido assim com a imaginária política industrial, com a política educacional e com a diplomacia Sul-Sul.

Essa diplomacia atribui prioridade a parcerias com latino-americanos e outros emergentes. Mas são prioridades unilaterais. O governo brasileiro trabalhou contra as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Mas outros países da região não deixaram de buscar acordos com os Estados Unidos.

Com ou sem acordo, vários desses países têm tido acesso preferencial do mercado dos Estados Unidos. O Brasil não tem. Ao mesmo tempo, países latino-americanos têm concedido facilidades comerciais tanto aos Estados Unidos quanto aos chineses, enquanto o Brasil, nos acordos com os parceiros da região, sempre concede muito mais do que recebe.

O avanço chinês mais ameaçador para os brasileiros ocorreu na América Latina. Segundo a Cepal, a China teve um ganho de US$ 36,5 bilhões nas vendas ao mercado latino-americano, entre 1995 e 2008, nas áreas de competição com o Brasil. O Brasil perdeu US$ 698 milhões. A China avançou até na Argentina, sócia do Mercosul, onde as exportações brasileiras são sujeitas a barreiras protecionistas. Com um pouco mais de realismo, Lula cobraria não só financiamentos à exportação, mas também uma política industrial efetiva, uma reforma tributária para valer e uma diplomacia econômica sem fantasia. Mas para isso seria necessária uma iluminação como a de São Paulo, ao cair do cavalo na Estrada de Damasco.


Jornais dos Países Membros do Mercosul


Argentina “La Nacion”


Sección: Economía


Busca la Presidenta un pacto entre la UE y el Mercosur
Hasta hace poco se resistía; ahora ansía un éxito en política exterior y nuevas inversiones
Alejandro Rebossio
LA NACION

A diferencia de gobiernos anteriores, los de los Kirchner no habían privilegiado la búsqueda de una foto sellando un acuerdo de libre comercio sino la protección de industrias locales. Pero en los últimos meses, la presidenta Cristina Kirchner ha cambiado de estrategia en lo que hace a la antes moribunda negociación de un tratado entre el Mercosur y la Unión Europea.

Fuentes oficiales, diplomáticas y empresariales aseguran que la jefa del Estado ansía firmar el 17 de mayo en Madrid, en la Cumbre de América latina, Caribe y Unión Europea, aunque sea un principio de acuerdo entre los bloques. Para la Argentina, que preside durante este semestre el Mercosur, sería un éxito en política exterior, días antes de la celebración del Bicentenario, que podría mejorar la alicaída imagen de la Presidenta. En el mismo sentido se favorecería el presidente del gobierno de España, José Luis Rodríguez Zapatero, cuyo país ejerce la presidencia de la UE.

Pero la vocación aperturista hacia Europa de Cristina Kirchner no persigue sólo un impacto político sino también económico. Está convencida de que el acuerdo, que sería el mayor del mundo entre dos bloques, atraería nuevas inversiones de empresas europeas, que son las que más han invertido históricamente en la Argentina. Uno de los empresarios que convencieron a la Presidenta de esta oportunidad fue el número uno de Volkswagen Argentina y ex primer ministro socialdemócrata austríaco Viktor Klima.

También su colega de Fiat, Cristiano Rattazzi, ha impulsado el pacto, cuya negociación había comenzado en 1999, se había estancado en 2004 y ahora está resucitando. También la Sociedad Rural Argentina fogonea el acuerdo, que mejoraría los cupos de ingreso de carne a Europa sin arancel.

En cambio, las automotrices japonesas y norteamericanas, e incluso algunas europeas, se resisten a un acuerdo con el argumento de que las fábricas del Viejo Continente tienen capacidad ociosa y un acuerdo serviría para darles trabajo de exportación de coches medianos hacia la Argentina y Brasil, donde compiten los vehículos argentinos. La asociación de autopartistas AFAC también está preocupada y por eso escribió una carta al secretario de Relaciones Económicas Internacionales, Alfredo Chiaradia, y a la ministra de Industria, Débora Giorgi, en la que les recuerdan un informe del Centro de Economía Internacional de la Cancillería sobre un eventual acuerdo: "El Mercosur solamente podría aumentar sus exportaciones a la UE con la eliminación de todas las trabas al comercio de bienes agropecuarios, pero inevitablemente su industria sufrirá fuertemente la competencia de la industria comunitaria". Giorgi les ha prometido a los industriales que no se los "entregará", pero también les advirtió a los autopartistas que tendrán que liberalizarse tras un período de transición.

