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O Mercosulino 30/04/2010 -www.camara.gov.br/representacaomercosul

Jornal ‘Folha de S. Paulo" Caderno: Mundo Estado de exceção abala comércio paraguaio Presença de militares em Pedro Juan Caballero afasta os consumidores de Ponta Porã (MS), do outro lado da fronteira Prefeito culpa narcotráfico brasileiro pela insegurança na cidade e diz que, se o governo não agir, local vai virar nova Ciudad Juárez GUSTAVO HENNEMANN ENVIADO ESPECIAL A PEDRO JUAN CABALLERO (PARAGUAI) O estado de exceção que entrou em vigor em cinco departamentos do Paraguai no último fim de semana afugentou turistas e calou a noite da cidade de Pedro Juan Caballero, capital do departamento de Amambay, localizada na fronteira com o Brasil. Ontem, as centenas de lojas que vendem roupas e eletrônicos a brasileiros viram seu movimento reduzido à metade, segundo os comerciantes. Separada da cidade brasileira de Ponta Porã (MS) por apenas uma rua, Pedro Juan Caballero funciona como um grande atacado comercial para sacoleiros e um entreposto para traficantes de drogas. A cada esquina se encontra uma casa de câmbio. As lojas, que são praticamente emendadas uma na outra, mantêm seguranças privados, armados invariavelmente de espingardas calibre 12. Apesar de mais grave hoje, a sensação de insegurança não é nova. Em uma praça do centro, o busto de um jornalista lembra seu assassinato em 1991. Foi morto a tiros por narcotraficantes por "falar demais", segundo moradores da cidade. "Aqui sempre foi terra de ninguém. É só cruzar uma rua para escapar da polícia. O Estado só impõe respeito quando manda o Exército. Quando [os militares] se forem, a desordem volta", diz o comerciante coreano Alfredo Chun, 57. O lojista brasileiro Jorge Gonçalves, 29, que vende eletroeletrônicos na cidade paraguaia, vê desvantagem na presença temporária dos militares. "Para o comércio é negativo. Os brasileiros [clientes] acham que há um clima de guerra e que está tudo dominado pelos traficantes", diz Gonçalves. Na noite de anteontem, quatro caminhões esparramaram soldados armados pelas principais avenidas. Os carros com música em alto volume e grupos que se reuniam habitualmente para beber cerveja na rua sumiram, segundo os moradores locais. Ontem, rádios locais explicavam as normas do estado de exceção -que tem como objetivo oficial deter o Exército do Povo Paraguaio, guerrilha que luta contra a concentração fundiária, e não o narcotráfico- e pediam à população para que não realizasse festas ou reuniões. Ou que pedissem licença à polícia e à prefeitura para fazê-lo. Aproximadamente 200 militares patrulharam ruas e fizeram buscas em condomínios privados na tentativa de capturar envolvidos no atentado contra o senador Robert Acevedo. Na última segunda-feira, sua camionete foi metralhada em Pedro Juan Caballero. Duas pessoas morreram e Acevedo foi atingido por dois tiros de raspão. Protegido por dez seguranças, ele agora se recupera em casa. O prefeito da cidade, José Carlos Acevedo, irmão do senador baleado, diz que os comandantes do narcotráfico e responsáveis pelo atentado contra seu irmão são brasileiros, que têm a ação facilitada pela corrupção da polícia paraguaia e pela falta de controle na fronteira seca. Após o atentado contra o senador, a polícia paraguaia deteve quatro brasileiros, suspeitos de terem vínculos com a facção criminosa paulista PCC. Segundo o prefeito de Pedro Juan Caballero, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, prometeu que o maior efetivo policial e o controle mais duro na fronteira com o Brasil serão mantidos mesmo após o fim do estado de exceção, que tem duração de 30 dias prorrogáveis por mais 30. Ontem, Lugo esteve na cidade para visitar o senador Acevedo e conversar com autoridades locais. "Aqui 99% das pessoas são trabalhadores. Falta mais presença do Estado. Mas acho que é possível solucionar. Senão, vamos nos tornar uma Ciudad Juárez [cidade mexicana conhecida pelos massacres entre cartéis]", disse o prefeito à Folha em seu escritório particular, vigiado por três seguranças armados com metralhadoras. Fazendeiro e dono de postos de combustível, José Carlos pertence ao Partido Liberal Radical Autêntico, sigla do vice-presidente paraguaio Federico Franco, atualmente em litígio com Lugo. Cidade de MS sofre com chegada de brasileiros expulsos do Paraguai SÍLVIA FRIAS COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE A prefeita de Itaquiraí (MS), Sandra Cassone (PT), pode decretar situação de emergência no município depois que cerca de 1.500 brasiguaios (brasileiros que moram no Paraguai) acamparam na BR-163, entre Itaquiraí e Naviraí, a 390 quilômetros de Campo Grande. Segundo a prefeita, a estrutura da cidade, de 22 mil habitantes, não comporta a chegada dos novos moradores, brasileiros que dizem ter sido expulsos do país vizinho por policiais, milicianos e camponeses. Os brasiguaios começaram a chegar há aproximadamente três meses. Eles disseram que as terras compradas por eles estavam sendo invadidas por paraguaios, insatisfeitos com a presença brasileira na região. Delcio Nees, 35, foi um dos primeiros a deixar sua fazenda paraguaia, em Mariscal Francisco Solano López, no departamento de Caaguazú. "A polícia chega, bate nos brasileiros, depois os camponeses invadem, roubam nossos animais, queimam a gente com cigarro." O brasiguaio diz que os conflitos eram comuns desde 2005, mas a situação piorou nos últimos três meses. Nees preferiu abandonar as terras antes que fosse alvo dos ataques. "Morava há 30 anos lá e agora estou aqui com uma mão na frente e outra atrás." Segundo Nees, as famílias que fugiram são todas da região de Santa Tereza. Os brasiguaios conseguiram alugar ônibus e atravessaram a fronteira, chegando em Itaquiraí, uma viagem de 420 quilômetros. Inicialmente, chegavam em pequenos grupos, mas, há pouco mais de um mês, o êxodo tomou grandes proporções. O acampamento Antônio Irmão, em que moravam pouco mais de 80 famílias de sem-terra, hoje tem cerca de 600 famílias. "A situação está degradante", diz a prefeita. Segundo ela, a Defesa Civil municipal está fazendo levantamento para que a prefeitura possa decretar situação de emergência e angariar recursos para as famílias. Emergencialmente, a administração contratou professores e abriu salas para que os filhos dos brasiguaios possam estudar. Com poucos banheiros no local, muitos usaram áreas de matagal, e o resultado foi a contaminação dos poços artesianos do acampamento. O chefe da missão diplomática do Paraguai no Brasil, Didier Olmedo, disse que a embaixada não recebeu comunicação oficial sobre a expulsão de brasileiros de fazendas do país. "País tem questões mais profundas do que luta com EPP" DA REDAÇÃO O professor José Rolon, doutor em ciências sociais pela USP que estuda a política do Paraguai, diz que o EPP é um bode expiatório da tentativa do governo Lugo de aplacar a pressão da elite do país. (GM) FOLHA - Qual é a importância do esquerdista EPP? JOSÉ APARECIDO ROLON - O que se sabe é muito pouco. Parece que o grupo age como os movimentos dos anos 60, com assaltos a banco e sequestros para levantar fundos. Nunca ficou comprovado vínculo com as Farc. Esse estado de exceção é muito delicado, perigoso. Demonstra a incapacidade do governo em lidar com uma questão que é de polícia, de investigação. Parece que o EPP é bode expiatório, há várias questões mais profundas. FOLHA - Quais objetivos o sr. vê no estado de exceção? ROLON - Qualquer governo paraguaio, quando chega ao poder, precisa lidar com as questões fronteiriças, particularmente com o Brasil, como Itaipu e brasiguaios. Uma envolve a soberania de vender a energia a preço de mercado ao Brasil e a terceiros. Outra data da ditadura, quando houve negociação das terras de fronteira. O que se percebe é que há dificuldade do governo em atender às reivindicações ouvindo os interesses brasileiros e da elite paraguaia. Parece, portanto, uma forma de aplacar os temores da elite. FOLHA - Entre as forças políticas, quem sai ganhando? ROLON - Difícil avaliar. Eu acho que uma situação desse tipo interessa mais a grupos conservadores. FOLHA - E como fica Lugo? ROLON - Lugo tem importância por romper com 60 anos de domínio colorado. Por outro lado, seu governo é frágil, fruto de várias alianças. Há problemas à direita e à esquerda. FOLHA - Há risco de golpe? ROLON - Isso nunca pode ser descartado totalmente. Mas não há clima. O governo Lugo, por exemplo, andou fazendo movimentações nas Forças Armadas que seriam impensáveis anos atrás. Jornal "Correio Braziliense" Caderno: Mundo Conflito provoca fuga para o Brasil Cidade fronteiriça no Mato Grosso do Sul recebe 800 famílias e pede estado de emergência Viviane Vaz A crise de segurança pública no Paraguai começa a afetar diretamente os brasiguaios — agricultores brasileiros radicados no país — e a repercutir em cidades fronteiriças do Mato Grosso do Sul. Brasileiros e descendentes que vivem no país vizinho estão voltando, assustados com a violência associada ao narcotráfico e à ação de um grupo armado esquerdista em campanha por reforma agrária. A prefeita de Itaquiraí, Sandra Cassone (PT), veio na segunda-feira a Brasília pedir que seja declarado "estado de emergência" na cidade, que tem 16 mil habitantes. "Ela deve retornar na semana que vem para obter uma resposta do governo federal", disse ao Correio, por telefone, o vice-prefeito, Aldo Farina. "Está chegando muita gente nos últimos dias. Já vieram 800 famílias e a previsão é de alcançar 1.200", completa Farina. As famílias estão acampadas perto da BR-163, sob cobertura de lona. Farina diz que a prefeitura está ajudando na medida do possível, mas observa que "a situação é complicada". "No mês passado, assentamos 1.234 famílias que vieram de outros municípios", ressaltou o vice-prefeito. "Agora, boa parte vem do Paraguai, mas não conseguimos mais suportar. Estamos preocupadíssimos: não há remédio e alimentos que suportem, falta tudo!" Zelmo de Brida, prefeito da vizinha Naviraí, diz que "não está percebendo" a chegada de mais famílias. "Nosso município não é o mais próximo do Paraguai", pondera. Para ele, a razão de as famílias irem para Itaquiraí pode estar ligada à política anterior de assentamentos. "Ali já tem muitos assentamentos do Movimento dos Sem Terra (MST), mas nós aqui não temos isso", disse. Brida acrescenta que, "de momento", não tem essa preocupação, nem planos para receber mais deslocados. A instalação de brasileiros com fazendas no norte do Paraguai criou um desafio para os governos dos dois países, nas últimas décadas. Na semana passada, a crise se agravou depois que o senador liberal Roberto Acevedo sofreu um atentado na cidade de Pedro Juan Caballero — os dois suspeitos detidos são os brasileiros Eduardo da Silva e Nevailton Cordeiro. Agentes da inteligência brasileira afirmaram ao Correio que não há indícios de que os acusados estejam ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), mas a narcotraficantes paraguaios. Cerca de 90% da maconha paraguaia é trazida ao Brasil, segundo a Polícia Federal. Pedro Juan Caballero se une ao município de Ponta Porã (MS), e os dois somam quase 200 mil habitantes. Na cidade paraguaia, um funcionário de uma casa de câmbio, que se identifica pela inicial R., conta que na quarta-feira chegaram 150 militares para reforçar o policiamento. "Eles estão examinando documentos das pessoas nas ruas do centro", disse à reportagem, por telefone. Apesar de denúncias de que algumas rádios locais estariam insuflando os ânimos da população contra os brasiguaios, R. considera que não há um clima de hostilidade. "Não é nada contra os brasileiros. As pessoas se sentem mais seguras com mais controle nas ruas", indica. Já os paraguaios que se dirigem ao Brasil não têm problemas para entrar em Ponta Porã. "Para nós está tudo normal", ressalta a brasileira A., que trabalha em um hotel na fronteira. Apesar da aparente normalidade, Ponta Porã receberá na próxima segunda-feira os presidentes Fernando Lugo e Luiz Inácio Lula da Silva, que tentarão estabelecer uma política comum de segurança fronteiriça e combate ao narcotráfico. "Esse assunto se impõe depois dos últimos acontecimentos violentos que tiveram como vítima o senador Robert Acevedo", indicou o ex-chanceler e atual assessor da Presidência paraguaia, Hamed Franco. Jornal da Câmara Caderno: Votação Relações Exteriores - Plenário aprova acordo sobre ensino de Português e Espanhol no Mercosul O Plenário aprovou ontem acordo que reconhece diplomas expedidos pelos países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) para o ensino de português e espanhol como línguas estrangeiras. O acordo poderá ser ratificado após a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo 2072/09, que será analisado em seguida pelo Senado. Brasileiros poderão ensinar português nos outros países, enquanto argentinos, uruguaios e paraguaios poderão ensinar espanhol no Brasil. O acordo estabelece que cada país deverá credenciar uma rede de instituições para a capacitação de professores com cursos de duração mínima de três anos ou 2,4 mil horas de estudo. O reconhecimento oficial do título garante que não haverá distinção entre professores de nacionalidades diferentes. Ou seja, não poderão ser exigidas de professores de outros países do Mercosul quaisquer requisitos para o exercício da docência que não sejam aqueles já exigidos para os cidadãos nacionais. Porém, estrangeiros deverão obedecer às regras gerais para trabalho dentro do Mercosul. O acordo também estabelece que o credenciamento para o ensino de português e espanhol como línguas estrangeiras não permite o ensino de qualquer outra disciplina. Jornal do Senado Caderno: Plenário Valter Pereira cobra segurança na fronteira Brasil-Paraguai Valter Pereira (PMDB-MS) cobrou do Executivo o anúncio de medidas de segurança mais eficazes na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Ele lembrou que o presidente Lula e o presidente daquele país, Fernando Lugo, têm uma