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O Mercosulino 26/09/2010 -www.camara.gov.br/representacaomercosul

Jornal "Correio Braziliense" Caderno: Economia Brasil e China crescem no Banco Mundial GLOBALIZAÇÃO Marcone Gonçalves A China obteve mais uma vitória na luta para entrar para o clube dos que têm poder de decisão sobre a economia mundial. Ontem, em Washington, o Banco Mundial (Bird) aumentou o poder de voto dos países em desenvolvimento na instituição. A decisão virá acompanhada da elevação em mais de US$ 86 bilhões do aporte de capital da instituição, que também passará por reformas para se tornar mais rápida, flexível e transparente. As mudanças beneficiam o Brasil, que junto com a China, defende a reforma das instituições financeiras globais criadas após a Segunda Guerra Mundial. Com a medida aprovada pelos 186 países que integram o Bird, o poder de voto das nações em desenvolvimento subiu para 47,19%. Já a participação do Brasil passou de 2,06% para 2,24%. A alteração já havia sido acertada no ano passado pelos líderes do G-20, grupo que reúne a União Européia e as 19 nações mais desenvolvidas. Na ocasião, houve acordo para a mudança sobre 3% no poder geral de votação no Banco Mundial e 5% no FMI. Os Estados Unidos, que comandam o Bird desde a sua criação, em junho de 1946, continuarão detendo a maior parcela do controle, hoje em 16,39%, seguido do Japão, com 7,86%. Com a mudança na composição do capital, a China passará ao terceiro posto de importância no banco, superando Alemanha, França e Reino Unido, que detinham, cada uma, menos de 5% de participação. Em 20 anos, esse é o primeiro aumento de capital do Banco Mundial. "O capital extra poderá ser usado para criar empregos e proteger os países mais vulneráveis por meio de investimentos em infraestrutura, em pequenas e médias empresas e políticas de proteção social", afirmou o presidente da entidade, Robert Zoellick. O banco empresta recursos aos governos para obras e projetos governamentais de geração de emprego e renda. Atualmente, há 62 programas de empréstimo em andamento no Brasil, totalizando mais de US$ 8 bilhões em financiamentos. Jornal da Câmara Caderno: Votação RELAÇÕES EXTERIORES - CCJ acata acordo de combate ao tráfico de migrantes no Mercosul Texto prevê intercâmbio de informações e também medidas legislativas e administrativas nos países integrantes do bloco A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou na terça-feira (20) o acordo sobre tráfico ilícito de migrantes entre os países do Mercosul (PDC 2405/10), que tem como objetivos prevenir e combater esse tipo de delito e promover a cooperação e o intercâmbio de informação com esse fim. Segundo o texto, os países signatários - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai - adotarão as medidas necessárias para tipificar o tráfico de migrantes como crime. O acordo define o tráfico ilícito de migrantes como o ato de facilitar a entrada ilegal de uma pessoa em outro país para obter, direta ou indiretamente, algum benefício financeiro ou material. Também serão considerados ilícitos penais, entre outros atos, a criação ou o fornecimento de documento de viagem ou de identidade falso para possibilitar esse tipo de tráfico. Serão agravantes para o crime: o uso de violência, se a vítima for menor de idade, se os infratores forem autoridade pública ou se houver abuso de uma situação de necessidade da vítima ou perigo à sua vida, sua saúde ou sua integridade pessoal. Capacitação - O acordo prevê capacitação especializada para que funcionários da migração e de outras áreas relacionadas atuem na prevenção e na erradicação do tráfico de migrantes e no tratamento humanitário das vítimas. O texto complementa a Convenção das Nações Unidas contra a Delinquência Organizada Transnacional e seu protocolo adicional sobre tráfico ilícito de migrantes por terra, mar e ar. O acordo foi assinado em Belo Horizonte, em 2004, e enviado ao Congresso por meio da Mensagem 949/09, do Poder Executivo. Atualmente, o texto tramita na forma do Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 2405/10, de autoria da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul). O relator da matéria na CCJ, deputado Luiz Couto (PT-PB), apresentou parecer favorável. Tramitação - O projeto tramita em regime de urgência e ainda será analisado pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; e pelo Plenário. No último dia 4 de março, a Câmara concluiu a aprovação de um acordo semelhante sobre tráfico de migrantes, também assinado em 2004. Trata-se do PDC 1974/09, que inclui os países do Mercosul, a Bolívia e o Chile. Agropecuária - A comissão também aprovou o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 2402/10, da Representação Brasileira do Parlamento do Mercosul, que ratifica o primeiro protocolo adicional ao Acordo de Alcance Parcial Agropecuário 3, que protocoliza o acordo de formação do Comitê Veterinário Permanente do Cone Sul do continente. O acordo envolve Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Chile, estabelecendo que todo ato subsidiário exige aval dos respectivos parlamentos. Os países reconhecem como válidas as deliberações e resoluções adotadas no âmbito do comitê veterinário a partir de 2003. O relator, deputado Mauro Benevides (PMDB-CE), defendeu a aprovação do projeto. Os dois projetos tramitam em regime de urgência e seguem para o Plenário RELAÇÕES EXTERIORES - Acordo com Uruguai sobre serviços aéreos vai ao Plenário Outro acordo aprovado pela CCJ foi o texto do acordo de Serviços Aéreos com o Uruguai, celebrado em Brasília, em 2009. O texto tem origem em mensagem do Poder Executivo e tramita na forma de Projeto de Decreto Legislativo (PDC 2404/10), da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. A proposta recebeu parecer pela constitucionalidade do relator, deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT). De acordo com a proposta, o acordo tem o objetivo de incrementar os laços de amizade, entendimento e cooperação entre os dois países, com o estabelecimento de um marco legal para a operação de serviços aéreos entre os dois países. O projeto tramita em regime de urgência e será agora analisado pelo Plenário. Jornal "Valor Econômico" Opinião Brasil e Argentina: relação intensa Todo país precisa cultivar relações harmônicas com seus vizinhos. Essa é a 1ª condição da paz. Por Enio Cordeiro O setor privado do Brasil e da Argentina criou uma densa rede de negócios mostrando que há muito mais integração entre as duas economias do que parece A relação estratégica entre o