Hoy se reunirán en Buenos Aires los técnicos del Mercosur para llevar una propuesta común a los europeos a fines de mes en Bruselas. Brasil, antes más entusiasmado con el acuerdo que la Argentina, ahora recuerda sus reparos. Se resiste a abrir los servicios, en especial el financiero. Pero algunos negociadores especulan con que su presidente, Luiz Inacio Lula da Silva, quiere postergar el acuerdo al segundo semestre del año, cuando ejerza la presidencia del Mercosur, para despedirse del gobierno con el pacto con la UE.


Uruguay “La Republica”


Sección: Politica Nacional


Proyecto de Aratirí 'está muy verde'. Presidente Mujica.
Anunció posible acuerdo con Argentina para abaratar 'peaje' al gas de Bolivia

El presidente de la República, José Mujica, exhortó a no realizar "comentarios apresurados" sobre el proyecto de la minera Aratirí, porque la iniciativa "es posible, pero está muy verde" y en este momento es prácticamente la "insinuación" de una posible inversión.

En su audición "Habla el Presidente" que se emite por la FM M24, el primer mandatario comenzó haciendo una breve referencia a los temas que habló el lunes con la presidenta argentina Cristina Fernández.

Dijo que hay que pagar el "peaje natural correspondiente, pero no más" para traer el gas desde Bolivia, a través de Argentina, logrando un precio más razonable que el actual, "tal vez 40 o 50% menos", lo que equivaldría a "darle mucha vida" a los sectores que consumen mucha energía.

"También teníamos que hablar con la República Argentina de los canales de navegabilidad, empezando por el canal Martín García, tan importante para nuestro puerto de Nueva Palmira", indicó. Señaló que también tenemos que hablar con Argentina de los muelles de Nueva Palmira y de "otras cosas que hay que conveniar en el gran río que nos une y que nos separa", pero que es el "hacedor" de la historia común de ambos países.

Pero el principal asunto que abordó Mujica en su audición fue lo que calificó como una idea "muy verde", una "intención", como es el proyecto de instalación de la empresa Aratirí, que planea extraer hierro de la zona de Valentines, en el límite entre los departamentos de Treinta y Tres y Florida.

"En estos días se ha armado un poco de ruido en función de un proyecto de una gran firma minera, que está insinuando, y le estoy dando a la palabra el valor que tiene, insinuando, porque no hay ningún proyecto definitivo, ni lo puede haber, porque esa firma minera está haciendo prospección en Treinta y Tres y asegura que hay una existencia muy importante de mineral de hierro en condiciones buenas", relató.

"La empresa está haciendo estudios, necesita mucha información para poder presentar un plan, y en todo caso, recién allí conveniar o no, las condiciones con el Estado y con la nación. A título de ejemplo, una parte esencial de su eventual explotación, que no tiene casi ningún papel firmado todavía, sería el compromiso por parte del gobierno uruguayo de asegurar la venta, el alquiler o la concesión por 20 o 30 años de unas 200 hectáreas en la costa de Rocha, de un campo grande, solitario, baldío, lejos de los centros de turismo, naturalmente", señaló el Presidente.

"Es posible, pero está muy verde"

"Es fundamental dar esa seguridad, porque la prospección del lecho marino, lo que se llama la planimetría ­que este grupo minero tendría que hacer en la región­ cuesta varios millones de dólares. Y esa planimetría es esencial para poder decidir si es posible o no hacer un muelle, largo, hacia las aguas profundas, eso lo dará la información".

"Pero para hacer esa información, para hacer una propuesta de carácter concreto y definitivo, firmado y garantizado, previamente hay que saber cómo es, no solo el mapa del fondo del mar, sino la composición del fondo, que es otra cosa, y esto cuesta varios millones de dólares", sostuvo.

Mujica dijo que la empresa también tendrá que determinar "cómo se va a sacar el mineral de las minas de cielo abierto y si se va a usar esto o lo otro, todo eso está verde, absolutamente verde, no se puede tomar hoy ninguna decisión".

Señaló que "se está juntando información para un plan que, seguramente, es notoriamente complejo y que en su momento, en todo caso, los técnicos del Uruguay tratarán de evaluar, y habrá tires y aflojes, como en cualquier vuelta de la vida. Que quede claro, entonces, no hagamos comentarios apresurados de algo que es posible, pero que está muy verde".

El mandatario también dejó en claro que "tenemos que defender la existencia y el interés material de un conjunto eventual de pequeños productores rurales, lo tenemos bien claro y lo vamos a defender".

Mujica precisó que "si hay que agujerear la tierra, lo tendrán que pagar, y a un precio que le permita a la gente comprar en otra parte y seguir trabajando".

Reveló que "hemos dado algún paso más audaz", al señalar que si eventualmente hubiera hierro en las cantidades que se piensa, "hemos tendido la red" para que alguna industria de alto horno de fundición del mineral se asiente en el Uruguay, "pero ojo, no poner la carreta delante de los bueyes".