reunião marcada em Ponta Porã (MS), na próxima segunda-feira. Para o senador, o episódio ocorrido no último dia 26 em Pedro Juan Caballero, na divisa com o Mato Grosso do Sul, quando o senador paraguaio Robert Acevedo sofreu um atentado, exige uma cooperação mais profunda entre os órgãos de segurança pública e as Forças Armadas dos dois países. Valter Pereira lembrou que diversos tiros foram disparados contra o carro do parlamentar, tido como inimigo do narcotráfico. Acevedo foi atingido por alguns disparos e recupera-se em um hospital. A Polícia Nacional do Paraguai já prendeu dois brasileiros acusados de participação no episódio, que causou a morte de um motorista e de um guarda-costa de Acevedo. Outros dois brasileiros também teriam sido detidos, sob suspeita de participação no crime. O senador disse ainda que a organização Exército do Povo Paraguaio tem tido como foco cidadãos brasileiros que vivem no Paraguai. Caderno: Relações Exteriores Reino Unido pode abrir portas da União Europeia ao Mercosul Para o diplomata Roberto Jaguaribe, além do aprofundamento das relações bilaterais, britânicos podem ter importante papel em acordo entre os dois blocos econômicos O governo brasileiro poderá ter um aliado poderoso na busca por um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, disse ontem o embaixador indicado para o Reino Unido, o diplomata Roberto Jaguaribe Gomes de Mattos. A mensagem presidencial contendo a sua indicação recebeu parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), que também aprovou os novos embaixadores brasileiros em Angola e no Equador. – O Reino Unido pode ser um parceiro importante para abrir as portas a um acordo entre os dois blocos – previu Jaguaribe, lembrando que os britânicos são "doadores líquidos" à política agrícola comum europeia e não se opõem, como outros países daquele continente, a uma maior abertura às exportações agrícolas dos países do Mercosul. Jaguaribe – cuja indicação teve como relator o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) – ressaltou a possibilidade de aprofundamento do que chamou de "relação bilateral ampliada" entre o Brasil e o Reino Unido. A relação ampliada inclui temas globais, como o meio ambiente e as mudanças climáticas, nos quais, a seu ver, o Brasil tornou-se um interlocutor importante. Jornal do Brasil Caderno: Internacional Lugo prorroga estado de exceção Tema da segurança na fronteira será priorizado em reunião entre Lula e homólogo na segunda-feira Evelyn Soares O clima de tensão na fronteira entre Brasil e Paraguai, agravado com o ataque ao sennador Robert Acevedo, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), culminou ontem com a expulsão de cerca de 1.600 brasiguaios (brasileiros estabelecidos em território paraguaio) de suas terras, no país vizinho. Cerca de 3 mil famílias estão acampadas às margens da rodovia BR-163, no município de Nairaí (MS), transformando a região em uma pequena cidade de lonas plásticas. De acordo com a prefeita, Sandra Cassone (PT), não é possível abrigar o contingente que aumentou nos últimos 10 dias. Os brasiguaios foram retirados à força de suas casas por grupos de homens armados que os obrigaram a abandonar suas lavouras. Em meio ao agravamento da violência no norte do Paraguai e à manutenção do estado de exceção na região, o presidente paraguaio, Fernando Lugo, se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima segundafeira, em Ponta Porã. Eles tentarão estabelecer uma política comum de segurança fronteiriça contra o narcotráfico. Na região ocorre a atuação conjunta da guerrilha paraguaia Exército do Povo Paraguaio (EPP), das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e da organização criminosa de São Paulo, Primeiro Comando da Capital (PCC). O ex-chanceler e atual assessor da Presidência paraguaia, Hamed Franco, ressaltou que as chancelarias dos dois países "estão ajustando" a agenda da reunião para priorizar a segurança. Segundo as autoridades, o tráfico de drogas aumentou nos últimos anos, a ponto de os chefes do narcotráfico terem ordenado o assassinato do senador Acevedo, que se tornou conhecido em seu país por denunciar a corrupção e o tráfico de drogas. Acevedo ficou ferido em um atentado realizado segunda-feira na cidade de Pedro Juan Caballero. Seu segurança e motorista morreram. A polícia ainda não tem pistas precisas sobre os mandantes do crime, mas quatro brasileiros forma presos, por suspeita de envolvimento. A continuidade do estado de exceção em cinco departamentos do país objetiva a captura de membros do EPP e dos demais grupos de criminosos ligados ao tráfico de drogas, roubos, sequestros, extorsões e assassinatos. As outras ações consistem em impedir a atuação dos criminosos nas demais áreas do país. Mas, de acordo com autoridades, é impossível reduzir os índices de criminalidade neste curto período em que vigora o estado de exceção. A longo prazo, melhorias na qualidade da educação, saúde, infraestrutura e apoio a agricultores são medidas que podem ajudar a restabelecer a ordem da região. Com agências Jornal "Valor Econômico" Caderno: Brasil Lula cobra definição sobre linha entre Itaipu e Assunção Obra foi prevista na revisão do tratado da hidrelétrica Paulo de Tarso Lyra, de Brasília O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se encontra segunda-feira com o presidente paraguaio Fernando Lugo, quer apresentar ao colega um conjunto de ações para beneficiar aquele país. Para isso, cobrou ontem de seus ministros a definição da engenharia financeira para garantir a construção da linha de transmissão Itaipu-Assunção, uma obra orçada em US$ 400 milhões, sem ônus para o governo paraguaio. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que a construção da linha de transmissão é, a curto prazo, o ponto mais importante incluído nos 31 itens da revisão do Tratado de Itaipu, estabelecido entre Brasil e Paraguai no ano passado. "Como pode um país como o Paraguai ser sócio em igualdade de condições da maior hidrelétrica do mundo e ter apagão? A linha de transmissão é a prioridade", disse o chanceler brasileiro. Assessores do governo presentes à reunião disseram ao Valor que Itaipu está com o projeto de construção da linha de transmissão pronto, faltando apenas a definição da fonte dos recursos e de como eles chegarão ao destino. Ficou decidido que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES ) não vai financiar essa obra. Representantes de Itaipu asseguraram ao presidente que, após a definição do modelo de financiamento, a empresa terá condições de publicar o edital. Pelas regras da empresa binacional, entre o edital e a licitação, o prazo máximo é de 90 dias. Lula pediu ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, um relato detalhado das investigações sobre o atentado ao senador paraguaio Robert Acevedo, ocorrida Pedro Juan Caballero, no Paraguai, que pode ter tido a participação de brasileiros ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Lula quis saber do ministro da Justiça