Brasil e a Argentina é certamente a mais intensa, a mais profunda e a mais antiga de nossa história diplomática. O grau de confiança alcançado nas relações bilaterais permitiu aos dois países projetar uma visão comum de integração regional, que ganhou densidade no âmbito do Mercosul e da Unasul. A integração é o ponto de partida para o fortalecimento de nossa presença no mundo. Sem articulação de interesses no âmbito regional é necessariamente menor a capacidade de participação e de influência de qualquer país no tratamento dos diferentes temas da agenda internacional. Ao mesmo tempo, todo país precisa cultivar relações harmônicas com seus vizinhos. Essa é a condição primeira da paz. Brasil e Argentina cultivam, por isso, uma visão regional de seu projeto de desenvolvimento econômico e social. Integrar-se é organizar a vizinhança em torno de um projeto comum, agregando às relações bilaterais uma nova dimensão com base nas realidades próprias da vizinhança. Esse propósito determina, na política externa, o múltiplo desafio de atuar simultaneamente na intensificação das relações bilaterais com os países vizinhos, no fortalecimento do Mercosul, na construção da Unasul, e na articulação de iniciativas de concertação política e de cooperação entre os países da América do Sul, da América Central e do Caribe. As ideias-força do processo de integração sul-americana são: 1) promoção do diálogo e concertação política como instrumento para a solução de conflitos e para assegurar a estabilidade institucional e democrática; 2) integração econômica e comercial para a promoção de prosperidade comum; 3) integração da infraestrutura física de transportes, energia e comunicações; 4) integração cidadã, especialmente no que se refere à liberdade de circulação e facilitação de residência; e 5) integração fronteiriça, que apoie a transformação das zonas de fronteira em polos de desenvolvimento e aproximação. Em todos esses campos cabe destacar a centralidade da relação Brasil-Argentina. O entendimento bilateral é o eixo central a partir do qual se projetam, em círculos concêntricos, os demais âmbitos de articulação regional. No plano multilateral, Brasil e Argentina alcançaram, nas últimas décadas, uma ampla convergência de posições no tratamento dos temas da agenda internacional. As posições divergentes, quando existem, não turvam a relação bilateral. A diferença mais visível, no plano político, diz respeito à reforma do Conselho de Segurança. No momento em que a reforma seja possível, Brasil e Argentina terão de encaminhar adequadamente essa diferença. Outro tema está ligado à intrusividade dos instrumentos de verificação em matéria nuclear. Brasil e Argentina entendem, no entanto, a necessidade de continuar atuando conjuntamente nessa questão. Nas negociações comerciais da OMC, as posições argentinas tendem a ser mais defensivas em bens industriais. No plano bilateral, há uma perfeita fluidez de diálogo em todas as áreas, com reuniões frequentes em nível presidencial e ministerial, que asseguram acompanhamento adequado e impulso político aos grandes projetos de cooperação bilateral. O Brasil e a Argentina estabeleceram importantes projetos de cooperação em setores estratégicos, incluindo a área nuclear, espacial, biotecnologia, nanotecnologia, indústria aeronáutica, naval, indústria de defesa, infraestrutura, integração energética, comunicações e TV digital, integração financeira e pagamentos em moeda nacional. Ressalta no quadro das relações bilaterais a importância recíproca e profundidade da parceria econômica. O setor privado estabeleceu uma densa rede de negócios entre os dois países, o que permite seguramente afirmar que há muito mais integração entre as duas economias do que normalmente transparece. Os investimentos de empresas brasileiras na economia argentina já totalizam em 2010 um valor acumulado de mais de US$ 9,5 bilhões em setores que incluem a exploração, transporte e distribuição de petróleo e gás, a construção civil, produção de cimento, indústria têxtil, frigoríficos, indústria de alimentos, exploração de minérios, setor automotivo, bancos, transporte aéreo, logística, cosméticos e informática. Empreiteiras brasileiras vêm ocupando espaço crescente nas obras de infraestrutura com o benefício de financiamentos do BNDES. Por sua vez, os investimentos de empresas argentinas na economia brasileira alcançaram um total de US$ 3,5 bilhões. O comércio bilateral cresceu de US$ 7 bilhões em 2002 para quase US$ 31 bilhões em 2008 (4,5 vezes em 6 anos!). Ressalta a qualidade e diversificação desse intercâmbio, cujo crescimento é alimentado pela maior demanda de bens de consumo e bens de capital nos dois países. A Argentina importa do Brasil um terço de suas importações. No sentido inverso, a Argentina exporta para o Brasil um quinto das suas exportações. Os produtos manufaturados constituem 95% das exportações do Brasil para a Argentina e 85% das exportações da Argentina para o Brasil. O setor automotivo representa um terço do intercâmbio bilateral. O Brasil tem absorvido, nos últimos anos, 60% da produção de automóveis na Argentina. Em 2009, de cada 10 veículos exportados pela Argentina, 9 destinaram-se ao mercado brasileiro. Em 2009, o comércio bilateral sofreu o impacto adverso da crise internacional e caiu cerca de 24% em consequência de uma redução da produção e demanda nos dois países e da adoção de medidas restritivas como a imposição de licenças não-automáticas de importação. Os primeiros três meses de 2010 apontam, no entanto, para uma recuperação anualizada da ordem de 50%, o que permite supor que será superado neste ano o valor do intercâmbio alcançado antes da crise. Esse é o quadro geral em que se desenvolvem as relações bilaterais. Os dois países construíram uma sólida aliança estratégica e as dificuldades pontuais, de natureza estritamente comercial, refletem a própria intensidade do relacionamento. Numa aliança estratégica, as diferenças devem ser tratadas com naturalidade. O importante é que encontrem canal institucional para serem resolvidas. O que interessa aos dois Governos é preservar a qualidade política da relação e trabalhar pelo seu aprofundamento e aceleração. Para isso, o importante é administrar com serenidade as dificuldades conjunturais e momentâneas, sem desviar da direção estratégica. Muito mais do que a fotografia de qualquer momento específico, o que importa é o quadro mais amplo dos interesses de longo prazo, que apontam para a necessidade de aprofundar cada vez mais o entendimento político e a integração produtiva entre