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Clipping Mercosul -15/04/10 www.camara.gov.br/mercosul

Jornal “Folha de S. Paulo”


Caderno: Dinheiro


Argentina tenta resolver disputa com a China
DE BUENOS AIRES

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, acirrou a disputa com a China ao atender a pressões da indústria de seu país e decretar medidas antidumping contra produtos asiáticos, como calçados, no mês passado.

Agora, Cristina busca uma maneira de encerrar o impasse, sem criar um impacto negativo num setor muito mais amplo da economia argentina -a cadeia produtiva da soja, que a China escolheu como alvo de sua retaliação.

A controvérsia foi tema de diálogo entre os presidentes dos dois países, anteontem, em Washington, durante a Cúpula de Segurança Nuclear.

Depois da conversa com Hu Jintao, Cristina afirmou acreditar que o assunto "finalmente vai ser solucionado, dada a importância que ambos [mandatários] atribuem à relação estratégica entre Argentina e China".

A China barrou suas importações de óleo de soja procedentes da Argentina, sob a alegação de que recentes embarques do produto registraram índice de resíduos do solvente hexano acima dos níveis recomendados, ocasionando risco à saúde.

Se decidisse prolongar a medida, uma alternativa do governo chinês para suprir seu mercado interno seria aumentar as importações originárias do Brasil e dos Estados Unidos.

A Argentina responde por 77% das importações chinesas de óleo de soja -1,84 milhão de toneladas em 2009, de acordo com o jornal "Ámbito Financiero". Segundo o diário argentino, houve acordo entre Cristina e Jintao para que a situação se regularize em dois meses.

Quando os asiáticos suspenderam a importação de óleo de soja, o chanceler argentino, Jorge Taiana, convocou o embaixador da China na Argentina, Gang Zeng, para ouvir uma reclamação oficial.

A diplomacia argentina, no entanto, admitiu que havia recebido alertas da insatisfação chinesa com a qualidade do óleo de soja.


Moeda dos Brics é só um exercício intelectual, diz OMC
Segundo Pascal Lamy, que chega amanhã ao Brasil, a ideia de usar as próprias moedas é uma "expressão política" dos países
Lamy diz não ver problema na pauta comercial do Brasil, cujas exportações estão hoje concentradas em matérias-primas
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

A ideia debatida por Brasil, Rússia, Índia e China de passar a fazer comércio entre si com suas próprias moedas é um "exercício intelectual interessante" e uma "expressão política" dos quatro emergentes. E só, avalia o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, que desembarca amanhã à noite no Brasil.

Sua visita coincide com o fim, em Brasília, da cúpula dos Brics, que começa hoje e deve resvalar no tema da moeda.

"É uma escolha técnica. Haveria uma expressão política dos países emergentes nisso", disse Lamy anteontem. O francês que comanda a OMC há quatro anos e meio recebeu jornalistas brasileiros em seu amplo gabinete.

A entrevista, na qual ele elogiou o desempenho do Brasil durante a crise e a consolidação da economia nos últimos dez anos ou pouco mais, antecipou a agenda da viagem, que inclui um encontro com o chanceler Celso Amorim, no sábado, e uma visita a uma indústria produtora de álcool no Estado de São Paulo, no domingo.

Antes, ele passa pelo Chile e depois por Uruguai e Argentina, de onde segue para os EUA.

No Mercosul, espera ouvir propostas convergentes sobre o que manter na mesa de negociação e como reavivar a Rodada Doha para liberalizar o comércio global, que, a seu ver, segue sem prazo. "[Termina] quando houver um acordo sobre os 20 tópicos [centrais acordados como espinha das negociações]. No momento, ainda há 20 tópicos a discutir", diz, admitindo compartilhar da frustração geral com o impasse.

Ainda assim, Lamy diz não esperar que os países reduzam seus níveis de ambição sobre a rodada -porque, afinal, não há consenso nem sequer sobre como resumir os pontos. Em pauta desde 2002, a negociação "travou" há quase dois anos no que a maioria atribui à falta de vontade política nos EUA.

De qualquer forma, o economista ressalta o sistema e cita como exemplo de seu bom funcionamento o caso do algodão subsidiado americano, vencido pelo Brasil em novembro, após sete anos de debate. No momento, os dois países conversam para chegar a um acordo e evitar a aplicação de até US$ 830 milhões em sanções por Brasília, já engatilhadas.

Ele não acha que um eventual entendimento possa fragilizar a discussão sobre o algodão na esfera de Doha, como temem os países africanos produtores. Sem algodão, diz o francês, não se fecha a rodada.

Instrumento útil

Lamy não é a favor da retaliação, mas a vê como um instrumento útil para conter violações. "Se o Brasil pediu a retaliação e a retaliação cruzada [sanções em área diversa à disputa], é porque acredita que não teria como obter [o que quer] de outro jeito", afirmou, ao ser indagado se não havia um paradoxo em inibir restrições ao comércio usando exatamente restrições ao comércio.

Quanto à pauta comercial brasileira, cujas exportações hoje se centram em matérias-primas (e as importações, em manufaturados), o diretor da OMC não vê problemas.

"No fim das contas, a pergunta a um país como o Brasil é como se inserir no comércio internacional de uma forma que ele contribua para [gerar] emprego, e, num segundo momento, empregos bem pagos."


Jornal “Correio Braziliense”


Caderno: Internacional


China dará a palavra final
Intenção de incentivar a cooperação econômica e o comércio entre os Brics esbarra na resistência dos chineses em valorizar sua moeda
Marcone Gonçalves

A pretensão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de estimular a cooperação econômica entre os países emergentes, especialmente envolvendo os Brics, pode estar recheada de boa intenções, mas a realidade que ele encontrará a partir de hoje, quando sentará com os líderes das nações que mais crescem no mundo, não será tão convidativa. Apesar de interesses comuns que unem Brasil, Rússia, Índia e China (Bric) (1), além da África do Sul, nada seguirá em frente sem que prevaleça a vontade dos chineses.

As discussões podem resultar em futuras ações conjuntas nas relações com a União Europeia, Estados Unidos e Japão. No entanto, analistas e acadêmicos ressaltam que o momento é ainda de promessas e sondagens, pois há mais pontos de divergência do que interesses comuns na pauta do encontro de líderes, principalmente no que diz respeito ao comércio exterior e à política cambial. Até o momento, a economia brasileira vem se favorecendo do aumento do comércio com os demais Brics, em especial com a China. Entre 2003 e 2007, as trocas comerciais com os parceiros passaram de US$ 10,7 bilhões para US$ 51,7 bilhões, numa elevação de 382%.

Assim como o Brasil, Rússia, África do Sul e Índia também são favorecidos pela voracidade da economia chinesa por produtos primários, mas ao mesmo tempo, acabam comprando, dos próprios chineses, produtos eletrônicos e manufaturados de maior valor agregado que se tornam baratos no mercado internacional porque a moeda chinesa, o yuan, estaria excessivamente desvalorizada. Com os mercados inundados de produtos made in China, os outros quatro países vêm perdendo competitividade.