como estavam as investigações feitas pelo Ministério da Justiça e pela Polícia Federal na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Preocupado com a violência na região, Lula decidiu levar o ministro da Justiça na comitiva que viaja a Ponta Porã na segunda-feira. Inicialmente, iriam apenas representantes dos ministérios de Minas e Energia, Relações Exteriores e Fazenda, além de técnicos do setor de energia. O presidente também pediu informações sobre a revisão da concessão de refúgio a três paraguaios suspeitos de envolvimento com o Exército do Povo Paraguaio (EPP). Barreto disse que o refúgio foi concedido por unanimidade pelo Conare, órgão do Ministério da Justiça que trata do tema, e que para a decisão ser tomada, seriam necessárias provas do envolvimento deles com o crime organizado. O governo brasileiro está preocupado com o Paraguai. A avaliação é que, além da situação de pobreza extrema, o presidente Lugo passa por um momento de fragilidade política. Mesmo tendo colocado recentemente entre 20 mil e 30 mil defensores nas ruas, o líder paraguaio enfrenta uma oposição acirrada no Congresso e críticas pelo aumento dos sequestros no país. Para piorar, o atentado contra o senador Acevedo aconteceu em uma cidade que está sob regime de exceção implementada pelo governo federal, o que desmonta o discurso de que medida daria mais segurança para a população. Jornal "O Estado de S.Paulo" Caderno: Internacional Brasil avalia doação de aviões ao Paraguai Comissão do Senado aprova proposta em meio a crise de segurança na fronteira João Naves de Oliveira com Reuters, Efe e Afp CAMPO GRANDE Uma comissão do Senado brasileiro aprovou ontem a doação de três aviões militares para o Paraguai como parte de um acordo de cooperação militar. A doação é feita em meio a uma megaoperação no Paraguai de combate a grupos de narcotraficantes que atuam na fronteira com o Brasil. Na segunda-feira, o senador paraguaio Robert Acevedo foi ferido num atentado atribuído por investigadores paraguaios à facção criminosa brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC). A doação brasileira, sugerida pelo senador Romeu Tuma, ainda deve ser votada em plenário no Senado para ser levada para a Câmara dos Deputados. Os três aviões Embraer T-27 Tucanos servem para treinamento militar e já foram vendidos para vários países latino-americanos. Não foi anunciado se os aviões doados seriam novos. Armados com fuzis e usando uniformes de camuflagem, soldados do Exército paraguaio assumiram ontem o patrulhamento das ruas de Pedro Juan Caballero, cidade que, desde segunda-feira, converteu-se no epicentro de uma das maiores operações de combate aos grupos narcotraficantes que atuam na fronteira entre o Paraguai e o Brasil. Ontem, Acevedo, que foi ferido no braço e na cabeça, deixou o hospital dizendo estar seguro de que sofrerá novos ataques. Ele insiste que o PCC é o responsável pelo atentado. "Meu trabalho contra o narcotráfico causou enormes prejuízos para os narcotraficantes, principalmente nos últimos dois anos quando grandes criminosos foram presos e quadrilhas desbaratadas", afirmou Acevedo ao Estado. "Esse foi o motivo do atentado." A região de Amambay, cuja capital é Pedro Juan Caballero, está sob estado de exceção desde o fim de semana, juntamente com outros quatro departamentos: Alto Paraguay, Presidente Hayes, San Pedro e Concepción, todos na região centro-norte do país. A medida foi declarada inicialmente para que as forças de segurança paraguaias tivessem mais poder para combater a guerrilha Exército do Povo Paraguaio (EPP), que recentemente matou quatro pessoas em um ataque contra uma fazenda em Concepción. O regime vigorará por 30 dias, período durante o qual liberdades constitucionais ? como as de associação e de livre circulação ? estarão suprimidas. O Exército também pode realizar detenções de suspeitos sem mandato de busca. Com o estado de exceção, o presidente Fernando Lugo espera dar uma resposta aos setores que o acusam de incapacidade para enfrentar a insegurança e de ter mantido contato com líderes do EPP, quando era bispo em San Pedro. O EPP é acusado pela Justiça local de tráfico de drogas, vários sequestros e de manter ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Impostos. Ontem, o governo Lugo sofreu o segundo revés em sua estratégia de combate à criminalidade. O Senado adiou por mais três anos a entrada em vigor de um imposto de renda sobre pessoa física que, de acordo com o ministro da Economia, Dionisio Borba, aumentaria em US$ 30 milhões anuais a receita para a segurança pública. "Não somos contra o imposto, mas não aceitamos que ele seja controlado pelo governo de turno. Queremos uma administração clara. Não confiamos nessa gente não idônea", disse o senador oposicionista José Boveda, dando sinais de que o discurso de união contra o crime organizado pode não produzir o efeito esperado pelo governo. A primeira derrota de Lugo ocorreu ainda no fim de semana, quando o Congresso aprovou o período de 30 dias para o estado de exceção, contrariando o apelo governista por pelo menos 60 dias. Política comum. Lugo se encontrará com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no dia 3, em Ponta Porã. Segundo fontes dos governo paraguaio, um dos objetivos da reunião é criar uma política comum de segurança fronteiriça contra o narcotráfico. "Esse tema se impôs depois do ataque violento que teve como alvo o senador Acevedo", afirmou o ex-chanceler do Paraguai e atual assessor presidencial, Hamed Franco. Lula não cumprirá acordo no setor energético País não poderá financiar os US$ 450 milhões para a construção de uma linha de transmissão que liga Itaipu a Assunção Denise Chrispim Marin, Tânia Monteiro BRASÍLIA Nove meses depois de ter prometido ao Paraguai três concessões na área de energia elétrica, como forma de reforçar seu apoio político ao governo de Fernando Lugo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca na segunda-feira em Ponta Porã (MS), fronteira entre os dois países, sem condições de entregar sua principal promessa - a instalação das linhas de transmissão entre Itaipu e Assunção, obra orçada em US$ 450 milhões, sem ônus para o país vizinho. Diante da impossibilidade, Lula tentará convencer Lugo a buscar financiamento no Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem). Ontem, o presidente convocou dois ministros, o de Relações Exteriores, Celso Amorim, e o de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, além do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, e de um representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Lula também chamou o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, para tratar da situação de violência na fronteira e do pedido do governo paraguaio de revogação do refúgio concedido pelo Brasil a três de seus cidadãos suspeitos de ligação com o grupo armado Exército do Povo Paraguaio (EPP). "A questão mais importante, no curto prazo, é a linha de transmissão, que foi uma preocupação brasileira