os dois países. Enio Cordeiro é embaixador do Brasil em Buenos Aires. China alivia no Brasil e briga na Argentina Sergio Leo Óleo de soja é o tempero de uma enigmática receita aplicada pela China às suas relações com Argentina e Brasil. Aparentemente irritado com a montanha de processos antidumping que nossos vizinhos andam empilhando nas fronteiras para barrar a entrada dos baratos concorrentes vindos da China, o governo chinês bloqueou as vendas argentinas de óleo de soja (40% do total vendido ao mundo pelos argentinos). Com o Brasil, porém, a conversa é diferente; há queixas contra barreiras brasileiras à entrada de produtos chineses, mas, até agora, nenhuma ameaça de represália, pelo contrário. Que os argentinos não nos olhem; há uma pitada de discriminação oriental nessa peleja. Na semana passada, o vice-ministro do Comércio chinês, Jiang Yaoping, durante um seminário bilateral em Buenos Aires (ironicamente, sobre cooperação em comércio e investimentos), esbravejou contra a "tendência crescente de imposição de medidas protecionistas" na Argentina, que ele chamou de "anormais e discriminatórias". Depois de dias de declarações em contrário de autoridades chinesas, Jiang deixou claro que o bloqueio às importações de soja, a pretexto de controle sanitário, está ligado ao protecionismo argentino. A escalada de medidas argentinas não deixa outra opção senão "contramedidas", disse Jiang Yaoping à agência oficial Xinhua, a quem, num ameaça velada, lembrou o aumento das exportações argentinas de fumo, alimentos, laticínios e equipamentos médicos da Argentina para a China. Três quartos do consumo de óleo de soja na China vinha da Argentina, o que anima concorrentes nos Estados Unidos, no Brasil e até na Índia. Os chineses se queixam da abertura, neste ano, de dois processos antidumping contra produtos de lá, que se somam a outros 19 processos, que, segundo o vice-ministro chinês, os argentinos abriram contra a China durante o ano de 2009. É grande o contraste entre o estado das relações sino-argentinas e a lua de mel dos chineses com o Brasil. No PAC Brasil-China há um mecanismo de aviso prévio sobre medidas de restrição de comércio, que deve ser acionado em breve, pois, afinal, o governo move hoje três processos antidumping, contra esferográficas, cobertores e imãs chineses, apenas aguardando um parecer final do Departamento de Comércio Exterior (Decex). Outro processo, para estender o antidumping contra o carbonato de bário, está em fase de nota técnica para audiência final. Em fases preliminares, há ainda novos processos contra as vendas chinesas de magnésio, objetos de mesa de vidro, malhas de viscose e rebitadores manuais. As medidas testarão a amizade recém-confirmada entre China e Brasil. Mas não serão problema, se os chineses receberem as eventuais medidas com a mesma resignação com que recebem as não poucas já existentes. Neste ano o Brasil sobretaxou calçados chineses; desde o ano passado, impõe sobretaxas ao magnésio em pó e ao metálico, ao carbonato de bário, aos imãs, a pneus de automóveis e de carga, a lápis, fibras e fios de viscose, eletrodos de grafite, seringas e o agrotóxico glifosato. Aos 14 produtos alvo de medidas antidumping brasileiras desde 2009, soma-se a enorme lista de 2007: ventiladores de mesa, armações de óculos, escovas de cabelo, alto-falantes, talhas manuais, pedivelas, brocas, cadeados, alhos e pvc-s, ferros de passar e chapas de alumínio pré-sensibilizadas. Há ainda as garrafas térmicas, que deixarão somente em julho de pagar a tarifa punitiva de 47% imposta em 2005. Neste mês, os chineses abriram o mercado ao fumo brasileiro e prometeram facilitar a importação de carnes cozidas de frango e de boi. Vão analisar uma abertura para a carne suína e, no PAC entre China e Brasil, há promessas de cooperação em matéria fitossanitária. O Brasil prometeu apressar a regulamentação do reconhecimento da China como economia de mercado, o que dificultaria o sucesso dos casos antidumping, mas a promessa ainda está em termos vagos. Pode-se atribuir ao êxito da diplomacia do Brasil com a China a diferença de tratamento dado pelos chineses aos dois vizinhos sul-americanos, e seria razoável acreditar assim. do que as arbitrárias medidas argentinas. Mas se pode fazer, ainda, como as autoridades vizinhas e considerar a Argentina vítima da esperta política industrial dos chineses, que construíram uma enorme capacidade de esmagamento de soja e, hoje, podem importar mais sementes e menos óleo, mais caro. O mais provável é uma mistura das três coisas, que confirma as vantagens da política externa brasileira, de diversificação de parceiros, mas mostra um de seus limites. A parceria respeitosa com a China precisa incluir uma sofisticação maior da pauta do comércio do Brasil com a nova superpotência, abrindo espaço para manufaturas do Brasil no refratário mercado chinês. Sergio Leo é repórter especial em Brasília e escreve às segundas-feiras - E-mail: sergio.leo@valor.com.br Caderno: Brasil França trava acordo entre UE e Mercosul Indústria europeia aumenta exigências e cobra abertura de 100% do bloco do Cone Sul Assis Moreira, de Bruxelas A França coloca entraves ao avanço de um acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, ameaçando, na prática, as perspectivas da cúpula dos líderes das duas regiões em maio, em Madri. A forte pressão dos produtores franceses de carnes levou a indústria europeia a se mobilizar com urgência na semana passada para insistir na importância do acordo. No entanto, ao mesmo tempo a indústria aumenta as exigências e agora cobra do Mercosul abertura de 100% de seu mercado, e não apenas de 90%, como até então. É nesse cenário que ocorrerá hoje e amanhã a reunião técnica entre os dois blocos, em Bruxelas, marcada para indicar até que ponto haverá espaço para o relançamento da negociação em Madri. "Nem os franceses, nem ninguém na Europa têm como aceitar um acordo que dê mais acesso ao Brasil no mercado europeu, principalmente para carnes", afirmou ao Valor o irlandês Padraig Walshe, presidente da poderosa central Copa. Duras campanhas do setor agrícola europeu contra um acordo envolvendo o Brasil e a Argentina não são novidade. Dessa vez, porém, a posição da França, por seu peso na cena europeia, pode empurrar, na prática, as discussões para um novo fiasco. Apesar de belos discursos sobre a "parceria estratégica" com o Brasil, o presidente Nicolas Sarkozy não parece ter intenções de ir contra o lobby agrícola, tal sua fragilidade política no momento. Percebendo o perigo, associações industriais da Europa