"Todo eso es posible, pero está verde, está en la etapa de estudio, eso sí, a toda máquina", sostuvo, al tiempo que destacó las perspectivas del auge de precios a nivel mundial que presenta este mercado para los próximos años.

"Entonces, paso a paso, no nos pasemos de comentarios", señaló Mujica, y dijo que "no tenemos que pelearnos entre nosotros, por cosas que por el momento son hipótesis y nada más que hipótesis, porque nada vale como la unidad nacional".

El mandatario exhortó a "esperar a dar estos pasos y después seguiremos conversando". Pidió a la opinión pública "un poco de confianza en el Uruguay, no en nosotros, en el Uruguay que piensa, que escudriña, que hace análisis", al tiempo que destacó que informó a los representantes de los partidos políticos sobre los pasos que se han dado en este asunto.


“El Pais”


Sección: Economía


Brasil liberó las licencias de exportación trancadas.
Acuerdo. El Ministro anunció primeros resultados visibles
LAUREANO BUTTENBENDER

Brasil ya liberó todas las licencias de importación atrasadas para productos lácteos y pescado, mientras se espera que en los próximos días haga lo mismo con la carne, en lo que es el primer resultado visible de los acuerdos con Uruguay.

El ministro de Ganadería, Agricultura y Pesca (MGAP), Tabaré Aguerre, dijo ayer a El País que desde la gerencia de Conaprole se le informó que las licencias de importación de Brasil que estaban frenadas ya se levantaron y no hay nada pendiente en ese sentido, a lo que agregó que la misma situación se da en las exportaciones de pescado.

En materia de carne, el secretario de Estado explicó que la Unidad de Asuntos Internacionales del MGAP informó que algunos frigoríficos ya levantaron las restricciones y otros están esperando que se levanten en estos días.

Aguerre concurrió ayer a la Comisión de Ganadería de la Cámara de Diputados a los efectos de informar sobre las implicancias del acuerdo comercial firmado con Brasil y las medidas previstas para potenciar al sector avícola.

Rehenes. Al finalizar la reunión, Aguerre recordó que al cierre de 2009 Uruguay exportó a Brasil US$ 1.264 millones de los que prácticamente US$ 700 millones fueron aportados por productos de origen agropecuario. De estos, US$ 180 millones fueron de cebada, US$ 170 millones de arroz, US$ 120 millones de trigo, US$ 85 millones de carne, US$ 94 millones de lácteos y US$ 48 millones de pescado.

"Cuando hablamos de establecer barreras paraarancelarias con una excusa sanitaria sin poder defenderla, tenemos que acordarnos que, además de los avicultores, existen muchos otros productores y trabajadores dependiendo de esas cadenas con competitividades genuinas, que se transforman en rehenes de una falta de competitividad y de decisión de crecer hacia fuera abriendo el mercado", enfatizó el ministro.

Aguerre señaló que cuando se habló del sector avícola "nadie se acordó de los pescadores artesanales que perdieron la zafra de turismo porque su pescado no pudo ingresar a Brasil. Nadie se acuerda de los US$ 20 millones de leche en polvo que estuvieron frenados por la falta de licencias de importación. Nadie se acuerda que desde diciembre pasado no pasa ningún contenedor con carne fresca o refrigerada".

Según el ministro, estas son restricciones al comercio que se le imponen al país cuando no hay argumentos técnicos para sostener las medidas de cierre del mercado.

Aguerre admitió que es cierto que hay sectores sensibles y aseguró que se está trabajando para generar competitividad genuina en los mismos.

En cuanto a la posibilidad de que en un futuro Brasil presione para que la cuota que hoy se acordó aumente, Aguerre admitió que esto era una posibilidad, pero precisó que previendo ese escenario es que Uruguay se reservó el derecho de otorgar las licencias de importación en forma no automática.

"Es razonable pensar que una vez que se abre un mercado, a la larga o a la corta, la competitividad relativa entre el país exportador y el importador puede generar un aumento del comercio y para eso es que tenemos que prepararnos", dijo Aguerre. El jerarca recordó que Brasil exporta a más de 150 mercados y Uruguay a diez. "El 10% de la producción avícola de Uruguay se exporta y confiamos en que una articulación inteligente y la instrumentación de las medidas que proponemos le va a dar a la cadena avícola la posibilidad de crecer en forma genuina hacia la exportación", señaló Aguerre.

VISIÓN. Mientras tanto, fuentes de la industria avícola uruguaya estimaron que es difícil que el pollo brasileño llegue al mercado uruguayo a menor valor que el producto producido localmente. Es que el precio internacional del pollo congelado está en US$ 2.700 la tonelada, pero a eso hay que sumarle el precio de distribución, el flete y la ganancia del minorista.