Para Ivan Oliveira, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Bric precisa mostrar a que veio, pois os países integrantes têm estruturas e políticas econômicas diferentes e até concorrentes. “Não se trata de pensar o que é o Bric, mas especular sobre o que pode vir de uma parceria do Brasil, único emergente de fato, com dois impérios — o russo e o chinês — e um país ainda muito fragmentado, que é a Índia”, assinala Oliveira, que ontem coordenou um debate promovido pelo Ipea sobre o assunto.

Balança comercial

O economista chinês Zhang Yuyan, do Instituto de Economia Política Mundial da China, rebateu os argumentos favoráveis à valorização da moeda de seu país durante o seminário do Ipea. “Não tenho certeza se uma apreciação da moeda funcionaria. Nos últimos cinco anos, o yuan se valorizou em 21%, mas os desequilíbrios na balança comercial persistiram”, assinalou, colocando em dúvida se, no caso da China, há vínculo entre a balança comercial e a política cambial. O economista lembrou o contexto de superação de uma crise internacional. “Economistas que estudaram a Grande Depressão dos anos 1930 afirmam que manter o câmbio estável ou imutável é crucial para a recuperação econômica”, afirmou.

Para o representante no Brasil da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) das Nações Unidas, Renato Baumann, com ou sem valorização do yuan, o Brasil ainda precisará definir o que pretende fazer com o seu comércio internacional e passar a adotar políticas mais agressivas para favorecer as vendas externas. Segundo Baumann, enquanto o país não voltar a incluir a questão da inserção internacional como prioridade da política macroeconômica, continuará exportando basicamente minério de ferro e outras commodities.

1 - Mais dinâmicas

BRIC é um acrônimo formado com as iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China, os principais países emergentes do mundo. O termo foi criado pelo economista Jim O`Neill, chefe de pesquisa em economia global do banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs. Num relatório que ganhou notoriedade, O’Neill previu que essas quatro economias seriam as mais dinâmicas nas décadas seguintes, podendo superar as nações desenvolvidas até 2050.


Emergentes em busca de mais poder
Reunidos em Brasília, líderes terão que mostrar mais compromisso com parcerias do que disposição para competir
Luciano Pires

Nações emergentes que evitaram a bancarrota global durante a crise econômica do ano passado discutem a partir de hoje, em Brasília, como ampliar o comércio entre si e os países desenvolvidos, de que modo podem conjugar progresso com responsabilidade ambiental e em que proporção os mais pobres serão beneficiados. Organizados em siglas que nos últimos tempos ganharam status de blocos, Brasil, Rússia, Índia e China (Bric) e Índia, Brasil e África do Sul (Ibas) acreditam que têm condições de impor um novo ritmo às relações internacionais. Ainda que os interesses não sejam os mesmos o tempo todo.

Os países que compõem o Bric e o Ibas têm na inigualável capacidade de consumir e de produzir seu principal trunfo. Até 2014, eles serão responsáveis por 61% do crescimento do mundo. Quando se veem obrigados a negociar com os blocos tradicionais, como a União Europeia (UE), e com potências como os Estados Unidos, os líderes dos emergentes fazem questão de mostrar a força que têm. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anfitrião do encontro e das reuniões paralelas que vão acontecer até amanhã no Palácio do Itamaraty, aposta em uma ordem mundial bem mais favorável nas próximas décadas.

Parte do otimismo de Lula repercute na maioria dos fóruns internacionais porque o cenário pós-recessão praticamente empurrou o mundo para discussões mais aprofundadas. Ricardo Sennes, cientista político e diretor da consultoria Prospectiva, explica que Bric e Ibas ganharam importância quase que de maneira inevitável. “Virou a moeda. Não dá para fazer nenhum acordo de equilíbrio sem esses países. Eles ganharam peso, sem dúvida. Houve uma mudança qualitativa”, completa.

Os emergentes se recuperaram antes de todos os demais que acabaram atingidos pelo estouro da bolha imobiliária norte-americana. Isso aumentou o poder de barganha e elevou esses países à condição de locomotivas da recuperação econômica. Sem ter para quem vender ou de quem comprar, as nações ricas acabaram forçadas a inverter suas prioridades. Para Sennes, isso vai marcar as relações entre os países por muitos anos.

Ruídos

Mas nem só de convergências vivem o Bric e o Ibas. O primeiro ministro da Índia, Manmohan Singh, e os presidentes da Rússia, Dmitri Medvedev, da China, Hu Jintao, da África do Sul, Jacob Zuma, e Lula divergem profundamente sobre temas considerados vitais nas pretensões de qualquer país que deseja integrar um bloco econômico. Na raiz, essas nações estão mais dispostas a competir do que a colaborar. “O fato de todos terem ganhado peso relativo não significa que tenham uma agenda comum. Há desencontros, claro”, adverte Sennes.

A agenda financeira, por exemplo, opõe radicalmente brasileiros, russos e chineses. Temas relacionados à governança e ao meio ambiente também causam ruídos entre todos. Na questão agrícola, as diferenças são gritantes entre a China e o Brasil. O mesmo vale para assuntos ligados a armas, segurança nacional, políticas protecionistas e propostas de regulação do mercado financeiro e bancário. Dependendo das circunstâncias, tem sido cada vez mais comum Bric e Ibas se dissolverem e se associarem a países ricos rivais para pura e simplesmente preservarem seus próprios interesses.

Ainda que eventualmente em lados opostos, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, crê em avanços do Bric e do Ibas. Ontem, no Rio de Janeiro, ele previu ganhos recordes no comércio entre esses países. Segundo Amorim, a intenção não é criar uma “aristocracia dos emergentes”, mas dar voz aos mais pobres. De acordo com o especialista Ricardo Sennes, a união, mesmo que não seja sólida e frequente, está sendo útil. “Eles sinalizam para o mundo que são um bloco, ameaçam agir como um bloco. Como discurso geral, isso tem efeito importante. Mas o fato é que, na prática, o Bric e o Ibas são uma promessa de aliança política”, justifica.


Jornal do Brasil


Primeiro Caderno


Argentinos buscam negócios no Rio

Rodadas de transações para fomentar as trocas comerciais entre empresas argentinas e fluminenses serão realizadas hoje e amanhã no Hotel Intercontinental, em São Conrado.Promovido pelo Consulado do país vizinho, o evento Oportunidades de negócios Rio de Janeiro-Argentina reunirá empresários de 50 companhias argentinas que vieram ao Rio com o objetivo de estabelecer novas parcerias estratégicas.

Setores como alimentos, vinhos, máquinas e equipamentos para a indústria, autopeças, material para construção, indumentária, serviços ao comércio exterior e software estarão representados no encontro.

O cônsul-geral da Argentina, Eduardo Mallea, tem grande expectativa para os negócios que serão realizados durante esta primeira missão multissetorial. Para ele, os dois paises podem sair ganhando com as parcerias que serão firmadas.

– O ideal é que todas as empresas argentinas saiam daqui com projetos fechados. E que o mercado brasileiro consiga aproveitar os bons preços e serviços que serão oferecidos – destaca Mallea.