entraram em campo já um pouco tarde, se mobilizaram junto ao presidente da Comissão Europeia, José Durão Barroso, ao comissário de comércio, Karel de Gucht, e ao líder rotativo da UE e primeiro-ministro espanhol José Luiz Zapatero, insistindo na "enorme importância" do acordo birregional. Argumentam que será "o mais ambicioso acordo birregional do mundo, envolverá 700 milhões de pessoas e será o primeiro entre duas uniões aduaneiras". Além dos benefícios comerciais, a indústria europeia destaca que um acordo ajudará a proteger os atuais investimentos europeus no Mercosul e a instalar mais companhias na região. Outro argumento é de que o acordo "fortalecerá a presença ocidental e reduzirá espaço para outros grandes parceiros comerciais globais" no Mercosul - ou seja, contra os chineses. Ao mesmo tempo, porém, novas exigências da indústria europeia tendem a agravar o impasse na negociação, que está paralisada formalmente desde 2004. Na última reunião dos dois blocos, no mês passado em Buenos Aires, o Mercosul atendeu a demanda europeia e voltou a ampliar a cobertura de 74% para 90% do comércio, incluindo a liberalização também do setor automotivo. Mas agora a BusinessEuropa, a grande central das indústrias europeias, diz que a situação mudou desde o acordo da UE com a Coreia do Sul, no ano passado, e quer que a cobertura seja de 100% do comércio. "Esse acordo elevou nossas expectativas", diz Eoin O'Malley. Negociadores da UE argumentam que, no recente acordo com o Peru e a Colômbia, esse percentual também foi incluído. Também o setor de serviços faz novas demandas de abertura do Mercosul para serviços de distribuição, ambientais e também de serviços para a indústria de petróleo, de olho no pré-sal. "Nosso interesse sobre compras governamentais é agora muito maior", disse o chefe da Coalização das Indústrias de Serviços, Pascal Kerneis. Mas, se cobram mais, os europeus recusam-se a fazer novas concessões. Refletindo a posição francesa, dizem que a UE não pode dar abertura para a entrada de carnes de frango e bovina e prometem que alguns produtos incluídos como cota na oferta de 2004 poderiam migrar para a desgravação, provavelmente suínos e arroz. E só acenaram com melhorias para o etanol, com uma cota que poderá ser bem superior à de um milhão de toneladas discutida em anos anteriores. O caso dos suínos é emblemático. O produto brasileiro continua bloqueado não por causa de tarifas, mas sim por barreiras sanitárias que a UE reluta em levantar há anos. Negociadores do Mercosul apontam uma "dose de irrealismo" enorme do lado europeu ao esperar que o bloco se comprometa com a abertura total de setores sensíveis da economia sem levar em conta a assimetria entre as economias das duas regiões. O governo de Cristina Kirchner, na Argentina, pela primeira vez nos últimos tempos mostrou flexibilidade para liberalizar, mas avisa que isso também tem limites. Além disso, crescem as indagações sobre até que ponto Bruxelas é séria na negociação. Se está "fazendo teatro" ou se exige mais para dificultar um acordo que sabe que é contestado por países membros, como França, Irlanda e outros produtores agrícolas do Leste Europeu. Pelo cenário atual, é provável que os lideres da UE e do Mercosul anunciem o relançamento da negociação birregional, mas sem conteúdo concreto. Sobretudo, sem a expectativa de conclusão acelerada, como era o plano original. "Isso é negociação para nossos netos", comentou, com ironia e frustração, um diplomata de um país interessado no acordo com o Mercosul. Comércio com EUA pode crescer, diz Shannon Agência Brasil, de Brasília O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, disse que as relações comerciais dos dois países "são relevantes" e que "o fluxo comercial pode melhorar muito mais". Ambos os governos, segundo ele, "estão sempre trabalhando para melhorar essa relação, com soluções negociadas". Como exemplo da "boa vontade dos dois governos para melhorar o comércio", Shannon citou o caso do algodão, que envolveu a decisão recente da Organização Mundial do Comércio (OMC) de autorizar o Brasil a aplicar restrições comerciais contra os Estados Unidos como forma de retaliação pelos subsídios concedidos aos cotonicultores americanos. O Brasil adiou por dois meses o início das sanções depois que entrou em negociações com os Estados Unidos. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil e os Estados Unidos concluíram a negociação de um memorando de entendimento em relação ao algodão que estabelece a criação de fundo para a transferência de recursos para o setor cotonicultor brasileiro. Baseado nesse acordo, o Brasil decidiu adiar a aplicação das medidas sobre as importações de bens dos Estados Unidos. Segundo o ministério, nesses dois meses, os governos do Brasil e dos Estados Unidos vão manter entendimentos para a implementação da decisão do Órgão de Solução de Controvérsias da OMC que condenou os programas americanos de apoio doméstico e de garantia de crédito à exportação. O Brasil conquistou na OMC o direito de impor tarifas adicionais a produtos originários dos Estados Unidos até o limite de US$ 830 milhões anuais, quantitativo que será objeto dos entendimentos. O embaixador americano comentou sobre as relações entre os dois países ao participar do lançamento de posto volante que vai realizar testes gratuitos de aids. UE negocia com Índia e América Central De Bruxelas Enquanto arrasta os pés para negociar com o Mercosul, a União Europeia quer fechar nesta semana um modesto acordo de livre comércio com a América Central (Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá) e concluir um acordo mais sólido com a Índia até o fim do ano. A UE está em crise e sua vitalidade econômica, importância geopolítica e visão global são cada vez mais questionadas. A integração da zona euro está ameaçada pelo explosivo endividamento de países-membros. O modelo de crescimento baseado nas exportações, como na Alemanha, Bélgica e Holanda, está ameaçado. Mas a política comercial da UE continua a ser de correr atrás dos Estados Unidos. Foi isso que motivou Bruxelas a concluir acordos de preferências com o México, Chile e Coreia do Sul, recentemente com Peru e Colômbia e agora com América Central. Um acordo com o Mercosul daria hoje uma preferência líquida no Brasil, um dos mercados mais almejados pelas empresas europeias. E a vantagem não é mais somente em relação aos americanos, mas também aos chineses, que estão cada vez mais incisivos no comércio com a América do Sul. Na prática, no entanto, cada passo das discussões com o Mercosul