"Si los brasileños juegan limpio, el pollo que envíen a Uruguay, sumando costos de flete, ganancia del minorista y la distribución, quedará al mismo precio que el local", aseguraron fuentes industriales a El País. El precio del kilo de pollo en el mercado interno hoy ronda entre $ 45 y $ 47.

La industria uruguaya sostiene que su par de Brasil quiere estar presente en todos los mercados. Debido a su enorme potencial, hoy vende a más de 150 nichos, desde miles de toneladas, hasta un contenedor.


“El Observador”


Sección: Actualidad


Mujica entibia relaciones que se enfriaron en gobierno de Vázquez.
EL JEFE DE ESTADO SE ACERCÓ A LOS KIRCHNER Y MEJORÓ EL TRATO CON VENEZUELA
El presidente está en Caracas, adonde llegó tras un viaje relámpago para hablar con los K. El mandatario trata de evitar que se interprete una intención de revisar políticas de su antecesor
POR GONZALO FERREIRA DE LA REDACCIÓN DE EL OBSERVADOR

En un delicado manejo de los equilibrios, esta semana José Mujica se dedicó a zurcir dos relaciones –diplomáticas y comerciales– que el gobierno de su antecesor y "compañero", Tabaré Vázquez, dejó enfriar. Se trata de los vínculos con el presidente venezolano Hugo Chávez y del matrimonio Kirchner en Argentina.

Los conflictos entre Vázquez y Mujica quedaron atrás desde que el nuevo presidente asumió. Ambos líderes están más cerca. "De vez en cuando lo voy a llamar para charlar de temas políticos que hacen a la nación", confesó Mujica en Brasil, luego de relatar su última reunión con Vázquez. Fue "muy afectuosa", dijo, y contó que incluyó un paseo entre una viña en la chacra del mandatario en Rincón del Cerro.

Sin embargo, algunos aspectos de la política exterior del primer gobierno del Frente Amplio no tenían conforme al hoy presidente. Ahora, desde el gobierno, empieza a reparar esas cuestiones. El viaje relámpago de Mujica a Argentina el pasado lunes –más allá de los temas y los resultados concretos– tuvo el mismo objetivo que la visita que por estas horas realiza a Venezuela: restañar heridas.

El equilibrio deberá ser múltiple. En primer lugar debe ser claro en los mensajes en la interna del FA para no brindar la imagen de que está revisando toda la política exterior de Vázquez. En segundo lugar está el equilibrio internacional. Dentro de los "polos" regionales, Uruguay no quiere quedar como alineado con ninguno de ellos.

Del sur al caribe. Desde ayer el presidente uruguayo está en tierras caribeñas. Hoy tendrá una larga reunión con Chávez, que comenzará en la mañana y terminará con una conferencia de prensa al caer la tarde.

Abandonando los primeros fríos montevideanos, Mujica se propone "calentar" la relación con Venezuela, contaron a El Observador algunos cercanos al presidente.

Chávez impulsó en Uruguay decenas de proyectos productivos y las empresas de su país prometieron miles y miles de dólares en inversiones. Sin embargo, la relación se fue deteriorando de a poco.

Vázquez prefirió ubicarse en el eje de la izquierda moderada, respetuosa de los mercados y sin gestos contra la Casa Blanca. Además mantuvo la línea de acercamiento de Uruguay a Estados Unidos. Los coqueteos por el TLC y la posterior visita de George Bush a Montevideo y Colonia molestaron al presidente venezolano y "amigo" de los frenteamplistas.

Al principio de su gobierno, Vázquez firmó una alianza estratégica con Venezuela a fuerza de los petrodólares chavistas. Uruguay comenzó a comprar crudo venezolano a precio preferencial. Eso se concretó y la compra sigue adelante con beneficios.

Sin embargo, otras cosas se paralizaron (ver cuadro). Por ejemplo, la petrolera estatal venezolana Pdvsa prometió una inversión en ANCAP superior a los US$ 1.000 millones. Pero eso se frustró.

La falta de gestos políticos uruguayos hacia el eje que intenta liderar Chávez, sumado a los incumplimientos por parte de Caracas, la endémica burocracia tropical, las ineficiencias y las repetidas denuncias de corrupción hicieron que los acuerdos comerciales fueran quedando por el camino.

Restauración. En la relación con Argentina, Mujica se juega a restablecer el pleno relacionamiento empañado por el conflicto por la pastera. El gobierno uruguayo actual pretende aplicar la táctica de generar una catarata de proyectos comunes.

Es que el conflicto por la instalación de la ex Botnia sobre el río Uruguay pudo romper un vínculo que nacía como muy fluido entre la familia Kirchner y el gobierno del Frente Amplio uruguayo.

Ahora Mujica intenta una buena relación con Cristina Fernández. También allí deberá ceder cosas que Argentina pretende de Uruguay, para participar a cambio de varios proyectos vitales.

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