Na abertura, será realizada uma palestra sobre a economia do Rio de Janeiro e da Argentina e sobre o potencial do relacionamento bilateral no âmbito do Mercosul. A rodada de negócios contará ainda com a presença do subsecretário de Comercio Internacional da Argentina, o embaixador Luis Kreckler, e de representantes da vida econômica do Rio, como a subsecretária estadual de Desenvolvimento Industrial, Renata Bezerra Cavalcanti, o diretor do Centro Internacional de Negócios da Firjan, Amaury Temporal, e o presidente do Conselho de Comércio Exterior da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), Marco Polo Moreira Leite.


Jornal “Valor Econômico”


Caderno: Brasil


Para OMC, acordo Brasil-EUA não enfraquece Doha
De Genebra
AP Photo/Thierry Charlier

Pascal Lamy: "Algodão continua a ser uma questão quente para Doha"
O provável acordo do Brasil com os Estados Unidos, evitando retaliar produtos americanos em troca de compensação financeira para os cotonicultores brasileiros, não vai alterar a ambição na negociação por cortes nos subsídios para a commodity nos países ricos.

O aviso é do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, contrapondo-se a certos críticos que consideram um acordo entre Brasília e Washington como algo que atrapalharia e enfraqueceria as negociações de redução de subsídios agrícolas na Rodada Doha.

"Algodão ainda vai ser negociado (em Doha)", disse Lamy a jornalistas brasileiros. "São duas coisas diferentes. Todo mundo sabe que (o corte de subsídios) precisa ser mais (que em outros produtos). Do jeito que está não é palatável para os africanos. Algodão continua a ser uma questão quente para a rodada ser concluída."

Para o diretor da OMC, o instrumento de retaliação continua a ser importante para que os países obtenham o que julgam ser seu direito, apesar do paradoxo desse tipo de medida limitar o comércio, na contramão dos objetivos do sistema multilateral.

Lamy se encontrará no sábado com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, para ouvir o que os brasileiros pensam dos próximos passos na Rodada Doha no contexto da crise econômica e de desdobramentos políticos. Julga que, no Mercosul, o Uruguai está mais na ofensiva. Ele visitará depois uma usina de etanol em Ribeirão Preto.

Sua avaliação é de que a recuperação econômica global é ainda frágil. Mas vê um bom crescimento nos emergentes, recuperação do crescimento nos EUA e menos no Japão e UE. Para ele, as causas que deflagraram a crise, como a regulação financeira, não estão ainda resolvidas. Aponta novos riscos, como o forte desemprego e a explosiva dívida pública de vários países desenvolvidos.

Considera que a regulação financeira continua a ser um enorme problema para a governança internacional, porque está "sendo muito lenta, muito lenta", por ser muito complexa e com consequências no modelo de negócio dos bancos. Estima que o essencial não é só taxar os bancos, mas ajustar os riscos, com atribuição do capital próprio para determinados tipos de operações.

Lamy pretende levar à cúpula do G-20, reunindo as maiores economias, a questão do "trade finance", o financiamento comercial que é o oxigênio para as exportações, de forma que o fluxo não seja afetado pela regulação que está sendo discutida para os bancos.

Nesse cenário, o diretor da OMC chega ao Brasil com avaliação bastante positiva do país, destacando um crescimento "razoável", redução da pobreza, controle da inflação. "No médio prazo ainda há muito a fazer em infraestrutura, por exemplo, que facilitaria o comércio. Mas até agora, se olharmos numa base de dez anos, em termos de economia, foi bem administrado", afirmou.

Para Lamy, não tem sentido avaliar o comércio exterior brasileiro pelo ranking global. O país caiu duas posições, passando para o 24º posto entre os exportadores e para o 26º entre os importadores. Mais importante é o valor agregado das exportações, mas até isso depende da dinâmica do comércio. No fim das contas, o que vale é ver se a inserção internacional ocorre de maneira que o comércio contribui para empregos. "E contribui, no caso do Brasil." A questão estratégica é, primeiro ter emprego e depois ter bons empregos. Para o segundo ponto, o sistema de educação também precisa melhorar no país.

Sobre a disputa entre produtores e consumidores no setor de mineração, que envolve a Vale, Lamy nota que o problema de haver um oligopólio em um setor estratégico é a inexistência de regras internacionais sobre competição. E isso é algo que provavelmente vai ressurgir após a Rodada Doha, segundo ele.


Para pesquisadores, Bric deve discutir moeda
Grupo defende papel mais influente no modelo do sistema financeiro internacional do pós-crise
Sergio Leo, de Brasília

Brasil, Rússia, China e Índia devem coordenar-se para influir no modelo para o sistema financeiro internacional que emergirá da crise mundial, defenderam, ontem, dirigentes de alguns dos principais centros de estudo desses países, em seminário que antecedeu o início da cúpula de chefes de Estado dos chamados Bric, que começa hoje em Brasília. Os pesquisadores também defenderam as discussões entre os governantes para a criação de mecanismos monetários que dispensem o uso do dólar nas transações internacionais e preparem para uma eventual substituição da moeda americana como referência internacional.

"Não pensamos que o sistema monetário dominado pelo dólar seja moldado no futuro próximo, mas iniciativas como diversificação das reservas internacionais podem coexistir com esse regime", comentou o vice-presidente da Academia de Ciências da China, Li Yang, que defendeu, porém, a construção gradual de alternativas ao dólar. "Não acreditamos em alterações significativas agora. Observamos com interesse acordos de comércio com trocas diretas de moedas locais."

"Estamos num processo de rearticulação do sistema político econômico internacional, e, nesse processo ou as regras continuarão a privilegiar alguns países ou teremos uma situação de acordo com a dimensão de nossas sociedades", disse o ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, defendendo aliança entre os Bric para influir nas novas regras financeiras internacionais.

No discurso mais enfático do seminário, Pinheiro Guimarães acusou os países desenvolvidos de pressionarem para evitar a emergência de novos atores nas esferas mundiais de decisão. "A crise ambiental passa pelas fontes renováveis de energia, pela energia nuclear, e precisamos saber que controlará o processo nuclear", disse. "No fundo há uma disputa tecnológica e científica entre países", disse. "Isso está em foco: saber se algumas nações continuarão a se achar superiores, e, portanto, com mais direitos, ou não", insistiu, reivindicando apoio para a reforma do Conselho de Segurança da ONU, onde Índia e Brasil ambicionam um assento permanente.

Li Yang previu que mudar o sistema monetário mundial será "árduo e de longo prazo" e sugeriu maior cooperação em termos de administração de reservas internacionais, diversificando o uso de moedas. O diretor do Instituto de América Latina da Academia de Ciências da Rússia, Vladimir Davidov, previu a criação de alternativas "por regiões geográficas", como a criação de um Fundo Monetário Europeu, à parte do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Intelectuais dos quatro países concordaram que será necessário cooperar para garantir a reforma do FMI e das regras que regem as finanças. Reconheceram, porém, que apesar do grande aumento na presença desses países no cenário internacional, eles são incapazes de compensar, com investimentos e importações, o peso do declínio americano na economia mundial.