faz Bruxelas voltar com novas demandas, como se não quisesse realmente concluir um acordo. Nas negociações, que prosseguiam no fim de semana, em Bruxelas, a UE ofereceu à América Central uma cota anual de 160 mil toneladas de açúcar. Os centro-americanos pedem o dobro, 300 mil toneladas, com crescimento anual de 5%, comparado às 200 mil que o Mercosul pediu em 2004. Pediu também a redução da tarifa para a banana, de € 148 para € 75, cotas para carne, arroz e tarifa menor para frutas e vegetais. Com a Índia, a objeção do setor agrícola não existe. Mas a indústria quer cobertura de 100% do comércio, especialmente os setores automotivo, químico, têxteis e de maquinário. Os indianos já avisaram para os europeus se acalmarem. Também recusam negociar acesso a compras governamentais e vincular questões comerciais a trabalho infantil, por exemplo. O comissário europeu de comércio, Karel de Gucht, é considerado um pragmático que gostaria de fechar acordo com o Mercosul, mas que não consegue superar resistências entre produtores agrícolas. Assim, nesta semana Karel pega seu chapéu e parte para a Ásia. Vai em busca de melhor entendimento com a China, com o qual o comércio bilateral supera os € 300 bilhões anuais. E também vai ao Japão. (AM) Jornal "O Estado de S.Paulo" Notas & Informações As 'ameaças' da Alba Talvez os signatários da declaração final da reunião de cúpula da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), realizada na semana passada em Caracas, acreditem na eficácia daquilo que prometeram ou declararam, como a nova "exigência" ao governo dos Estados Unidos para "pôr fim imediato e incondicional ao bloqueio econômico contra Cuba". Afinal, no documento, reafirmaram a unidade do bloco do qual tirarão forças para alcançar a independência necessária para erigir uma "América nova", que rompa com o "imperialismo" e caminhe na direção do socialismo. É difícil, no entanto, imaginar que o documento tenha causado alguma preocupação ou tenha tido alguma repercussão em Washington, ou em outra capital importante do hemisfério, se é que alguém nessas capitais tomou conhecimento do seu conteúdo. Assinam o documento os chefes de governo de Antígua e Barbuda, Bolívia, Cuba, Dominica, Equador, Nicarágua, São Vicente e Granadinas e da Venezuela. Participaram da reunião como convidados especiais os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e da República Dominicana, Leonel Fernández. Nova reunião foi marcada para os dias 3 e 4 de junho na cidade equatoriana de Otavalo. O encontro de cúpula da Alba e sua declaração, intitulada Manifesto Bicentenário de Caracas, foram dois dos itens da intensa programação organizada pelo governo do presidente Hugo Chávez para comemorar o bicentenário da instalação da primeira forma de governo autônomo do país, quando as tropas de Napoleão depuseram o rei da Espanha (a independência da Venezuela só se concretizou em 24 de junho de 1821). Chávez, em traje militar de gala, abriu as comemorações afirmando que a Venezuela "nunca mais será colônia ianque nem de ninguém" e que "chegou a hora de nossa verdadeira independência, 200 anos depois". Alguns dirigentes estrangeiros convidados de Chávez completaram o discurso. "Estamos aqui construindo uma América nova e a "grande pátria" com que sonharam os libertadores", disse o equatoriano Rafael Correa. "Nossos povos acordaram." Aviões russos, americanos e chineses do governo bolivariano da Venezuela sobrevoaram o local das comemorações, enquanto em terra desfilavam soldados, membros das milícias formadas por Chávez, índios identificados como "socialistas" pelos apresentadores e funcionários da estatal de petróleo PDVSA. Os grupos gritavam palavras de ordem socialistas. Mas, embora tenha evocado ? como sempre faz em ocasiões como essa ? a figura do libertador Simón Bolívar e tenha sido chamado de "comandante em chefe da revolução bolivariana", Chávez não foi a figura principal das comemorações. Esse papel coube à presidente argentina, Cristina Kirchner. Seria a presença de Kirchner, além de outros dirigentes, em Caracas, uma demonstração da liderança que Chávez imagina ter sobre a região e do apoio à ideologia do "socialismo do século 21" por ele pregada? No caso de Cristina Kirchner, em especial, são outros os motivos da adesão às comemorações de Chávez, e mais práticos. A forte ligação entre os governos argentino e venezuelano não se deve a identidades ideológicas. A principal razão para a proximidade entre Kirchner e Chávez é de natureza financeira. Desde a presidência de Néstor Kirchner, antecessor e marido de Cristina, a Venezuela apoia financeiramente o governo argentino. A partir de 2005, o governo venezuelano comprou mais de US$ 9 bilhões em títulos da dívida argentina. Em visita anterior a Caracas, Cristina Kirchner lembrou "a ajuda financeira que (Chávez) nos deu quando a Argentina não tinha acesso ao crédito por causa da suspensão dos pagamentos da dívida em 2003". Em contrapartida, Chávez contou com o apoio aberto da Argentina à sua pretensão de ingressar no Mercosul. Para dispor desse tipo de apoio por mais tempo, Chávez precisará conceder novas ajudas a seus aliados. Discursos, apenas, não bastam. Mas a crise financeira que vive seu governo, em razão dos erros que cometeu e vem cometendo, esgotou sua capacidade de auxiliar outros governos. Agora, é ele quem depende de ajuda do exterior. Caderno: Internacional Paraguai faz pressão na ONU contra Brasil Jamil Chade, correspondente em Genebra O Paraguai teme que o Brasil se transforme em um "santuário" para membros do Exército do Povo Paraguaio (EPP) e quer que a ONU declare como ilegal o status de refugiado dado por Brasília a três membros do grupo. A diplomacia paraguaia levará o caso também à Organização dos Estados Americanos (OEA) e confirma que parte das informações que o país dispõe sobre o grupo, acusado de sequestros e assassinatos, foi passada pela própria Polícia Federal brasileira. A delegação paraguaia entregará hoje à ONU uma carta em que dirá que "o refúgio não pode ser sinônimo de impunidade". No fim de semana, o Congresso do Paraguai decretou estado de exceção em cinco Departamentos (Estados), a pedido do presidente Fernando Lugo, por causa da atuação do EPP. Na ONU, Assunção ainda mostrará documentos que ligam as atividades do grupo às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O problema, segundo os paraguaios, é que o Brasil se recusa a rever a decisão, tomada há seis anos, de conceder status de refugiado a Juan Arrom, Anuncio Martí e Víctor Colmán. Ao Estado, a assessoria de imprensa