desde o início", afirmou Amorim, ao final da reunião. "A linha agora é prioridade deles (paraguaios) também. Estamos chegando a uma conclusão de como fazer, mas ainda há detalhes técnicos." Os "detalhes técnicos", na verdade, dizem respeito à impossibilidade de o Tesouro Nacional arcar com os custos da obra sem o aval do Congresso Nacional, que teria de aprovar um projeto de lei sobre o tema. Por ordem de Lula, que rejeitou as ponderações do Itamaraty e do Ministério de Minas e Energia, o acordo firmado em julho passado previu a instalação da linha "sem ônus" para o Paraguai. Nos meses seguintes, o governo brasileiro constatou que seria impossível aprovar a lei em período pré-eleitoral. Também se deu conta que a usina de Itaipu não poderia tocar a obra sem provocar aumento nos preços da energia enviada ao Brasil. Das outras duas promessas incluídas no acordo de julho, a venda da parcela de energia paraguaia produzida em Itaipu ao Brasil foi esquecida pelo próprio governo Lugo, que constatou que o preço fixo acertado com a Eletrobras é mais vantajoso. O aumento do valor adicional pago pelo Brasil pela energia paraguaia, de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões ao ano, foi a terceira promessa, que continua em tramitação no Congresso. Jornal "O Globo" Opinião Ligações explosivas no Paraguai Os últimos acontecimentos no Paraguai levaram os presidentes Lula e Fernando Lugo a marcarem uma reunião para segunda-feira, em Ponta Porã, com o objetivo de anunciar medidas diante do clima de insegurança na fronteira comum, que se estende por 800 quilômetros e é precariamente policiada. Florescem ali o tráfico de drogas e o de armas. O que se tem no lado paraguaio é um coquetel explosivo onde entram ataques do obscuro grupo guerrilheiro Exército do Povo Paraguaio (EPP), com ligações com a narcoguerrilha colombiana Farc, e a suposta participação de pistoleiros brasileiros no atentado contra o senador Robert Acevedo, na cidade de Pedro Juan Caballero. Eles estariam a soldo de narcotraficantes ligados à maior facção criminosa de São Paulo. O ministro do Interior do Paraguai, Rafael Filizzola, disse ao GLOBO: — Não dá para pensar que o tráfico transnacional opera de forma solitária no Paraguai. Há forte vinculação das Farc com o EPP e, consequentemente, vinculação da organização criminosa brasileira com a guerrilha. Temos um problema de crime organizado regional com foco transnacional. Lula também deverá tratar com Lugo da situação de três integrantes do EPP a quem o Brasil recebeu como refugiados em 2004, e cuja extradição é pedida pelo governo do Paraguai. Depois de uma série de crimes do EPP — atentados a bomba, sequestros de fazendeiros e assassinato de policiais —, o presidente Lugo tomou a polêmica decisão de decretar estado de exceção em cinco departamentos (estados) do centro-norte do país e de enviar para lá 1 mil policiais e militares para dar caça aos integrantes do EPP, que seriam entre 50 e 100 militantes. Três dos cinco estados fazem fronteira com o Brasil e em toda a região vivem 300 mil brasiguaios, responsáveis por 80% da economia local, com o cultivo e a exportação de soja. Por tudo isso, a situação exige cuidadoso acompanhamento do governo brasileiro. Os dois países têm muitos interesses em comum, a começar pela hidrelétrica de Itaipu, mas também muitas preocupações, como a segurança dos brasiguaios, a situação na Tríplice Fronteira, o contrabando em Ciudad del Leste, o comércio no de carros roubados no Brasil, o tráfico de drogas e armas etc. O presidente Lugo, além de uma série de problemas de ordem pessoal, tem frágil sustentação política e popularidade em queda. Suas tendências esquerdistas o tornam simpático a Hugo Chávez. Que isto não sirva de pretexto para a diplomacia brasileira recair no "companheirismo ideológico" do Itamaraty do B. Junto à fronteira do Brasil, o coquetel paraguaio — com ingredientes como narcotráfico, EPP, facção criminosa de São Paulo e contrabando — poderá produzir efeitos graves na segurança pública de grandes cidades do Sudeste do país. O que interessa ao Brasil é uma atuação firme do governo federal junto às autoridades paraguaias para reprimir ações criminosas e terroristas na fronteira comum. É indispensável, ainda, maior coordenação com a agência antidrogas dos EUA (DEA) para aumentar a eficiência do trabalho. Ação coordenada com polícia paraguaia e DEA é vital para deter narcoguerrilha Caderno: Mundo Paraguai pressiona Lula para reforçar fronteira Senadores exigirão de presidente medidas duras para combater tráfico Flávio Freire*, Jailton de Carvalho e Luiza Damé *Enviado especial PEDRO JUAN CABALLERO, Paraguai, e BRASÍLIA Ao chegar ao Paraguai para a inauguração de uma fábrica brasileira em Pedro Juan Caballero, na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofrerá forte pressão dos parlamentares daquele país para reforçar a presença de militares na fronteira, onde uma avenida, sem qualquer vigilância, divide a cidade paraguaia de Ponta Porã, no lado brasileiro. Vítima de um atentado no início da semana, o senador Robert Acevedo deixou ontem o hospital e começou a procurar colegas de Senado para que, juntos, elaborem documento no qual exigirão medidas mais duras por parte do Brasil no combate ao tráfico de drogas naquela área. — Precisamos de medidas mais duras por parte do Brasil, de mais militares na fronteira — disse Acevedo. — O que está acontecendo aqui no Paraguai é que os narcotraficantes estão se organizando em consórcios. Eles acertam até os valores para liquidar uma pessoa. Segundo informações apuradas pelo senador, matadores de aluguel receberiam US$ 300 mil por sua morte. Os criminosos acertaram 32 tiros no carro do parlamentar. O segurança e o motorista que estavam com ele foram mortos e Acevedo foi atingido no braço de raspão. A suspeita recai sobre um grupo de criminosos que incluiria brasileiros. A pedido do governo paraguaio, a PF está ajudando nas investigações. As informações sobre o andamento do caso, no entanto, são desencontradas. Segundo a polícia paraguaia, quatro brasileiros foram detidos desde o início da semana sob suspeita de envolvimento com tráfico. A polícia investiga se dois deles, que têm antecedentes criminais, teriam, de fato, responsabilidade sobre o atentado. Além disso, Daniel dos Santos e Josué dos Santos, presos anteontem quando entravam no país sem documentos, também foram levados para o presídio. Já a PF afirma ter recebido informações de que seis brasileiros foram presos por suspeita de envolvimento no atentado. Levantamento do serviço de inteligência mostra que os seis já tiveram problemas com a polícia brasileira por tráfico de drogas e furto de carros, entre outros crimes. Segundo as autoridades brasileiras, a polícia local indica que os detidos mantinham estreitos vínculos com grupos envolvidos com o narcotráfico na fronteira. Um relatório confidencial sobre as investigações envolvendo brasileiros deverá ser encaminhado a Lula. Ontem, o presidente comandou reunião