O título do seminário, "Cúpula Bric de Think Tanks" era um atestado da resistência dos conceitos anglo-saxões nas relações entre os Bric - uma sigla, aliás, criada por um economista de financeira sediada nos EUA. Na entrevista que se seguiu às apresentações, nas quais inglês e português foram alternados como língua oficial, a falta de uma língua comum aos participantes teve um exemplo prosaico, quando o pesquisador da China teve de usar dois tradutores, um que vertia suas respostas para o inglês e outro que as traduzia do inglês ao português.

As propostas para as diversas discussões internacionais também têm pontos de conflito, como reconheceram os debatedores (a Rússia, por exemplo, está satisfeita com o peso que tem no FMI; o Brasil, não). Mas, como explicou o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, que preparou o seminário, com a Academia de Ciências da China, a primeira reunião de centros de estudos dos quatro paises abre possibilidade de pesquisas conjuntas, com pontos de vista mais úteis para a tomada de decisão dos chefes de Estado. "Precisamos ver a nós mesmos com nossos próprios olhos", definiu Pinheiro Guimarães.

Como mostrou o diretor do Instituto de Estudos da Ásia e Pacífico, Li Xiangyang, pelo menos um ponto aproxima os quatro países e os diferencia das nações desenvolvidas: enquanto Europa, Japão e Estados Unidos ainda se debatem com as consequências da crise financeira, o problema, nos Bric é evitar superaquecimento da economia, entrada de capital especulativo e pressões inflacionárias.

"A cooperação entre nós pode nos trazer benefícios mútuos", defendeu Li Yang. "O atual sistema monetário internacional é desfavorável aos países em desenvolvimento", comentou Li, defendendo mudanças na estrutura do FMI. Foi apoiado por Pochmann, que defendeu uma aliança entre os Bric para "um novo padrão de consumo e produção" e a formação de um sistema monetário que não se baseie na moeda de um só país.


Caderno: Internacional


Arquirrival dos Kirchner garante nomeação no BC
Daniel Rittner, de Buenos Aires

A abstenção do ex-presidente e senador Carlos Menem, arquirrival do atual governo argentino, foi decisiva para evitar uma vitória da oposição contra a presidente Cristina Kirchner e garantir a permanência da economista Mercedes Marcó del Pont no comando do Banco Central, em meio à polêmica sobre o uso das reservas administradas pela instituição. Dois meses após ter assumido o BC, Marcó del Pont teve sua nomeação analisada somente ontem pelo Senado, enquanto ocupava provisoriamente o cargo. Por 35 votos a favor e 34 contra, além da abstenção de Menem, a indicação foi aprovada e o governo, por um triz, evitou uma derrota humilhante.

Às vésperas de completar 80 anos, com a saúde frágil, o senador peronista é alvo frequente das críticas de Cristina e de seu marido, o também ex-presidente Néstor Kirchner. Sua gestão (1989-1999) sofreu denúncias de corrupção, foi marcada pela convertibilidade (a paridade entre dólar e peso) e ele ainda é investigado por manipulação nas investigações sobre o atentado contra uma associação judaica de Buenos Aires, em 1994.

Mantendo a discrição dos últimos anos, Menem não deu declarações sobre sua abstenção na votação de ontem. Ele já vinha beneficiando o governo, ao faltar seguidamente às sessões do Senado, impedindo o quórum mínimo para destravar votações. "Menem é um homem de Kirchner", acusou o deputado Federico Pinedo, líder no Congresso do PRO, partido de centro-direita que faz oposição.

Marcó del Pont substituiu Martín Redrado à frente do BC, após a recusa do economista em cumprir com o decreto presidencial que previa a transferência de parte das reservas internacionais da instituição ao Tesouro, para pagar dívidas com vencimento em 2010. A oposição e a maioria dos analistas argumentam que o real objetivo é liberar dinheiro do superávit primário para sustentar o gasto público, que cresce desde o ano passado a taxas próximas de 30%.


Jornal “O Estado de S. Paulo”


Notas & Informações


Quatro atores sem enredo

Falta um bom enredo para os quatro atores que se apresentarão amanhã em Brasília, na reunião de cúpula Bric ? Brasil, Rússia, Índia e China. Só o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, parece acreditar numa importante convergência de interesses dos quatro grandes emergentes, a ponto de poderem atuar em conjunto na cena internacional. Mas essa crença não foi confirmada até agora. Na área comercial o fato mais notável, nos últimos tempos, foi a aproximação da China com os países latino-americanos, onde os produtos chineses têm tomado o lugar não só dos norte-americanos, mas também dos manufaturados brasileiros.

A conferência de amanhã será o segundo encontro de chefes de governo dos quatro países. O primeiro ocorreu em junho do ano passado, na Rússia, e nada produziu de notável. "Com a Índia temos pelo menos alguma cooperação na esfera técnico-militar, mas é difícil imaginar o que podemos querer do Brasil", escreveu na ocasião o analista político Mikhail Vinogradov.

Passado um ano, o Bric continua longe de formar um bloco ou uma frente diplomática, apesar da intensificação dos contatos entre representantes governamentais. Em 2009, os ministros de Finanças dos quatro países combinaram contribuir para o reforço financeiro do Fundo Monetário Internacional, juntando-se ao movimento iniciado pelos governos do mundo rico. O ministro brasileiro Guido Mantega funcionou como porta-voz do grupo, trombeteando condições para o empréstimo. Nenhum outro ministro apareceu em público para repetir as bravatas do colega brasileiro.

A pauta definida para Brasília inclui os itens mais previsíveis: o quadro econômico mundial, a regulação do sistema financeiro, a reforma do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial e, provavelmente, a polêmica sobre o programa nuclear do Irã.

China, Rússia e Índia têm muito mais peso que o Brasil nas questões de segurança global. As duas primeiras têm arsenais nucleares e são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. A terceira também tem armas atômicas e um papel importante no jogo estratégico regional. O Brasil não tem nenhum desses atributos, mas seu governo é o mais barulhento no debate sobre o programa nuclear do Irã. Se Brasília tem interesse estratégico nesse caso, certamente não coincide com os objetivos dos outros três.

Rússia, Índia e China têm ambições bem definidas de ocupar espaços crescentes na economia e na política internacionais. Essas ambições são projetos nacionais e não se subordinam a nenhuma fantasia terceiro-mundista. Nenhum de seus governantes atribui prioridade a relações comerciais do tipo Sul-Sul nem se dispõe a participar de movimentos para reformar a ordem global. Podem até usar essa linguagem, de acordo com a ocasião, mas cada qual age de fato em vista de objetivos nacionais. Nenhum deles tomou a iniciativa de converter em bloco a sigla Bric, inventada em 2001 por um economista do banco de investimentos Goldman Sachs.