da ONU confirmou que a entidade não tem o poder de cancelar o status de refugiado, mas poderá emitir um parecer. Os diplomatas paraguaios querem usar o parecer para pressionar o Ministério da Justiça do Brasil a levar em consideração sua demanda. A meta é conseguir a extradição dos três acusados para que sejam levados a um tribunal no Paraguai por "delitos comuns". Segundo os paraguaios, a própria Polícia Federal brasileira já constatou a atuação "criminosa" do EPP. O serviço de inteligência da PF teria atuado no Paraguai para realizar escutas telefônicas por 45 dias. Seis oficiais brasileiros desembarcaram no país vizinho, em dezembro, e usaram um avião da Força Aérea Brasileira, realizando operações em Assunção e Paso Barreto. Escutas. Três grupos de escuta foram estabelecidos para interceptar comunicações de membros do EPP. A partir da informação coletada, a PF iniciou a busca para localizar de onde vinham as chamadas, o que indicaria o local do acampamento do EPP. O resultado do trabalho indicou que a base ficava na região de Puerto Casado. O serviço secreto colombiano também cooperou na operação. Esforço paraguaio pode ter um efeito contrário Felipe Recondo de Brasília O governo brasileiro julgará em maio o pedido feito pelo Paraguai para a revisão do status de refugiado concedido aos paraguaios Juan Arrom, Anuncio Marti e Victor Colman, acusados de sequestros e outros crimes. A pressão diplomática exercida sobre o governo brasileiro, porém, pode ter o efeito oposto: o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) pode interpretar o pedido como mais um indício de que os três sofrem perseguição no país vizinho. As chances de isso ocorrer aumentaram com a aprovação pelo Congresso paraguaio do estado de exceção em cinco regiões do país. Com isso, aumentam os poderes das forças de segurança para combater a guerrilha Exército do Povo Paraguai (EPP), organização da qual faziam parte os três, que se refugiaram no Brasil há seis anos. Para embasar o pedido de revisão do status de refugiado, as autoridades paraguaias prometem apresentar provas de que os três têm ligações com o EPP e estariam, do território brasileiro, coordenando as atividades guerrilheiras. Quando o caso foi julgado pelo Conare, a Polícia Federal, que tem assento no comitê, afirmou não ter encontrado indícios do envolvimento dos três em atividades ilegais. A ONU avalizou o reconhecimento do status de refugiado, o que deixa o governo brasileiro seguro de sua decisão. O presidente do Conare e atual secretário executivo do Ministério da Justiça, Rafael Favetti, disse que a decisão foi tomada após muito estudo sobre a condição dos três. "Foi uma decisão tomada de maneira muito madura", afirmou. Se o Conare não mudar sua decisão, o Paraguai pode pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a extradição do três. Mas, para que o processo fosse adiante, seria necessário provar que houve alguma ilegalidade no reconhecimento de refúgio pelo governo brasileiro, a exemplo do que ocorreu no caso do ex-ativista italiano Cesare Battisti. Jornais dos Países Membros do Mercosul Argentina "Clarín" Sección: El Mundo Insisten en Brasil con modificar el Mercosur "Flexibilizar" el Mercosur para que el bloque se adapte a las necesidades de Brasil. Esa es la definición principal de qué pretende para la región, si llegara a ser presidente, el ex gobernador de San Pablo y actual candidato presidencial José Serra. No deja lugar a dudas sobre sus objetivos: liquidar la "política comercial común" y revisar los acuerdos concluidos en 1994 cuando se fundó el Mercado Común. Para el político fue "fantasioso" creer que se podía llegar a un bloque del estilo de la Unión Europea en apenas algunos años. Pero Serra amenizó las posiciones que había expresado hace una semana en un encuentro con empresarios de Minas Gerais. En la entrevista por email que ayer publicó el diario Folha de Sao Paulo, el dirigente opositor sostuvo: "No se trata de acabar con el Mercosur". En Buenos Aires, esa frase repercutió mejor, aunque no dejen de observar con aprehensión los cambios que el ex gobernador buscaría introducir si gana la contienda con la oficialista Dilma Rousseff. La apuesta de Serra, en caso de llegar al Palacio del Planalto (la Casa de Gobierno) es negociar con Argentina, Uruguay y Paraguay, la transformación del mercado común en una zona de libre comercio. Critica la situación del bloque porque como está resulta una "obra inconclusa". De acuerdo con el candidato no hay libre comercio ni unión aduanera perfecta. El diagnóstico es compartido en los cuatro países. Todos saben que la estructura arancelaria común -la que sirve para defender la producción regional de la agresividad exportadora de terceros países¿está perforada como un Gruyer. Y también se acepta que el libre comercio se ha visto empañado, especialmente en la post crisis argentina, por una tendencia proteccionista que afectó el libre intercambio. Serra sostuvo que él no piensa dar un paso "sin el consenso" de los socios. "No sería una decisión unilateral nuestra", precisó el candidato. Eleonora Gosman Paraguay "ABC" Sección: Política Candidato favorito en elecciones del Brasil quiere "flexibilizar" Mercosur El candidato a la presidencia de Brasil, José Serra, favorito en todos los sondeos, quiere "flexibilizar" el Mercado Común del Sur (Mercosur) para garantizar que su país tenga mayor independencia en su política comercial, según una entrevista publicada por el diario del vecino país Folha de São Paulo. SÃO PAULO, Brasil (EFE). "El Mercosur debe ser flexibilizado para que no sea un obstáculo para políticas más agresivas de acuerdos internacionales", dijo el candidato del opositor Partido de la Social Democracia Brasileña (PSDB). Serra rechazó que su intención sea "acabar" con el bloque comercial que Brasil comparte con Argentina, Paraguay y Uruguay y en el que Venezuela está en proceso de adhesión. Aseguró que cualquier cambio sería "bien negociado" con los socios. El líder opositor no detalló qué medidas exactas serían comprendidas en esa flexibilización, pero reiteró su deseo de que Brasil tenga independencia para firmar sus propios Tratados de Libre Comercio (TLC) con otros países. Argumentó que, en los últimos años, mientras que en el mundo se firmaban más de cien convenios de ese tipo, Brasil solo firmó uno, el del Mercosur con Israel, que aún no está en vigor. Comparación con la UE El candidato presidencial hizo un paralelismo con la Unión Europea (UE), bloque en el que, "solo después de décadas", los integrantes renunciaron a la