preparatória do encontro. — (Violência) também é um tema importante. Vai ser discutido. Tanto que o ministro da Justiça estava aqui (na reunião) — disse o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. Armamento de policiais perde para o do tráfico Nas redondezas de Pedro Juan Caballero estariam grandes plantações de boa parte da maconha que é exportada para o mercado brasileiro da droga. O governo do Paraguai colocou parte do país em estado de exceção por 30 dias, numa estratégia para tentar diminuir o poder de fogo dos guerrilheiros do Exército do Povo Paraguaio (EPP). Em princípio, acreditava-se que o grupo estaria por trás do ataque ao senador, mas a polícia trabalha agora com a hipótese de que o parlamentar foi vítima da ação dos narcotraficantes descontentes com a atuação de Acevedo contra o comércio ilegal de drogas. Além da falta de fiscalização na fronteira, também é preocupante o fraco aparato policial naquela área. O delegado regional de Ponta Porã, Claudineis Galinari, disse ontem ao GLOBO que os policiais brasileiros têm dificuldade para enfrentar os narcotraficantes, que usam armamento mais pesado. Ele também afirmo que seria necessário reforçar o efetivo com pelo mais 20 homens. Atualmente, 116 policiais, em regime de turnos, são responsáveis pelo policiamento de toda a área. — Nós não temos fuzil, por exemplo, só calibre 12 e A-40. Além disso, em alguns pontos da fronteiras chega-se a ter sete pequenas estradas, então é impossível fazer a segurança e evitar o transporte de drogas de um país para o outro — disse ele. No fim da tarde de ontem, o Exército tomou conta das ruas centrais de Pedro Juan Caballero. Cerca de 200 homens paravam todos os carros e motos, exigiam que o motorista deixasse o veículo e conferiam documentação. Foragida da Justiça paraguaia, uma mulher que seguia com a filha no carro foi presa durante a operação. Com autorização do governo brasileiro, a PF já ajudou nas investigações de um sequestro supostamente patrocinado por guerrilheiros do EPP, no final do ano passado. — A Polícia Federal vai ajudar no que for necessário, mas sempre tendo em vista a soberania do Paraguai — resumiu uma das autoridades brasileiras que está acompanhando de perto as investigações sobre a tentativa de assassinato do senador Acevedo Jornais dos Países Membros do Mercosul Paraguay "ABC" Sección: Política Seguridad fronteriza, tema de Lula y Lugo ASUNCION (ANSA). Los presidentes Fernando Lugo, de Paraguay, y Luiz Lula da Silva, de Brasil, hablarán el lunes sobre la seguridad fronteriza, en una reunión a realizarse en la ciudad limítrofe brasileña de Ponta Porã. Este tema fue calificado hoy como "muy importante" por el asesor en asuntos internacionales de la Presidencia, Alejandro Hamed Franco. Esto se debe a los últimos acontecimientos violentos relacionados con la delincuencia, el último de ellos un ataque a tiros contra el senador nacional Roberto Acevedo (del Partido liberal). Este hecho ocurrió en Pedro Juan Caballero, frente a Ponta Porã, de donde es oriundo el legislador, quien atribuyó el ataque a narcotraficantes. "Este es un asunto que hace tiempo teníamos que hincarle el diente para ver cómo podemos ir mejorando la situación fronteriza", expresó Hamed Franco. Calificó como "frontera caliente" a la parte en que justamente se reunirán Lugo y Lula, debido a hechos violentos relacionados con el narcotráfico, el contrabando y otros delitos. Citó la necesidad de mejorar sobre todo los controles. Sobre otros posibles temas a tratar entre los dos presidentes, Hamed Franco citó el intercambio comercial, la cuestión de Unasur, que se reunirá el martes en Buenos Aires, y "un vistazo" a la situación internacional, concluye el despacho internacional. Agenda Lula: Arrom Un despacho noticioso de ANSA, del miércoles 28, procedente de Brasilia, informó que el presidente Lula tratará también con Lugo sobre la situación de los paraguayos Juan Arrom, Anuncio Martí y Víctor Colmán, quienes son prófugos de la justicia paraguaya por un caso de secuestro en el año 2001 de María Edith Bordón de Debernardi. Los tres compatriotas gozan de refugio político en el vecino país. El Gobierno paraguayo planteó en varias oportunidades el levantamiento del refugio, pero hasta el momento no hay respuesta. "La Nacion" Sección: Mundo Uruguay dejó hacia el lado argentino "la pelota" sobre corte de frontera Una nueva reunión entre Cristina de Kirchner y José Mujica quedó fijada para junio próximo. Montevideo. Uruguay. AFP.- A la hora de levantar el corte de frontera que desde 2006 mantienen pobladores argentinos en protesta contra una fábrica de celulosa ubicada sobre un río limítrofe "la pelota" está del lado de Argentina, afirmó la Cancillería uruguaya, que confirmó para junio la próxima cumbre entre ambos presidentes. A 24 horas de la reunión que sostuvieron en Buenos Aires los mandatarios de Argentina, Cristina Kirchner, y de Uruguay, José Mujica, y a cinco días de la elección del secretario general de la Unión de Naciones Sudamericanas (Unasur), considerada estratégica en las negociaciones bilaterales, ambos gobiernos esperan señales que permitan zanjar definitivamente el dilatado conflicto. "La pelota está del otro lado, en términos tenísticos", subrayó el canciller uruguayo Luis Almagro en entrevista con radio Carve. "No vamos a pedirle a Argentina lo que no nos puede dar", y pese a que el levantamiento del bloqueo fronterizo "es prioritario" para Uruguay, "entendemos que forma parte de un proceso gradual que tiene que ir articulando algunas variables para alcanzar un resultado favorable", explicó Almagro. BLOQUEO DE PUENTE El principal paso de frontera entre ambos países, un puente sobre el río Uruguay que une a la ciudad argentina de Gualeguaychú con la uruguaya Fray Bentos, permanece vedado al tránsito desde el 20 de noviembre de 2006. Quienes bloquean el puente protestan así contra la presencia de una planta de celulosa de la empresa finlandesa UPM (ex Botnia) en la ribera uruguaya del río, alegando que la misma contamina. La Corte Internacional de Justicia de La Haya, dictaminó el pasado 20 de abril que Uruguay no informó debidamente a su vecino sobre la construcción de la pastera, al tiempo que rechazó la demanda de Argentina de desmantelar y relocalizar la usina al señalar que no había pruebas de que contamine. El Estatuto del río Uruguay, de 1975, establece el compromiso de ambos países de preservar la calidad de las aguas y de informar recíprocamente cualquier emprendimiento industrial en sus orillas que pudiera poner en peligro ese objetivo. La máxima instancia judicial de la ONU no se pronunció en cambio sobre el bloqueo al tránsito sobre el puente binacional. Muchos apoyarán a Kirchner en Unasur Ex presidente argentino es el único candidato para el cargo que se proclamará el martes. Quito. Ecuador. AFP.