O projeto chinês inclui a conquista de mercados na África e na América Latina. Inclui também a realização de acordos e de investimentos para garantir o suprimento de matérias-primas e bens intermediários produzidos nessas áreas. Isso não tem a mínima correspondência com qualquer aliança estratégica imaginada e alardeada pelo governo brasileiro. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), até 2014 a China tomará da União Europeia o posto de segundo mercado de destino das exportações latino-americanas, ficando pouco abaixo dos Estados Unidos. Mas será também a segunda maior fonte de produtos importados pela região. Nos dois casos, tomará espaço dos Estados Unidos, mas também deslocará o Brasil.

Esse deslocamento já ocorre até no interior do Mercosul onde produtores chineses tomaram espaço de brasileiros, competindo, em muitos casos, de forma bem pouco transparente. O governo brasileiro teria, se quisesse, motivos excelentes para rediscutir a relação com a China. E por que não com a Rússia, onde as carnes brasileiras têm sido discriminadas em favor das europeias e americanas? Mas para isso não seria preciso fantasiar sobre o Bric nem promover tertúlias de cúpula quase sem agenda.


Colunas


A reinvenção da pólvora
Celso Ming

Amanhã será realizada em Brasília a segunda reunião de cúpula dos Brics. Não se trata aqui de montar um arsenal de decisões econômicas e políticas com consequência para o resto das nossas vidas. Trata-se apenas da retomada de um processo de entendimento que pode, sim, um dia, ter algum significado estratégico que, no momento, ninguém prevê.

Esta é a primeira vez que uma sigla montada sem nenhum conteúdo especial ganha importância pelo sentido que no futuro poderá ter. Bric é um acrônimo. É uma palavra formada com as iniciais de quatro países afastados entre si: Brasil, Rússia, Índia e China.
Foi criado em 2001 por Jim O"Neill, economista-chefe do Goldman Sachs, para designar os quatro países emergentes com mais probabilidade de se transformar em potência econômica.

Bric não estabelece nem mesmo uma ordem entre as letras. Podia ser Cirb, Crib ou Birc. Ficou sendo Bric aparentemente porque lembra tijolo em inglês (brick).

Quando o Financial Times criou o termo Pigs (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha), pelo menos referia-se a certa unidade geográfica (os quatro são da União Europeia) e a uma característica comum: potenciais maus pagadores. Nem mesmo isso pode ser encontrado nos Brics.

Os quatro detêm uma população de 2,9 bilhões de habitantes (43% do mundo), um PIB conjunto de US$ 8,7 trilhões (17% do mundo), exportações de US$ 1,8 trilhão (12%) e reservas externas de US$ 3,4 trilhões (38% do total). No entanto, não apresentam nenhuma unidade, nem política nem geográfica nem econômica.

Não mantêm entre si alianças estratégicas, nem permanentes nem episódicas. Ao contrário, entre eles há notáveis divergências. China e Índia, por exemplo, procuram empurrar produtos fabricados em seus países a preços que muitas vezes são considerados dumping (vendidos abaixo do custo) no Brasil. Apesar dos esforços do ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, de que se construa a sua bombinha, o Brasil é o único que não faz parte do seleto clube nuclear e isso, por si só, o deixa estranho no ninho.

Mas o fato relevante é que Bric foi uma designação que pegou. Todo o mundo a conhece e a toma como referência em qualquer fórum econômico quando se quer designar um conjunto de países que se notabiliza pela atual e, sobretudo, potencial energia econômica, especialmente quando a ele se compara o que hoje acontece nos países de alta renda.

Pó de carvão, enxofre e salitre são materiais que isoladamente não dizem muita coisa. Quando um chinês desconhecido os misturou, inventou a maravilha dos fogos de artifício. Séculos mais tarde, os portugueses viram aquilo a que deram o nome de pólvora e lhe deram outro uso.

Deve ser a expectativa de que um dia aconteça alguma coisa parecida com os Brics que chama atenção para essa reunião. O simples fato de que seus líderes estão agora se falando sugere que o novo agrupamento pode ganhar consistência e, quem sabe, tornar-se um bloco coeso.

Se isso acontecer, será a primeira vez que um exercício despretensioso de um economista ganhará significado.

Escorregando

As cotações do dólar voltaram ao patamar do início de janeiro. De lá para cá, as reservas externas cresceram 2,6%. O Banco Central comprou cerca de US$ 6 bilhões em moeda estrangeira nesse período. Mesmo assim, as cotações do dólar continuam escorregando no câmbio. Em abril (até ontem), a baixa acumulada é de 1,9% e em 12 meses, de 20,4%.

Mostrando o muque

"A força dos quatro" é o título do artigo sobre os Brics que saiu ontem no Times of India. Assina o presidente russo Dmitri Medvedev.


Caderno: Economia


Bric? Não, é Brasil e China
Alberto Tamer - O Estado de S.Paulo

A reunião do Bric, nesta semana, em Brasília, não é bem um encontro entre os chefes de Estado dos quatro países emergentes mais importantes, mas do Brasil e da China. Rússia e Índia têm pouca importância para o Brasil. Hu Jintao tem pouco a falar com eles e nós, ainda menos. O Brasil tem tudo o que a China precisa urgentemente para reduzir a dependência de outros países, como Estados Unidos, Japão e até a União Europeia. Temos produtos agrícolas, base das nossas exportações para o seu mercado, imenso potencial agrícola ainda por utilizar e, acima de tudo, petróleo e minério. Temos até um mercado interno para explorar, ainda incipiente para eles, mas promissor, no qual as indústrias chinesas ocupam cada vez mais espaço. É um mercado marginal para os chineses, mas não desprezível, pois importa de tudo o que sua indústria produz de sobra e exporta matérias-primas que eles precisam.

É o petróleo. O que os chineses vieram ver aqui, de perto, é o petróleo, que não inclui só o óleo, mas toda a cadeira produtiva e reprodutiva. Há mais de um ano a China está de olho no petróleo do pré-sal e seus desdobramentos. Já "emprestou" US$ 10 bilhões à Petrobrás para ser pago em petróleo futuro. Isso não é nada, é o começo. A estatal chinesa Sinopec, presente no Brasil, desde 2004, na construção de gasoduto, e outra estatal, a Wuhan Iron & Steel, negociam com a EBX, de Eike Batista, a construção de um porto gigante e uma siderúrgica no Rio. Seria a porta de saída para o mercado chinês.

Hu Jintao prometeu investir muito no Brasil, quando aqui esteve, em 2004, mas não investiu quase nada porque não tínhamos projetos e, principalmente, suas prioridades eram outras. Estava mais interessado na exploração de petróleo e minérios na África Ocidental, onde, na verdade, "comprou" e está explorando reservas ainda não de todo conhecidas. O novo governo tinha acabado de se instalar, imerso em incertezas e crise de desconfiança internacional. Hoje, a situação é outra. Os investidores voltaram e a China se atrasou. O seu embaixador em Brasília afirma que há grande interesse nos setores de infraestrutura, que ressurge agora com o projetos do trem-bala, de comunicação e de petróleo. A China quer investir e fornecer peças e equipamentos.