soberanía comercial y fijaron tarifas comunes de importaciones. "Siempre creí irrealista hacer todo esto en cuatro años, a partir de 1995. Defendía que, primero, el Mercosur se fortaleciese como zona de libre comercio. Pero el libre comercio no se consolidó y la unión aduanera no se materializó totalmente. El Mercosur acabó siendo una obra inconclusa", comentó según el diario Folha de São Paulo. Serra mostró preocupación por el "gigantesco" déficit comercial de Brasil en productos industriales, y vaticinó un "estrangulamiento externo futuro" si el Gobierno no ejerce una política comercial más agresiva y diversificada. Al respecto, el mismo aseguró que si alcanza la presidencia del Brasil en las elecciones del próximo octubre, pretende dar funciones ejecutivas a la Cámara de Comercio Exterior, organismo director de la política comercial, y "concentrarse" en la firma de TLC con otros países. "Mercosur es una farsa" José Serra había afirmado días atrás que el bloque sudamericano "es una farsa" y una "barrera" para la firma de acuerdos comerciales con otros países. "Seguir cargando este Mercosur de la forma que está no tiene sentido. La unión aduanera es una farsa, excepto cuando sirve para impedir", dijo en una reunión con empresarios de Minas Gerais, según la prensa local brasileña. Sección: Economía Se cumplen 37 años de las falsas promesas en Itaipú El 26 de abril de 1973, en Brasilia, ante la cancerbera presencia de los dictadores Mario Garrastazú Médici y Alfredo Stroessner, los ministros de Relaciones Exteriores de nuestro país y del Brasil, Raúl Sapena Pastor y Mario Gibson Barboza, firmaban el Tratado de Itaipú. Hoy, 37 años después, cualquier inventario, hasta el más breve de este relevante capítulo de nuestra historia, solo podría incorporar cuanto sigue: una declaración presidencial y su única nota reversal resultante. - Una promesa de donación, creemos que en carácter resarcimiento" por tantos años de aprovechamiento asimétrico de los beneficios de la gran central. Soberanía congelada - Otra promesa de devolución de nuestro poder de decisión sobre el excedente energético nacional en Itaipú con la apertura a la ANDE de una rendija del mercado brasileño y congelar hasta el 2023 el viejo reclamo paraguayo de vender ese cuantioso caudal de energía eléctrica a terceros países interesados. El inventario sigue: la hegemonía administrativa brasileña en las direcciones más importantes de la binacional -Financiera y Técnica-, a pesar de la declaración presidencial de marras. - Una promesa de "auditoría a profundidad" de todo lo actuado en la entidad, que cruzó el tiempo de gestión de gobiernos, administraciones de Itaipú y documentos presidenciales. Ingresos paraguayos Ingresos paraguayos de US$ 4.513.205.100 entre 1989 y el 2007. - Una deuda, espuria en gran parte, que a pesar de que la binacional pagara ya US$ 30.700 millones hasta el 31 de diciembre de 2006, en el lapso que media entre ese año y el 2023, aún debe pagar a sus acreedoras brasileñas otros US$ 30.330.892.820,86. Declaración presidencial del 2009 Los únicos productos tangibles de la Declaración Lugo-Lula del 25 de julio de 2009 son la Nota Reversal del 1 de setiembre del mismo año, que triplica el factor multiplicador de la fórmula que utilizan para calcular la compensación que abona Eletrobrás a nuestro país por aprovechar su excedente energético en Itaipú y los US$ 10 millones que adelantó Itaipú, a cuenta de la posible donación brasileña de una línea de 500 kV en territorio nacional, un "acto de generosidad" que también debe someterse al polígrafo. El instrumento diplomático de referencia, ocho meses después de que los Ejecutivos de ambos países lo firmasen, solo pudo granjearse el dictamen favorable del Dr. Rosinha, diputado del PT en el Parlamento del Mercocur, y que para alcanzar ambicionada media sanción aún debe atravesar un sendero minado de objeciones y de la conocida hostilidad, manifestada incluso hoy, no solo por los legisladores brasileños, sino también por empresarios, ex diplomáticos de Ytamaraty, técnicos, etc. Luego vendrá el laberinto del Senado y, finalmente, el cambio de Gobierno. "Exportación" paraguaya En 18 años -1995-2007-, el Estado paraguayo recibió de Itaipú y a través de Itaipú US$ 4.513.201.100, cifra que se desglosa del modo siguiente: US$ 2.885.435.000 por de royalties, una suerte de alquiler que Paga la binacional, e incorpora a su costo, a los propietarios del río Paraná. US$ 1.195.222.700 en concepto de compensación por energía cedida. Es el ingreso nacional por la "exportación" de su excedente en Itaipú, "el precio de su energía" que le paga Eletrobrás a través de Itaipú. US$ 204.908.700, a la ANDE, imputado a Utilidad por capital aportado, y US$ 227.638.700 corresponden a Resarcimiento por Cargas de Administración y Supervisión, abonada igualmente a la ANDE. A primera vista las cifras son muy altas; sin embargo, para aproximarnos a la realidad del mercado, incluso del brasileño, multipliquemos los aproximadamente 38 millones de MWH (excedente paraguayo en Itaipú) por US$ 60 (tarifa básica del mercado mayorista brasileño (US$ 60/MWH) y obtendremos la siguiente cantidad: US$ 2.280 millones. En otras palabras, en un solo año, a esa tarifa básica, los aprovechadores del excedente energético nacional estarían duplicando la suma que Eletrobrás pagó a su genuino propietario por 18 años de "importación". Uruguay "La Republica" Sección: Política Bloqueo del puente estará en agenda Cristina­Mujica. Cumbre. Analizarán pronunciamiento de La Haya. Tema del corte del puente es prioritario para el gobierno uruguayo Los presidentes de Argentina, Cristina Fernández, y de Uruguay, José Mujica, se reunirán en Buenos Aires este miércoles para intentar mejorar las relaciones bilaterales, enturbiadas en los últimos años por esta controversia, que consideran zanjada tras el pronunciamiento de la CIJ. El tribunal internacional confirmó la continuidad de la fábrica tras considerar que no hay pruebas de que contamine y, a la vez, dijo que Uruguay incumplió su deber de informar al gobierno argentino sobre este emprendimiento, que entró en funcionamiento a fines de 2007. La CIJ no se pronunció en cambio sobre el bloqueo al tránsito sobre el puente binacional, que tuvo episodios esporádicos en 2005, pero se hizo permanente e ininterrumpido el 20 de noviembre de 2006 y durante meses se prolongó a los demás puentes que unen a ambos países. Una asamblea popular que deliberará en Gualeguaychú esta semana decidirá si el bloqueo se mantiene o es levantado. El corte del Puente