- El ex presidente argentino Néstor Kirchner cuenta con un amplio apoyo para ser proclamado secretario general de la Unasur durante la cumbre del organismo el próximo martes en Buenos Aires, señaló ayer el canciller ecuatoriano, Ricardo Patiño. "Conocemos hasta ahora que solamente existe esa candidatura que es la del ex presidente argentino Néstor Kirchner, y que hay muchos presidentes que están dispuestos a respaldar" su postulación, dijo Patiño, cuyo país ejerce la presidencia temporaria de la Unión Suramericana de Naciones (Unasur). El canciller observó, no obstante, que durante la cita presidencial "pudiera ser que (...) cualquier otra cuestión sea planteada". Indicó que algunos mandatarios "han conversado entre ellos" sobre la posibilidad de elegir al esposo de la gobernante argentina, Cristina Fernández, en tanto Quito realiza consultas sin que ello signifique que esté en "campaña" a favor del ex presidente. Uruguay "El Pais" Sección: Política Nacional Lula llega el martes para reunirse con Mujica El presidente de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, el político más influyente del mundo según la revista Time, vendrá a Uruguay el martes. Lula arribará en las primeras horas de la tarde, proveniente de Argentina, donde participará de la cumbre de presidentes de la Unasur. El presidente José Mujica lo recibirá en la residencia de Suárez. "La Republica" Sección: Política Uruguay se abstendrá de votar al secretario general de la Unasur. Se vota el martes. Considerará que el conglomerado no tiene existencia jurídica; sólo 4 estados ratificaron el tratado La Unasur no existe jurídicamente ya que la mayoría de los países que la integran no han ratificado su adhesión, como es el caso de Uruguay que no votará el martes 4 en la cumbre de mandatarios al candidato que se proponga para presidir el organismo continental aduciendo cuestiones legales. Uruguay se abstendrá de votar al secretario general de la Unasur el próximo martes por la mañana en la ciudad de Buenos Aires, lugar y día donde se desarrollará la cumbre presidencial del virtual organismo continental. Los argumentos que planteará nuestro país son varios para mantener esa posición de abstención y todos están ligados al hecho de que la Unasur, jurídicamente, es aún inexistente. Un alto vocero de la cancillería señaló anoche a LA REPÚBLICA que Uruguay se basará en aspectos jurídicos para no pronunciarse sobre el punto referido a la elección del secretario general de la Unasur. El artículo 26 del Tratado de creación del organismo continental dice que "el presente tratado constitutivo de la Unasur entrará en vigor 30 días después de la fecha de recepción del noveno instrumento de ratificación". Hasta hoy día son sólo 4 de los 12 países del continente que han ratificado su integración a la Unasur: Ecuador, Venezuela, Guyana y Surinam, aunque para su funcionamiento legal y jurídico, sólo sería necesaria la ratificación de 9 de las 12 naciones latinoamericanas. Ni siquiera el Congreso de Argentina, quien ha sido hasta ahora el único país que ha propuesto al ex presidente Néstor Kirchner como candidato a ocupar el cargo de secretario general del organismo, ha ratificado su ingreso. Y por ello, hasta ahora sólo cuatro sobre doce Estados firmantes ratificaron el Tratado, que, por lo tanto y analizado desde el ángulo jurídico, no puede entrar en vigencia. El canciller Luis Almagro sentenció en las últimas horas que Uruguay no tiene definido el voto por el secretario general del organismo. Unos días antes señaló que "no podemos adelantar si va o no va a haber veto porque primero tenemos que conocer bien los candidatos y la realidad de la próxima votación, y así, en función de ello, tomaremos las decisiones pertinentes", sostuvo el diplomático. En la reunión, mantenida el pasado miércoles entre los presidentes José Mujica y Cristina Fernández de Kirchner el tema de la candidatura de la Unasur no estuvo sobre la mesa, aunque se sobrevoló la importancia de ratificar la integración de la entidad continental. Uruguay no se pronunciará sobre el voto del secretario general hasta tanto no haya jurídicamente una conformación del organismo continental y, por supuesto, no se presenten los candidatos. Además de Uruguay y Argentina, Brasil y Colombia tampoco han ratificado su integración al proyecto y no parecen estar apurados por firmarlo. Incluso Brasil y otras naciones que no han suscrito el Tratado, como Uruguay, podrían optar por esperar que Luis Inacio Lula da Silva deje la presidencia a fines de este año, para ofrecerle el cargo que hasta el momento sólo el nombre de Néstor Kirchner ha sido puesto sobre la mesa. La candidatura del ex presidente argentino ha recogido sólo los votos de Venezuela, Ecuador, Surinam, Guyana, Bolivia y Chile. La mitad de los 12 países que conformarían la Unasur. Colombia, a través de su canciller Jaime Bermúdez dijo que "todavía no hay una propuesta oficial formal sobre los candidatos a presidir el organismo y Colombia ha dicho qute lo importante es que haya consenso pleno, que las dificultades que Argentina tiene en este momento con Uruguay se puedan resolver de manera definitiva". "Si eso se da, nosotros por supuesto apoyamos esa posibilidad", prometió el ministro de Relaciones Exteriores de Colombia. "El Observador" Opinión El cuestionado voto a Kirchner. HECHO DEL DÍA Los dos principales diarios argentinos adelantaron ayer que Uruguay aprobará la designación de Néstor Kirchner como secretario general de la Unasur, a cambio de un eventual y todavía indefinido levantamiento del bloqueo fronterizo por los piqueteros de Entre Ríos. El columnista de La Nación, Carlos Pagni, aseguró que "cuando el 4 de mayo se reúnan los presidentes de Unasur, Mujica votará por Kirchner como secretario general de esa liga. Removido el veto oriental, Kirchner conseguirá la plataforma desde la cual piensa llevar adelante su campaña presidencial hacia (las elecciones de) 2011". Por su parte, Clarín informó que se trata de un trueque para desatar el nudo principal del conflicto que ha deteriorado las relaciones rioplatenses, como comentamos en nuestro editorial en esta página. Dijo Clarín que una de las "excusas" que podría presentar el gobierno Kirchner para levantar el corte piquetero estaría basada en los juicios iniciados por privados ante tribunales argentinos contra la ilegalidad del bloqueo, que viola la propia Constitución del país. Agregó el diario que Uruguay "también podría hacer su aporte para que el gobierno argentino encare con mayores bríos el tema", ya que vería "como un buen gesto que Uruguay vote finalmente a Kirchner a la secretaría general de la Unasur". Esta perspectiva provocó aquí reacciones adversas del Partido Colorado. Su líder Pedro Bordaberry sostuvo que "si el voto es a cambio de que nos levanten un corte ilegal de un puente, entonces la próxima vez nos cortan otro puente y nos piden que hagamos otra cosa. El derecho internacional se transformaría en el derecho del más fuerte". Otros dirigentes opositores advirtieron que una confirmación de la aprobación uruguaya a cambio del levantamiento del bloqueo "puede estar marcando el fin del consenso" que ha