E os Brics de verdade? Não existem para a China, que sempre agiu de forma isolada. Não se preocupa com eles quando reclamam da sua moeda subvalorizada, do protecionismo cambial. Se o assunto for levantado em Brasília, ela pode até dizer que sim, vamos ver, mas não aceitamos pressão dos Estados Unidos nem os "parceiros" no Bric. Acima de tudo, a China preserva sua indústria, que depende muito das exportações, não para nós, mas para Estados Unidos, Europa, Japão. A propósito, dão a entender que não temos a menor importância no mercado global. O Brasil importou US$ 136 bilhões em 2009, a Rússia, US$ 197 bilhões, e a Índia, US$ 254 bilhões. Somados, US$ 587 bilhões, uma "ninharia" perto do US$ 1,2 trilhão que a China exportou. E a metade dos US$ 921 bilhões que importou. E nós nisso? A China quer conversar com o Brasil, isoladamente. É hora de saber negociar. Como eles.

De novo, o IPI. Um assunto que interessa às empresas brasileiras exportadoras volta a rondar os gabinetes de ministros e de vários políticos, alerta uma fonte. Justificando possuir uma decisão judicial transitada em julgado ? definitiva, à qual não caberia mais recurso ?, uma fabricante e exportadora brasileira de ônibus está tentando liberar do governo cerca de R$ 610 milhões de crédito-prêmio de IPI. A eventual liberação desse crédito-prêmio põe em alerta muitas outras companhias, que também julgam ter o mesmo direito, por realizarem exportações de seus produtos e, naturalmente, terem o mesmo tipo de crédito com o governo. Elas entendem que a liberação do pagamento dos créditos do IPI para uma única empresa vai abrir um precedente jurídico para que outras exportadoras brasileiras, que também discutem ou discutiram o tema no Judiciário, pleiteiem o mesmo direito. E prometem trabalhar para obter tratamento isonômico. Isso causaria um "rombo" de muitos bilhões de reais no orçamento da União e reabriria uma das discussões mais longas da Justiça brasileira, encerrada em agosto passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), depois de mais de 15 anos, com o definitivo entendimento de que o benefício foi extinto em 1990.


Caderno: Internacional


Cúpula do Bric testa posição do Brasil com Irã
País busca apoio da China e da Rússia contra sanções e a favor de uma saída negociada para o impasse iraniano
Denise Chrispim Marin - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA

A 2.ª Reunião de Cúpula do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), amanhã em Brasília, está sendo considerada o teste definitivo da posição brasileira sobre o Irã. O encontro restrito de chefes de Estado no Itamaraty deverá dar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a medida de sua capacidade de convencer China e Rússia a apoiar uma solução negociada em vez de novas sanções a Teerã. A recusa de Pequim e Moscou deixaria o Brasil isolado nessa questão. Entre diplomatas que acompanham o tema, essa possibilidade parece totalmente plausível, por causa dos desdobramentos recentes da conferência nuclear em Washington.

A insistência brasileira não arranhará a decisão dos EUA de ver as novas sanções aprovadas, como reconheceu na semana passada o chanceler Celso Amorim no Senado. Mas, segundo esses observadores, certamente prejudicará a relação Brasil-EUA num momento em que se vislumbrava uma arrancada na cooperação bilateral.

O Itamaraty está ciente dessa manobra arriscada e tenta encontrar um vetor de saída, que já se nota em uma ligeira mudança da linguagem de Amorim ao abordar o tema. A esperada visita ao Brasil do presidente dos EUA, Barack Obama, que selaria a nova parceria entre os dois países, está pendurada por um fio.

A Casa Branca antevê uma brecha para a viagem entre maio e julho, quando o presidente americano poderia passar por Brasília antes de seguir à África do Sul para a Copa do Mundo. Mas a visita de Lula ao Irã, em 15 de maio, ameaça atrapalhar esse projeto. Mais provável será a vinda de Obama no fim do ano, quando o Brasil já terá escolhido seu novo presidente.

Membro permanente do Conselho de Segurança, a Rússia parece ter concordado com sanções depois de sua última tentativa de negociação com os iranianos, em março. Também presente em Brasília entre hoje e amanhã, o presidente russo, Dmitri Medvedev, não deverá ceder a apelos do colega brasileiro.

Teerã levaria 5 anos para ter a bomba, diz Pentágono

O Irã poderia produzir urânio enriquecido para uma bomba nuclear em menos de um ano, mas demoraria até cinco anos para concluir uma arma que possa ser usada, disse ontem o general americano Ronald Burgess.


Jornal “O Globo”


Caderno: Economia


O 'BNDES' dos Brics
CÚPULA EMERGENTE
Acordo une bancos de desenvolvimento de Brasil, Rússia, Índia e China para ampliar empréstimos
Vivian Oswald, Martha Beck,
Henrique Gomes Batista e Liana Melo

Um fundo bilionário de fomento está no horizonte dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China). Amanhã, governos dos quatro países assinam um acordo de cooperação entre seus bancos de desenvolvimento que estabelece as diretrizes para o que poderá vir a ser uma espécie de"BNDES do grupo". O objetivo é turbinar os investimentos entre estes países. O documento foi finalizado em uma reunião comandada pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, no Rio, durante toda a terça-feira, com presidentes e vices-presidentes dos bancos de fomento dos parceiros. O acordo é um dos primeiros resultados concretos da II Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do Bric, a ser realizada amanhã em Brasília.

Apesar de ambicioso, o acordo não tem data para entrar em vigor e será implementado aos poucos, com cautela. Ainda não há um valor definido para o montante a ser emprestado a projetos dos quatro países nem o formato que terá o fundo. Por outro lado, segundo fontes do governo brasileiro, tampouco está descartada a possibilidade de vir a ser constituído um novo banco. Russos que participaram do encontro confirmaram que a ideia é liberar as linhas de financiamento à medida que forem apresentados projetos.

Brasil ganha com desburocratização

Em um primeiro momento, haverá grande troca de informações e experiências. O objetivo é abrir espaço para um intercâmbio cada vez mais intenso de financiamento de projetos entre os Brics, inclusive com desembolso conjunto. Este tipo de operação será mais fácil nos projetos que não são conflitantes, como nos setores de alimentos e energia.

-- Um exemplo de sinergia é que China, Índia e África do Sul são grandes consumidores de energia, enquanto Brasil e Rússia têm grandes superávits de energia -- afirmou o vice-presidente do Conselho Chinês de Promoção Internacional do Comércio (CCPIT, na sigla em inglês), John Zhang Wei, referindo-se ao comércio de forma geral, e não ao acordo entre os bancos, uma vez que a África do Sul não participa do grupo.

A Rússia, um dos principais incentivadores do acordo dos bancos, reformulou há três anos o Banco de Desenvolvimento Vnesheconcom, o "BNDES russo", criado em 1924. Até por isso, a Rússia é um dos países que mais tem a ganhar com o conhecimento dos outros bancos. No Brasil, segundo empresários, novas modelagens financeiras e desburocratização poderão ser os principais benefícios do acordo.