Internacional General San Martín, que desde 2006 realizan vecinos de la ciudad argentina de Gualeguaychú en protesta contra la pastera finlandesa UPM, ex Botnia, estará en la agenda de los presidentes de Uruguay, José Mujica, y de Argentina, Cristina Fernández, durante el encuentro del próximo miércoles en Buenos Aires. El levantamiento del bloqueo aparece como improbable solución, de acuerdo a los mensajes belicosos que miles de manifestantes enviaron hoy a ambos gobiernos desde el puente clausurado, al término de una marcha que superó las 100 mil personas, calcularon los organizadores. Los asambleístas difundieron duros conceptos contra los gobiernos de Uruguay y de Argentina y contra la Corte Internacional de La Haya, para expresar por anticipado que no se conforman con ninguna respuesta que no sea el desmantelamiento de la planta de Botnia, un reclamo que a esta altura coloca el listón a una altura imposible de alcanzar. "El tema del bloqueo de los puentes es prioritario y como tal, los dos países se sientan y saben que tiene que ser resuelto", dijo el canciller uruguayo Luis Almagro al diario El País. "Vamos a ver en qué contexto de la discusión se aborda cuando se toque el tema referido", agregó Almagro. El canciller indicó que "la agenda de la reunión va a comenzar con un análisis de los diferentes aspectos formales y procesales del fallo de La Haya y de sus aspectos sustanciales, de cómo quedan los países frente a eso y cómo tienen que trabajar los temas conjuntamente". Los gobiernos de Argentina y Uruguay coordinaron la semana pasada un encuentro entre sus presidentes para el próximo miércoles, a efectos de abordar el reciente fallo de La Haya en el conflicto binacional por la pastera instalada en Fray Bentos y en funcionamiento desde noviembre de 2007. La Corte Internacional de Justicia de La Haya dictaminó el martes que el gobierno uruguayo "no respetó" el Estatuto del Río Uruguay y que instaló en forma inconsulta la pastera Botnia, frente a Gualeguaychú. Pero, al mismo tiempo, el fallo indicó que no hay indicios de contaminación en el Río Uruguay y que por lo tanto Botnia puede seguir funcionando en su actual emplazamiento. Por el contrario, los pobladores y asambleístas de Gualeguaychú realizaron ayer la sexta marcha al Puente Internacional General San Martín, en la que pidieron el "inmediato desmantelamiento" de la pastera Botnia (ver página 3). Los manifestantes rechazaron la opción de un control ambiental conjunto a través de la Comisión Administrativa del Río Uruguay" porque no se puede monitorear ni controlar el funcionamiento de un emprendimiento ilegal". Desde arriba del puente, los asambleístas leyeron un documento en que se asegura que el fallo de la Corte Internacional de La Haya, "lejos de solucionar el conflicto lo agrava. Es inhumano y perverso". Los asambleístas pidieron al gobierno argentino que trabaje "para el desmantelamiento" de la empresa finlandesa que funciona en Fray Bentos y que dé explicaciones sobre la presentación argentina ante la Corte de Justicia Internacional, a la que consideraron defectuosa, incompleta y sin suficiente documentación sobre la presunta contaminación. Sección: Economia Un nuevo corredor comercial naviero. Asia-Mercosur. Once buques para cubrir el creciente flujo Cinco empresas se harán cargo de la nueva ruta. A comienzos de abril se concretó el inicio de un nuevo servicio semanal que une a Sudamerica con el Lejano Oriente. Este servicio operará con escalas directas en el Puerto de Montevideo, llegando el primer buque durante mayo de 2010. El aumento del comercio de nuestra región con países como China, Japón, India, y otros, ha generado la necesidad de fortalecer el corredor comercial naviero, que en una primera instancia contará con once buques de apoximadamente 4.200 teus, conectando los principales puertos de Asia y Sudafrica con Uruguay, Argentina y Brasil. El circuito comienza en el puerto chino de Pusan y continúa con Shangai, Ningbo, Shenzhen y Hong Kong en China, Singapur, Durban en Sudáfrica y luego Sudamérica. Son cinco las empresas que realizarán este servicio: Zim Integrated Shipping Services con tres buques, Hanjin con cuatro unidades, CCNI y Wan Hai participarán con dos buques cada una y Hapag Lloyd lo hará con uno. Los directivos de Montecon, operador portuario de espacios públicos en el Puerto de Montevideo, recorrieron los puertos de China y Singapur, donde reafirmaron las relaciones con sus pares, navieras y sobre todo se interiorizaron sobre el funcionamiento de los dos puertos más grandes del mundo. En el marco de una política de permanente acercamiento con sus clientes, el gerente general de Montecon, Ing. Juan Olascoaga, y el gerente Comercial y de Operaciones, Ing. Diego Fernández, visitaron las casas matrices de sus clientes armadores en China, Taiwan y Singapur. Señalaron su satisfacción al poder constatar de primera mano "la plena satisfacción de los distintos directivos y tomadores de decisión de las distintas líneas, tanto en lo referente a la performance de Montecon como terminal operadora de contenedores en el Puerto de Montevideo, como en el compromiso de Montecon en la mejora continua de sus operaciones y de sus estándares de performance y servicio", sostuvo Olascoaga. Los directivos de Montecon visitaron los puertos de Singapur y de Shanghai, posicionados como los números 1 y 2, respectivamente, en el ranking de movimientos de contenedores en el mundo. El puerto de Singapur ocupa el primer puesto en el ranking mundial de movimiento de contenedores, con un total de 26 millones de teus en 2009. La terminal de Pasir Panjang es la mayor de las que componen el Puerto de Singapur, con un movimiento de 10 millones de teus en 2009, cifra que además la posiciona como la terminal de mayor movimiento del mundo. El Puerto de Shanghai movió 25 millones de teus en el año 2009, en sus distintas terminales, ocupando el segundo puesto en el ranking mundial. Su mayor terminal, Yangshan, es una isla conectada con el continente por un puente de cuatro sendas, de 35 kilómetros de longitud. Con un largo de muelle de 6 kilómetros y un total de 70 grúas pórtico, movió 8 millones de teus en el año 2009. Los directivos de Montecon, una de las empresas interesadas en participar en la subasta de la segunda terminal de contenedores de Montevideo, tuvieron la oportunidad de actualizarse acerca de las mejores prácticas operativas a nivel mundial, avances tecnológicos y en lo que a gestión de terminales portuarias se refiere.

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