existido hasta ahora en el respaldo opositor a la actuación del gobierno en este campo. Sección: Actualidad Uruguay levanta veto a Kirchner para Unasur pero no lo vota. EL MANDATARIO TRANSMITIÓ A SUS SENADORES QUE NO HAY CONDICIONES PARA APOYAR AL EX MANDATARIO ARGENTINO El jefe de Estado adelantó que la decisión final será personal y que se hará responsable. Los parlamentarios de izquierda adelantaron su respaldo a la estrategia del presidente POR PABLO SOLARI DE LA REDACCIÓN DE EL OBSERVADOR El presidente José Mujica transmitió ayer a la bancada de senadores que no hay condiciones para votar la candidatura del ex presidente argentino Néstor Kirchner a la secretaría general de la Unión de Naciones Suramericanas (Unasur), pero que no le cerrará el paso, dijeron a El Observador participantes de la reunión. La posición uruguaya se traduce en la siguente definición: no habrá voto ni veto a Kirchner, quien someterá su candidatura a la primera prueba formal de apoyo el martes 4 en Buenos Aires. La flamante Unasur ha sido ratificada solo por cuatro países. Uruguay aún no lo ha hecho. El presidente les dijo a los senadores que, según el estado de la opinión pública uruguaya, "no hay condiciones" para votar al ex mandatario, dijeron las fuentes. Sin embargo resaltó que si una mayoría de países decide llevarlo a la secretaría general de la Unasur, el gobierno uruguayo no va a cerrarle el paso. Uruguay también quiere algún gesto de Argentina. Cierran filas. Los senadores cerraron filas en torno al primer mandatario y le dijeron que lo respaldarán, sea cual sea su decisión. El presidente decidió consultar a todos los actores políticos de relevancia sobre el eventual levantamiento del veto a Kirchner decidido por su antecesor, Tabaré Vázquez, pero aclaró que la resolución final será de su absoluta responsabilidad. "Yo soy el responsable de tomar la decisión, por más que he decidido escuchar a todo el mundo", dijo Mujica ayer a los senadores. El presidente aclaró que ni siquiera el canciller Luis Almagro será el responsable. Solo él. "En esto hay que frotarse mucho la cabeza", expresó Mujica al explicar que la situación no es fácil. Mujica explicó que con el gobierno de Argentina se comenzó a transitar un "camino de distensión", y que por eso no puede presionar a la presidenta Cristina Fernández para que levante el bloqueo del puente internacional de Fray Bentos. El presidente dijo a sus senadores que ahora no pedirá nada a Argentina que su gobierno no pueda cumplir. Advirtió que para la Casa Rosada el levantamiento del corte es muy difícil. Gestos varios. Mujica expresó entonces que en ese camino de distensión resultan clave los "gestos mutuos" que puedan brindar ambos gobiernos. Para los senadores del FA quedó claro que es muy difícil sostener el veto al ex presidente argentino dada la situación actual, donde todos los temas de la agenda bilateral –salvo el corte del puente– comenzaron a solucionarse desde que Mujica asumió la Presidencia debido a la buena sintonía que hay ahora con el gobierno argentino. El factor Vázquez. En este sentido se expresó en las últimas horas el canciller Almagro, al señalar cómo se avanzó en el dragado del canal Martín García, en la importación de gas boliviano a través de Argentina y en el fin de los problemas comerciales que había desde hace un par de años. Mujica dijo que en su decisión sobre la Unasur "pesan" varios factores, entre ellos la negativa del ex presidente Vázquez a votar a Kirchner. En ese sentido, allegados a Vázquez dijeron a El Observador que para el ex presidente Mujica tiene derecho a adoptar la decisión que entienda necesaria. Las fuentes se limitaron a recordar que Vázquez adoptó otro camino y decidió no negociar con los puentes cortados ni votar a Kirchner para la Unasur. Oposición a Kirchner. Si bien buena parte de la probable resolución del conflicto por la pastera Botnia gira en torno al voto de Uruguay para la nominación de Néstor Kirchner para la Presidencia de la Unasur, lo cierto es que el Congreso argentino aún no ratificó el Tratado de constitución de la Unión de Naciones Sudamericanas. Y los primeros sondeos que realizó El Observador marcan una clara desventaja para el oficialismo en la votación. En setiembre de 2008 el gobierno que entonces lideraba Néstor Kirchner envió al Congreso el tratado de constitución de la Unasur para su ratificación parlamentaria, trámite formal requerido para el ingreso de cada país miembro. Tres meses después, el 17 de diciembre de ese año, el Senado le dio media sanción y lo giró a la Cámara de Diputados. Sin embargo, este cuerpo aún no se expidió, por lo tanto el tratado todavía no es ley. Tras dos años de cómoda mayoría en la Cámara Alta, el kirchnerismo planchó la votación, que ahora debe apurar en momentos donde es clara minoría. La Coalición Cívica, por ejemplo, está decidida a entorpecer su camino. El diputado Fernando Iglesias mostró a El Observador el proyecto de declaración que presentará para expresar el rechazo a que Kirchner sea el secretario general de la Unasur. "En 2004, siendo presidente de la Nación, rechazó la conformación del bloque, demostrando desinterés por la integración regional", fundamentó. La estructura de la Unasur Integrantes. Argentina, Bolivia, Brasil, Colombia, Chile, Ecuador, Guyana, Paraguay, Perú, Suriname, Uruguay y Venezuela. Ratificación. Los únicos países que ya ratificaron el acuerdo para la constitución de la Unasur son Bolivia, Venezuela y Ecuador. Organismos. La flamante organización está estructurada con los siguientes núcleos directrices: El Consejo de Jefas y Jefes de Estado y de Gobierno; el Consejo de Ministras y Ministros de Relaciones Exteriores; el Consejo de Delegadas y Delegados y la Secretaría General. Burocracia. Podrán convocarse y conformarse reuniones ministeriales sectoriales, consejos de nivel ministerial, grupos de trabajo y otras instancias institucionales que se requieran, de naturaleza permanente o temporal, para dar cumplimiento a los mandatos y recomendaciones de los órganos competentes Los cargos de mayor importancia Rotación. La Presidencia Pro Tempore de Unasur será ejercida sucesivamente por cada uno de los estados miembros, en orden alfabético, por períodos anuales. Elección. El secretario general será designado por el Consejo de Jefas y Jefes de Estado y de Gobierno a propuesta del Consejo de Ministras y Ministros de Relaciones Exteriores, por un período de dos años, renovable por una sola vez. El secretario general no podrá ser sucedido por una persona de la misma nacionalidad. Unanimidad. Aunque el acta constitutiva de la Unasur no exige unanimidad para la designación del secretario general, versiones argentinas señalan que existe el ánimo de que el candidato sea elegido por consenso. Sede. La sede de la Unasur se instalará en Quito, donde funcionará la oficina del secretario general, quien ejercerá la representación de la organización en sus actividades cotidianas.

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