E a necessidade de investimentos no bloco é imensa. Enquanto o Brasil anuncia que a segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2) terá investimentos de R$1 trilhão até 2014, a Índia informa que o setor de infraestrutura local consumirá US$1,7 trilhão até 2017. Naquele país, são construídos 20 quilômetros de novas rodovias por dia. Na Rússia, a demanda é generalizada:

- Quase toda a nossa infraestrutura é da época da União Soviética. E, com o fim do bloco soviético, praticamente ficamos sem portos, os principais estavam em locais onde agora são outras nações independentes. Temos que criar portos do zero - afirmou Sergey Vasilyev, vice-presidente do banco Vnesheconcom.

Os recursos disponíveis para investimentos em desenvolvimento nos Brics podem superar os volumes de recursos de tradicionais organismos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que tem um orçamento menor do que o do BNDES. Empréstimos do BID chegaram a US$15,5 bilhões em 2009. Somente na última década, o Banco de Desenvolvimento da China emprestou 1,6 trilhão de yuans (cerca de US$234,4 bilhões) a mais de 4.000 projetos nas áreas de infraestrutura, comunicações, transportes e indústrias. Parte destes empréstimos chegaram ao Brasil, inclusive à Petrobras.

Amorim: bloco não pretende ser elite

O encontro dos Brics está sendo precedido de reuniões paralelas e confirma a força crescente da associação criada em 2001 com base no acrônimo desenvolvido em um relatório financeiro do banco Goldman Sachs. No Rio, um encontro empresarial reúne 350 empresários dos quatro países e da África do Sul - já que haverá nesta mesma semana a cúpula do Ibas (grupo formado por Índia, Brasil e África do Sul). Embora sem muitos negócios, o encontro foi considerado um sucesso, por ser a primeira vez que empresários destas nações se encontram. Indianos, por exemplo, lembraram aos empresários brasileiros que eles são fundamentais para a segurança alimentar e energética do país.

- Houve uma mudança no sistema de placas tectônicas da economia mundial - disse Rob Davies, ministro da Indústria e Comércio da África do Sul.

Apesar destes avanços, os Brics não devem formar um bloco tradicional, cheio de burocracias.

- O Bric não pretende ser a elite dos países em desenvolvimento, não queremos trocar a aristocracia do G-8 (as oito maiores economia do mundo) por outro tipo de aristocracia - disse o chanceler brasileiro, Celso Amorim.

Em São Paulo, representantes de bancos comerciais se reuniram na sede da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Em nota, a Febraban diz que os participantes "discutiram perspectivas para o cenário pós-crise e o ambiente de negócios".


Jornais dos Países Membros do Mercosul


Paraguay “ABC”


Sección: Política


Excluirían nota reversal de la agenda Lula y Lugo

Fernando Lugo y su colega del Brasil, Luiz Inacio Lula da Silva, se reunirán este fin de mes en Ponta Porã, según confirma el embajador del vecino país. El diplomático descarta prácticamente que los mandatarios consideren la Nota Reversal de Itaipú, pues dejó entrever que muchas autoridades paraguayas, incluidos parlamentarios, plantearon el tema en Brasilia.

El embajador del Brasil, Eduardo dos Santos, no cree que la Nota Reversal de Itaipú sea tratada entre Lugo y Lula durante el encuentro que sostendrán el 30 de este mes en la fronteriza ciudad. Cuando fue preguntado a propósito, se limitó a responder:“seguramente”.

En virtud de dicho documento, Brasil prometió aumentar de 120 millones a 360 millones de dólares las compensaciones por la energía cedida por Paraguay al vecino país.

Revisan agenda

El diplomático brasileño estuvo ayer en el Ministerio de Relaciones Exteriores, donde –dijo– abordaron con el canciller sustituto Jorge Lara Castro la agenda a ser considerada durante la reunión presidencial.

Al solicitársele detalles del temario, respondió que fue simplemente la revisión de “una programación tentativa”. Agregó que, paralelamente al encuentro presidencial, habrá una reunión empresarial, la que pretenden –señaló– presentar como “un mensaje a la región en materia de integración productiva, la vocación integracionista. “De los temas, del contenido de las conversaciones prefiero no hacer comentarios”, recalcó.

En cuanto al reclamo de la Cancillería para la extradición de Juan Arrom, Anunció Martí y Víctor Colmán, Dos Santos comentó que en su gobierno dicha petición es recibida “con mucha naturalidad”.

Los tres están acusados por la justicia paraguaya del secuestro de María Edith Bordón de Debernardi.

Señaló que el pedido “es una decisión del Gobierno del Paraguay. Respetamos, es un acto del Gobierno paraguayo”, insistió. Refiriéndose a la Comisión Nacional de Refugiados (Conare), donde fue radicada a petición de nuestro país, el diplomático aclaró que dicha instancia “es independiente”.“Está en marcha el proceso y no tenemos por qué hacer ningún comentario al respecto”, concluyó durante una breve entrevista tras su encuentro con el vicecanciller Lara Castro.


Uruguay “El Pais”


Sección: Economía


Focem dará más fondos a Mipymes.
Subsidios hasta US$ 80.000 para firmas locales

Con la presencia del director de la Secretaria del Mercosur, Agustín Colombo, se lanzó ayer un nuevo llamado del Proyecto de Internacionalización de la Especialización Productiva (PIEP) que financia en su mayoría el Fondo de Convergencia Estructural del Mercosur (Focem).

Este programa -que en Uruguay lo ejecuta el Ministerio de Industria- está dirigido a subsidiar proyectos de asociatividad entre las Mipymes de los países que integran el Mercosur. La convocatoria de este año está dirigida a empresas de los sectores, biotecnología y nanotecnología, electrónica y software. EL PIEP cuenta con un fondo anual de US$ 1,8 millones y puede subsidiar hasta el 50% del emprendimiento con un máximo de US$ 80.000. Como contrapartida, las Mipymes asociadas deben aportar el restante 50% de los fondos necesarios para la ejecución del plan.

El objetivo de este programa es alcanzar una mayor integración y complementación regional, la ampliación de mercados y una mayor especialización en las exportaciones con base en el conocimiento, la tecnología y la innovación.

Balance. Hasta el momento el PIEP aprobó 26 proyectos de asociatividad en Uruguay. El 42% de los mismos fueron para el sector software, 31% biotecnología y 27% electrónica.

El 100% de los negocios logró la apertura de nuevos mercados, de los cuales la mitad se concentró en los miembros del Mercosur y el restante 50% en países extra-zona como Venezuela, Ecuador, Colombia, Costa Rica, Panamá, Estados Unidos, España, entre otros.

En tanto, el 70% de las empresas generó más empleo directo y el 80% más trabajo indirecto. En total, sumando todos los proyectos, se generaron 150 puestos de trabajo especializados.

El plazo para presentar las solicitudes al programa vence el próximo 17 de mayo.


“El Observador”


Sección: Actualidad


Uruguay y Argentina preparan el terreno previo a La Haya.
LAS ADMINISTRACIONES DE MUJICA Y DE FERNÁNDEZ ANTICIPAN QUE EL FALLO NO SERÁ CONTUNDENTE PARA NINGUNO DE LOS DOS
Los dos gobiernos emiten señales de acercamiento y piensan en la futura relación
POR LEONARDO LUZZI DE LA REDACCIÓN DE EL OBSERVADOR

Ni vencidos ni vencedores. Con ese espíritu se firmó el 8 de octubre de 1851 el tratado de paz que puso fin a la Guerra Grande en Uruguay. Ese conflicto, una guerra civil uruguaya mezclada con una guerra civil argentina, enfrentó a blancos y a los federales de Juan Manuel de Rosas por un lado, con colorados y unitarios argentinos por otro.

Esa frase que utilizó también José Mujica en la noche del 29 de noviembre cuando se confirmó su triunfo en las elecciones presidenciales y tendió la mano a la oposición, será ahora la que guiará al gobierno en su relación con Argentina una vez conocido el fallo de la Corte Internacional de Justicia por el caso Botnia (hoy UPM), según explicaron a El Observador negociadores del Ministerio de Relaciones Exteriores.

El diferendo había elevado la tensión de las relaciones bilaterales, afectó el vínculo personal de los ex presidentes Tabaré Vázquez y Néstor Kirchner y llevó a piqueteros argentinos a cortar el paso hacia el puente general San Martín, medida que sostienen desde fines de 2006 y que al parecer sostendrán más allá de lo que diga el tribunal de La Haya.

En ese ámbito, Argentina denunció a Uruguay por violación del Tratado del Río Uruguay al permitir unilateralmente, durante el gobierno de Jorge Batlle, instalar la planta de Botnia en Fray Bentos en las márgenes de un curso de agua de administración conjunta.

En la cancillería se tiene la convicción de que la sentencia que se divulgará el martes 20 repartirá responsabilidades entre ambos países.

Si bien Uruguay recibirá "un tirón de orejas" por no haberse apegado estrictamente a lo que establece el Tratado del Río Uruguay, por otro lado no se le pedirá que cierre la planta de celulosa o que la traslade, lo que materialmente es imposible.

Por su parte, Argentina tendrá a favor los párrafos del fallo que le dan la razón en cuanto a que no fue informada debidamente a través de la Comisión Administradora del Río Uruguay de la habilitación a Botnia. Sin embargo, los jueces señalarán que el emprendimiento finlandés no contamina y por tanto puede seguir.

En el gobierno se tomará el fallo con "mesura" y no se hablará de "victoria", según dijeron a El Observador fuentes de la cancillería.

En los hechos, los negociadores uruguayos saben que mantener en funcionamiento a la cuestionada empresa es el gran logro.

En tanto, anoche el ex presidente Tabaré Vázquez dijo que quedó "comprobado" que la planta "no contamina".

Señales. Desde la asunción de José Mujica el 1º de marzo, la cancillería trabajó "para encapsular" el diferendo por Botnia en su vínculo con Argentina para concentrarse en aspectos que le interesan resolver como agilizar el comercio, mejorar la relación política y conseguir el dragado del canal Martín García.

A seis días de que se conozca el fallo de La Haya ambos países emiten señales de acercamiento y los voceros hablan de mejorar la relación tras "el acatamiento" de lo que disponga la Corte de Justicia.

El ministro de Relaciones Exteriores, Luis Almagro, comentó el lunes a Radio Carve que "tomará nota del fallo y se tendrá en cuenta los precedentes que genera el mismo para futuros proyectos de infraestructura" que se propongan para las márgenes del río Uruguay o del Río de la Plata. Luego, desde la otra orilla, se escuchó al canciller argentino Jorge Taiana, en radio La Red, afirmando que "los vínculos bilaterales de los países del Plata son buenos" y "van a ser mejores" una vez conocido el fallo.

El acercamiento entre las administraciones de Cristina Fernández y Mujica se verificó también en hechos concretos como el voto de Argentina que destrabó recursos del Fondo de Convergencia del Mercosur para financiar la interconexión eléctrica entre Uruguay y Brasil. Por esa vía Uruguay recibirá un préstamo no reembolsable de US$ 80 millones.

Uruguay también emitió señales de amistad y una fue su disposición a votar a Kirchner (ver apunte) para ocupar la secretaría general de la Unasur (Unión de Naciones Suramericanas).

Para el gobierno, la relación con Argentina es "prioritaria" y la estrategia que trazó la cancillería es reforzar al Mercosur y desde ahí fortalecer el posicionamiento internacional de Uruguay.


Uruguay dispuesto a apoyar a Néstor Kirchner

El canciller de Ecuador, Ricardo Patiño, dejó entrever ayer que Uruguay está dispuesto a votar la candidatura de Néstor Kirchner para la secretaría general de la Unasur. De todos modos, el canciller comentó que Uruguay aún no oficializó ese apoyo.

Patiño inició una gira por Chile, Argentina, Uruguay y Perú, en su condición de representante del país que tiene la presidencia pro tempore de la Unión de Naciones Suramericanas. Entre los temas que tratará figura la ratificación del tratado constitutivo de la Unasur, la designación del secretario general el 4 de mayo en Buenos Aires, la ratificación del Banco del Sur y el diálogo político entre el organismo y EEUU. En Uruguay se reunirá con el canciller Luis Almagro y el vicepresidente Danilo Astori.


Sección: Economía


El Mercosur y Egipto negocian firma de TLC.
EL ACUERDO PODRÍA QUEDAR RUBRICADO EN JULIO

El gobierno brasileño anunció ayer que su país firmará un acuerdo de libre comercio con Egipto "muy pronto, cerca de julio", que incluirá al resto de los miembros del Mercosur: Argentina, Uruguay y Paraguay, informaron en una conferencia conjunta los ministros de Comercio Exterior de Brasil y Egipto, Miguel Jorge y Rachid Mohamed Rachid.

"Las negociaciones no fueron fáciles", dijo el ministro de Egipto. "Hemos tenido cuatro rondas y estamos esperando la quinta", dijo Rachid en El Cairo.

Egipto importó de Brasil mercaderías por US$ 1,44 billones en el último año, mientras que sus exportaciones al gigante regional alcanzaron la suma de US$ 87,7 millones.

Por otra parte, Brasil podría crear un fondo para financiar las exportaciones a Irán, aun ante la amenaza de mayores sanciones por parte de las Naciones Unidas contra la república islámica, dijo el ministro de Comercio Exterior brasileño.

"Irán es un importante mercado para Brasil", dijo ayer Jorge en una conferencia de prensa en El Cairo. El ministro de Brasil estuvo acompañado por representantes de 86 empresas brasileñas.

El presidente brasileño Luiz Inácio Lula da Silva quiere evitar un "endurecimiento" en los esfuerzos para persuadir a Irán de abrir su programa nuclear a una inspección externa, dijo el ministro brasileño del Exterior Celso Amorim hace unos días en Washington DC.

"Estamos discutiendo la posibilidad de tener un fondo para financiar las exportaciones de Brasil a Irán" dijo Jorge, las compañías brasileñas " no están preocupadas por las posibles sanciones a Iran" agregó. La línea de crédito podría aumentar las exportaciones de Brasil a Iran en un 40%. (Bloomberg)

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